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Cristianismo e Homossexualidade
04 de Junho de 2010, às 08:00

Por Eric Brito
Cristão evangélico, Batista / Bacharel em Ciência da Computação – UESC / Técnico em Sistemas - UAB/UESC

Antes de iniciar, algumas considerações se fazem necessárias:

1) Não pretendo advogar causa alguma. Não jogo por um time. Não há, absolutamente, qualquer forma de partidarismo. Em outras palavras: não há pré-compromisso, fidelidade ou representatividade – LIBERDADE IDEOLÓGICA.

2) Não falo nem mesmo em nome da Fé Cristã – a que professo com inteireza. E aqui, a impossibilidade não é de ordem institucional, isto é, não é por conta de uma ilegitimidade (clandestinidade), ou falta de uma delegação clerical (autorização, aval, encargo). Protestante que sou, não há esse desconforto da não oficialidade - acostumados que estamos com as margens. A Palavra é livre. Deus é indomável. O que há é uma impossibilidade auto-imposta: desde o início não foi essa a minha pretensão. É mais próprio no exercício da minha LIBERDADE LEIGA opinar, ponderar, sem peso de oficialidade.

3) Se não fosse para falar em meu próprio nome, não falaria. Essa é a minha LIBERDADE de poder ser sincero e estar à mercê unicamente da minha própria parcialidade, inconcluso que sou. LIBERDADE de não ser a VOX DEI (Voz de Deus), isto é, infalível. Antes, de estar humildemente ciente de quem fala como quem conhece apenas em parte, e de modo insuficiente. Falo, portanto, a partir de mim, de meu compromisso com o Evangelho. Da minha experiência da Graça. À Luz da qual conheço a mim mesmo, vejo a Deus, e tento enxergar o outro.

Fé Cristã e a Religião Cristã

Raiz da doença

Reconhecendo com a seriedade devida o distanciamento entre os pronunciamentos mais oficiais do Cristianismo e os conteúdos do Evangelho, faço essa ressalva. Há um hiato entre a Revelação e a Interpretação. Hiato bem dimensionado na pele daqueles que padeceram sob perseguições religiosas. Contudo, generalizar é pecar tanto quanto ignorar. A igreja são pessoas: por isso o susto não deve ser tanto. Nada do que é humano me é estranho, dizia Sêneca. A revolta não deve ser tanta, ou tão concentrada. Sob pena de ser preconceituosa, injusta e ignorante. Pessoas são assim: más. Não é preciso uma Bíblia aberta para saber disso, basta ler a História. Basta também olhar no espelho. Não inteiramente más. E principalmente: não fatal e condenadamente más. “Errar é humano” se diz muito popularmente.

Não tenho pretensão alguma de defender a igreja. Mas a posição que quero ocupar tem que ser livre o suficiente para perceber o mal, onde quer que ele esteja. E é aqui que eu o vejo: nas pessoas. E pessoas têm diferentes endereços: fora e dentro das religiões. O pecado das pessoas de ontem são o meu aprendizado, mas não o meu próprio pecado. Ademais, Jesus falou com certa repetência de uma não-igreja na igreja. De pessoas que conquanto patenteassem o Seu nome não O carregariam no coração. Um protestante diria: há a igreja visível, que é essa da fama. Essa da geografia. É indistinguível e pode até mesmo ser falsa. E há a Igreja invisível, mística e una: dos verdadeiros cristãos - que só Deus conhece inteiramente.

A sexualidade é um desses temas que esteve por longo tempo sobre os ombros de homens, conquanto geniais, falíveis. Sua influência está amalgamada na forma ocidental de ser. No Ocidente, a sexualidade é como um pecado original. Somos sexualmente adoecidos e neuróticos. E alguns são ligeiros em afirmar que o nosso gene sexual adoecido proveio do Cristianismo. Isso é parcialmente verdadeiro.  O citado Agostinho foi quem encabeçou. Mas o fez na exata medida em que foi Platônico de menos.

O contexto mais significativo da fé cristã é o judaísmo. Os judeus, e o VT, eram por demais positivos com o corpo e com a criação. Os platônicos, e seus movimentos conseqüentes é que tratavam a vida no corpo com desdém. Dualizam corpo e alma – a vida humana. Não apenas inferiorizam o corpo, mas o desprezam: o corpo é a prisão da alma. A vida na matéria é uma penitência. Espiritualidade é ascetismo. A gene neurótica do ocidente, referente ao corpo, é, portanto, grega.

No Evangelho, o corpo e a criação são, contrariamente às acusações, afirmados. Muito bem afirmados. Aliás – como em nenhuma outra religião e filosofia: pois o Verbo, o Filho de Deus, encarna. Torna-se um de nós. Isso é um SIM pra humanidade. E a promessa para nós próprios não é de um desaprisionamento do corpo: mas a sua ressurreição (e glorificação). O corpo também é aquilo que somos. O Deus que redime é o mesmo Deus que criou: e o fez dizendo ‘é bom’.

Pano de fundo

Da Graça e do pecado

Há um contexto bíblico apropriado - a meu ver - necessário, para se falar da homossexualidade. É um pano de fundo imprescindível. (Nota: embora seja muito mais abrangente). Sem ele, não se pode falar apropriadamente como cristão.

i) Somos todos seres humanos. Há um valor conferido: carregamos a imagem e a semelhança de Deus. Contudo, somos livres para o mal. E essa é a dualidade latente. Um paradoxo da condição humana. Esse é o equilíbrio da visão bíblica. Todos nós somos carregados de “glória e tragédia”. E, por tanto, de potencialidades ambíguas, para direções positivas e negativas.

ii) Somos todos seres sexuais. A sexualidade é também a nossa identidade. Cito o John Stott: “nossa sexualidade é básica para nossa humanidade... Assim, falar sobre sexo é tocar num ponto muito próximo do cerne da nossa personalidade”. E isso basta para ressaltarmos apropriadamente a importância da questão ora discutida. Além de sermos seres sexuais, temos todos uma orientação sexual particular.

iii - a) Somos todos pecadores. Esse é um ponto importante, pois delineia todo o tom que reservei para essa seção. É um ponto de partida para a questão de como os religiosos deveriam se portar. Há um dilema. Fariseus nascem quando escorregam aqui: conquanto que à Igreja fora confiada uma mensagem, ela a ultrapassa, ou seja, isso não quer dizer que, necessariamente, viva ela à altura do padrão. Ora, o padrão é elevado por demais. Dr. Merville Vicent, do Departamento de Psiquiatria da Escola Médica de Harvard, foi feliz quando disse em 1972: “suspeito que na visão de Deus somos todos desviados sexuais”. E o diz tendo em vista as palavras de Jesus: “todo aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela”. Assim, não há como abordar este assunto com uma atitude de superioridade moral.

iii - b) Além disso, o pecado sexual não é, necessariamente, o maior dos pecados.

Logo, todos igualmente somos pecadores: estamos sob o julgamento e a necessidade da graça de Deus. Essa verdade já faz parte da mensagem confiada por Jesus. Ela nivela a todos. Não deixa espaço para o que se arroga. Voltemos à elevação do padrão. Este, expressa todo o peso da libertação da Igreja: ela é a dispenseira de uma mensagem que a humilha e eleva. Paulo em Coríntios dá esse tom: tesouro em vasos de barro. Eleva-a como portadora da Boa Nova que ela mesma já é beneficiária. E a humilha porque não a concede orgulho algum nos méritos do moralismo. Os cristãos não são, necessariamente, as melhores pessoas. C. S. Lewis diz da seguinte forma: Quem, então, é esse cristão? É esse ‘ao lado’, ou seja, pecador – que sabe da falência da moralidade - que sabe da sua perdição; ele é esse sem justiça própria alguma, e que põe sua fé inteiramente no Evangelho, qual seja: E que, crescendo na consciência desse Evangelho, melhora em relação a si mesmo. É ainda pecador: frase do Lutero. Contra o pecado vive lutando, enquanto recebe capacitação de Deus. Está, a todo tempo, devedor da Graça. Dependente dela. O caminho do cristão é, invariavelmente, um caminho humilde - o caminho de fé, dessa fé na justificação que vem de Deus.

O Evangelho é, portanto, essencialmente isso: a Graça de Deus é mais do que a igreja pode demonstrar. Ela é mais do que o melhor dos discípulos a pode encarnar. A graça de Deus é Jesus. A mensagem que anunciamos - que humilha sem desprezar - e que exalta sem arrogar, não é outra senão o Convite que nós mesmos, também pecadores, recebemos: o de respondermos à proposta de justiça de Deus, no Evangelho. Uma justiça que excede em muito nossos padrões de justiça. Sendo ela mesma, da nossa perspectiva, “injusta”. Essa é a justa injustiça de Deus. Um paga por muitos. Lewis sobre o vicariato...

Mas essa fé não os melhora? Certamente. É essa justificação é o ponto fundamental de qualquer transformação. O cristão é o que já chegou sem ainda estar lá. Ele é salvo, e, por isso, santifica-se. (Nota: O catolicismo inverte isso). A santificação é um processo de assimilação da pessoa de Cristo. Um processo que é, todo ele, conduzido pela Graça de Deus. E que tem trajetos e cumprimentos únicos. Um caminho que se faz no mesmo Caminho. Vide o santo ladrão que encontraremos no céu, cujo caminho curtíssimo – sua resposta positiva à mensagem da cruz e ao evangelho – à justiça de Deus, mesmo tendo sido um criminoso. Um escândalo! Essa, e nenhuma outra, é a Graça de Deus!

Pascal foi quem falou que é diante de Cristo que verdadeiramente nos conhecemos. Autoconhecimento é realmente libertador, como alcunham psicólogos e filósofos. Mas apenas nos conhecemos diante dAquele que é como devíamos ser. Jesus se encarnou: e isso foi um SIM para a vida. Mas a qualidade de sua vida é um NÃO para a vida, como a vivemos. Ele é o espelho. Diz Pascal: O mal, esse lado negro da humanidade, não é uma substância (Agostinho). É uma corrupção de algo bom. De modo que conquanto que Deus tenha dito “é bom” ao criar tudo que existe, damos uma pequena advertência que em teologia chamamos de Queda: uma inversão da ordem natural. O natural deixa de ser naturalmente bom. Houve um náufrago. E o que sobrou da navegação é o que ainda se diz apropriadamente: é bom. Há, portanto, esse elemento de cautela na situação.

A natureza humana não é necessariamente boa. Na verdade, e já falamos sobre isso, nela pulsa um mal. Há uma inclinação. Uma força humanamente irresistível: de modo que somos todos pecadores. Esse é o dilema da atual ordem da criação: conquanto seja algo de bom, criado por Deus. Está sujeita a distorções. Isso vale, é claro, para a sexualidade. Muitas possibilidades se abrem aqui. Porque, no final de tudo, para todos (homossexual ou não) ser cristão é nadar contra a maré, na força da graça. Lutar contra sua própria natureza (ou contra a pulsão de pecado irremediavelmente dentro de nós). Pra quem é diferente? Quem é que pode dizer-se sem pecado e livre da força dele? Quem pode dizer que ser cristão é uma pulsão natural? Pelo contrário, é contranatural. Ser cristão é um milagre. A esse milagre dá-se o nome de novo nascimento, ou regeneração. Sugiro que isso seja a própria revolução interior da fé salvadora, em perspectiva diferente. Regeneração é a cura do Evangelho para a natureza humana: qualquer que seja ela, homo ou heterossexual. Nesse Reino, para que se entre, é preciso que nasça de novo.

Finalizando, sintetizo o que foi exposto até aqui com algumas observações a mais. O tempo todo, minha proposta foi mostrar o nivelamento. De um lado, não há autenticidade cristã em nenhum sentimento de superioridade, mas de solidariedade. De outro, não há privilegiados: todos têm suas próprias tentações e uma mesma natureza decaída. As circunstâncias de nossas vidas são diferentes, mas a realidade de nossos corações é a mesma. Todos temos nossas próprias tentações. Lewis... Todos têm que lutar contra suas pulsões, todos têm uma inclinação para o mal, todos, absolutamente, todos carecem da glória de Deus. Sendo a distância a ser percorrida, a mesma, o caminho, o mesmo: o nascer de novo.

Regeneração alguma nos dá independência da graça de Deus. No caminho cristão, nunca se é independente. De modo que, ainda que liberto das cadeias do pecado, Lutero fala em santo pecador. De modo que sempre seremos humilhados. Não há lugar para pretensão de superioridade no Evangelho. Não há desculpas para o intolerante. Todos somos frágeis e, como frágeis, devemos respeitar a fragilidade do outro. A Graça que me salva é, por isso mesmo, a graça que pode salvar a qualquer um. A graça em mim é a minha esperança de inclusão do outro – esse é o sentimento cristão autêntico. O salvo é, portanto, este cônscio de sua própria miséria e, por isso mesmo, tolerante e compreensivo. Ele é o experimentado na Graça e a ela junta-se na esperança de envolvimento do outro. A Graça nos faz trabalhar a seu favor. Esse é impreterivelmente o papel do cristão em suas relações com o próximo: ele é o facilitador da Graça, o seu agente.

A despeito de tudo, há os que esbravejam a justiça de Deus impiedosa e inapropriadamente contra o próximo. Esse que não sabe de si, e de suas próprias vulnerabilidades, não é o cristão. Um dia, por algum instante de libertação, ele poderá conseguir enxergar a justiça de Deus – no rigor exato que se pede para o próximo, contra si mesmo. A Bíblia é também um livro que se lê contra o próprio peito. O cristão é quem mais deve fazê-lo. O escritor Philip Yancey refletindo sobre o papel da igreja na sociedade contrapõe o comportamento que ele chama de “inseticida moral” ao daqueles cujos olhos foram “curados pela graça”. Tais olhos, jamais serão implacáveis contra uma fragilidade tal qual a sua. Esse é o espírito. O padre Henri Nouwen fala em “feridos que curam”. Esses somos nós, a Igreja. Aos que quiserem, dizemos: sejam bem-vindos.

O caminho do ser cristão é o mesmo. Um desafio e um privilégio. O desafio de buscar a graça de Deus e perseguir a sua vontade. De não rejeitar a soberania de Jesus. O de ter o desejo sincero de se submeter a esta soberania. O de querer entender, à luz da Escritura, o que é revelado sobre sua condição com predisposição de buscar, sempre, a graça de Deus para perseguir a sua vontade. Se você é homossexual, e é esse que acabo de descrever, nós cristãos, te dizemos: junte-se a nós, meu irmão, porque você é um dos nossos. O evangelho é o poder de Deus para a Salvação, a minha, a sua, e a de qualquer um.
 
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