Por Marcos Paulo Freire de Sousa
Licenciado em História
Pós-graduando em Psicopedagogia

“Maldito aquele que troca o bem pelo mal, que torce o direito do justo e que mede com balança enganosa.” Estas são palavras da bíblia sagrada. Isto é o que tem acontecido em nossa cidade contra nós professores. Como se não bastasse a não observância dos nossos direitos, agora somos acusados de estarmos errados em buscarmos soluções para a nossa lamentável situação.

Queremos deixar claro que lutamos pelos nossos direitos e taxar-nos de baderneiros, causadores de encrenca, ou do que quer que seja é trocar o certo pelo errado “é querer torcer o direito.” É mais fácil lançar a culpa dos próprios erros nos outros do que assumi-los e tentar consertá-los. Queremos esclarecer a sociedade que as aulas estão suspensas porque os senhores do poder se negam a um diálogo que nos leve a um bem comum. Não quer conversar, quer impor; não quer governar, quer ditar, e nós somos livres de tudo aquilo que possa constituir manobra, barganha, temor quanto ao nosso cargo, pois somos concursados e, portanto donos do nosso nariz. Não precisamos nos submeter aos caprichos de quem quer que seja.

Entendemos que precisamos buscar os nossos objetivos e se os buscamos, como buscamos, é porque não nos deram a devida atenção ignorando nossos apelos de juntos fazermos uma educação de qualidade para nossa cidade, desrespeitando as parcerias entre poder público e educadores. O que temos visto não é uma ação harmoniosa e sim uma ação de espoliação do maior patrimônio da educação, o educador, que hoje é desvalorizado e acusado de prejudicar o bom andamento da educação do município.

Diante de tal injúria perguntamos: Como buscar capacitação para lecionar pode ser visto como prejuízo para cidade? Como reivindicar melhores salários é prejuízo para o município? Como exigir melhores condições para o ensino pode ser visto como erro? É certo que, se para ganharmos tivermos que perder alguma coisa, podemos considerar que perdemos sim, principalmente tempo, esperando que o poder executivo tomasse uma decisão que mostrasse boa vontade, quanto à educação da nossa cidade.

Nossa ação não é inconstitucional, do contrário, assim não o faríamos, pois somos educadores e temos plena consciência das leis, ensinamos os nossos alunos a seguirem e respeitarem as leis servindo de exemplo do que professamos. “As palavras de um educador devem ser como adubo, só reforçar e facilitar a germinação do que fora plantado pelas suas ações. Quando a semente é boa, a árvore cresce frondosa.”

Desafiamos a qualquer um que diz ser esta greve ilegal, desrespeitosa, ou sem motivos, a provarem. Até porque, se fosse ilegal, a própria prefeitura teria ido a justiça exigir junto ao judiciário, que nós retornássemos à sala de aula, mas ao invés disso (o que é típico de quem não sabe o que fazer com quem está correto juridicamente), ela chantageia os educadores com o não pagamento dos salários.

Deixamos em aberto, para a população e as pessoas de um modo geral a possibilidade de acessarem os meios legais e verdadeiros, não a informações sem fundamento. “Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” II Coríntios 13.08. É pela verdade que lutamos.

No século XVIII, surgiu no mundo um movimento que revolucionou a história da humanidade. O Iluminismo. Esse movimento levou todo o mundo a repensar o que antes era convencional, comum, a partir da razão.

Não temos a pretensão de John Locke, Montesquieu, Voltaire, Rousseau..., mas se pensar é uma faculdade própria e intrínseca ao ser humano (“Penso, logo existo.” Renê Descartes), reivindicamos o direito de não nos fazerem de bobos, e neste manifesto reivindicamos o direito de não fazerem a nossa população de boba, pois faremos o possível para que ela esteja sempre em posse da verdade, pois a verdade liberta (“... E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8.32).

Não esperamos propostas, mas ações que traduzam o real valor e o respeito devido à educação. Esperamos também que “a crise econômica dos Estados Unidos”, ou outras crises, quem sabe até mesmo atômicas, não sejam motivos do não aumento dos salários como nos fora dito pelo senhor prefeito, até porque, em uma remota hipótese de tal conto da Disney, ou do Spilberg acontecer entenderíamos que realmente seria difícil o pagamento dos proventos, visto que o presidente da República, no mínimo, recolheria as verbas municipais para cobrir o “prejú”.

Não nos façam rir com piadas vãs, pois estas historinhas fantasiosas não cabem nem mesmo na quimera da mais tênue criança. Vivemos no mundo real e nele não temos tempo para brincadeiras.