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A mercantilização do conhecimento
10 de Agosto de 2010, às 09:00
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Por José Ronaldo
Graduado em Pedagogia / Especialista em Educação - UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina)

Desde minha vida colegial na cidade de Iguaí e, posteriormente, a minha inserção no mundo acadêmico, venho refletindo sobre os processos de sucateamento da educação e de como este direito ontológico das pessoas vem sendo diminuído em sua essência na sociedade. Acreditava também que, naquele momento, pessoas que passariam por instituições particulares seriam mais críticas em relação às condições sociais e ao futuro, já que muito dinheiro teria sido investido em sua formação. E vários concordaram comigo nessa reflexão. Passados quase dez anos, não é bem isso que estou vendo. Vejo apenas um processo cruel de diminuição do sentido da escola enquanto estrutura de formação pedagógica e, mais que isso: espaço de discussão dos problemas da vida, está sendo esvaziada em prol dos interesses do capital.

No Brasil atual, muitas coisas merecem ser ditas quando o assunto é educação. Um dado curioso é que em qualquer esquina se encontra espaços que já são considerados universidades,ou escolas, sem qualquer especificidade para tal ofício. Sem dúvida, estamos na era da venda explícita do conhecimento a todo preço e quem menos pode oferecer, vende este a preço de banana. Na lógica atual, este conhecimento, além de ser uma dádiva de poucos, passa ser um produto comercial que, futuramente, terá espaço até mesmo na bolsa de valores.

Por outro lado, este conhecimento que é expropriado das massas populares, afastando-as do mundo do trabalho, principalmente, vem sendo tecnicamente diminuído por uma pedagogia ignorante e burguesa que a todo custo dicotomiza o ato de pensar do ato de fazer cotidiano. Estamos em um momento de total desarticulação de classes, competitividade na hora e da forma errada, falta de criticidade, desemprego, remuneração baixa e sem critérios. Alguns dos reflexos já sentidos no nosso dia a dia.

A ênfase nos efeitos, com total falta de cooperação entre os indivíduos, vem formando profissionais cada vez mais técnicos e reprodutores desse aprendizado igualmente mecanizado, baseado em números. Profissionais que se submetem a salários mais baixos, mesmo após tanto investimento, já que a lei da oferta e da procura toma proporções até então não imaginadas.

Certamente e falsamente, a máquina e a robotização das coisas regula os processos de produção da dignidade humana, sendo que, para isso, a educação presta o amargo papel de emburrecimento das consciências e mentes através de controle e de programas estratégicos. É o tempo do salve-se quem puder, sendo a natureza humana marcada pela disputa constante pela sobrevivência. Não existe mais a livre escolha, existem escolhas.

A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma “imensa coleção de mercadorias” e a mercadoria individual como sua forma elementar. Nossa investigação começa, portanto, com a análise da “mercadoria.” A “mercadoria” é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa, a qual pelas suas propriedades satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. A natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa. Desta forma, a educação, assim como outra e qualquer mercadoria, passou a ter um preço de mercado e, mais que isso, está sendo negado este direito na sua essência, pois estamos em um processo de precarização do conhecimento.

Não existe igualdade sem liberdade. Desta forma, temos que nos perguntar, a cada dia, que tipo de conhecimento necessita a classe trabalhadora, que escola, dará conta de ensinar as pessoas a lerem o mundo e suas mazelas. Que educação propiciará a verdadeira emancipação humana. A escola é, acima de tudo vida, parte fundante de uma cultura. Enquanto formação e produção do conhecimento, ela é o núcleo onde se dá as diferentes visões de mundo e neste emaranhado de cores emergem um conhecimento democrático e humano. Como bem disse Pistrak “a educação é muito mais do que escola, ela esta impregnada e tudo e nesta perspectiva entendamos que a classe trabalhadora deve ser educada a educar-se”. É preciso  passar do ensino a educação, dos programas aos planos de vida.

Eis o desafio de construir uma escola sem medo, democrática, gratuita e acima de tudo que produza conhecimentos essenciais a mudança social. A classe trabalhadora, como sendo a mais necessitada, precisa de uma escola que tenha lado, que defenda antes de qualquer coisa a primazia da formação e emancipação em todos os sentidos.

Como nos diz Freire, “Educação deveria tornar as pessoas mais capazes de pensar, mas  reflete a estrutura do poder”, e continua argumentando que o “homem passivo” permite que a Educação o enquadre ao modelo “bancário”, de depósito de informações.

Quero acreditar sempre que há soluções, que ainda não nos entregamos. Para que ocorra uma mudança nesse contexto, é preciso união daqueles que conseguem ver o quanto está sendo prejudicial tudo isso e vislumbrar as terríveis consequências para o nosso povo. O desafio de construir uma escola democrática e popular, que preze pela vida e pela mudança da estrutura social. É urgente e necessária uma escola que certamente esteja para além da estrutura cruel do capital. É o passo na busca pela emancipação, em todos os sentidos.

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