Recessão no Brasil deverá ter impacto regional, dizem analistas
O Produto Interno Bruto (PIB) do país, maior economia da região, recuou 0,6% no último trimestre na comparação com o trimestre anterior e 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do IBGE divulgados na sexta-feira.
O órgão revisou para baixo o resultado do primeiro trimestre – de crescimento de 0,2% para queda de 0,2%, o que colocou o país em “recessão técnica”, quando há dois trimestres seguidos de crescimento negativo.
O governo culpou a realização da Copa do Mundo – responsável pela redução de dias úteis com o decreto de feriados -, e a crise internacional como motivos da desaceleração, mas analistas advertem para problemas estruturais que freiam o crescimento do país, cujos efeitos são sentidos em toda a região.
“Isto afeta muito a região porque o (Brasil) é o maior país da América Latina. Todos os países que têm relações comerciais com o Brasil vão sofrer o impacto”, disse Margarida Gutierrez, professora de Macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Especialistas já previam um retrocesso da economia no segundo trimestre, mas os números vieram piores do que o estimado.
Entre os fatores que puxaram o PIB para baixo estão a queda de 5,4% nos investimentos neste trimestre e a redução de 1,5% na produção da indústria. Também houve uma queda de 0,5% nos serviços e 0,7% nos gastos do governo.
O resultado já é sentido: empresas que têm negócios com parceiros no Brasil já estão com perspectivas de queda nas relações comerciais, disse Gustavo Segre, diretor do Center Group, empresa de consultoria de negócios na América Latina, em Buenos Aires.
A previsão, segundo ele, é que as grandes indústrias da região com negócios no Brasil sofram um impacto maior, mas que o país ainda é visto como atraente por muitas empresas pelo seu tamanho e mercado consumidor.
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Por BBC