Governo paulista quer antecipar para 2016 vacina contra dengue no SUS
Para conter o avanço da dengue no Estado de São Paulo e começar em 2016 o início da vacinação contra os quatro tipos existentes da doença, o Instituto Butantã, da secretaria estadual da Saúde, protocolou na tarde de ontem, 10, um pedido de antecipação da última fase de testes da substância, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília.
“Entregamos dois documentos: a solicitação da terceira e última fase de teses e também um documento que especifica como a vacina é produzida industrialmente, tendo como futuro o registro do produto”, explicou Jorge Kalil, diretor do instituto, imunologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE), também da pasta, o Estado de São Paulo tem 100 mil casos confirmados e pelo menos 70 mortos. O último balanço do órgão é do final de março. Este quadro faz com que o Estado acelere as etapas para viabilizar o medicamento. Segundo Kalil, não há nenhum perigo em diminuir o cronograma sem a segunda fase de testes concluída. “Temos dados suficientes das duas primeiras fases que atestam que a vacina é bastante segura e induz à produção de anticorpos. Não precisa terminar completamente uma fase para começar a outra. Não queremos, nem um pouco, ir contra as regras mundiais de biossegurança. A intenção é ser rápido”.
A terceira etapa de estudos consiste em fazer testes em humanos de todas as regiões do País, aplicando em 17 mil voluntários as vacinas contra a dengue. Do total de aplicações, 75% tem o medicamento que combate a doença. O restante contém placebo. Segundo o instituto, todas as doses de teste já estão prontas.
Inicialmente, o prazo para distribuir a vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) havia sido fixado para 2018. Mas no dia 21 de março, em um evento em Sorocaba, no interior do Estado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cobrou do Instituto Butantã que as aplicações fossem antecipadas e as vacinas produzidas em alta escala. “Nós estávamos em um ritmo normal de desenvolvimento, que poderia ser mais longo. Como temos um risco grande e o problema é relevante para o Brasil e o mundo, estamos fazendo um esforço para agilizar o estudo”, afirmou o diretor do instituto.
Segundo ele, quando todas as etapas estiverem concluídas, a vacina será distribuída para todo o País. Ele explicou que, antes disso, haverá um diálogo com cada um dos Estados para elaborar um plano de ação da vacina.
Como o produto é novo, ainda não é possível saber se a população terá que tomar apenas uma dose da vacina. Kalil, no entanto, acredita que a duração dos anticorpos da vacina terá um “longo prazo” no organismo.
A primeira fase da vacina foi desenvolvida nos Estados Unidos, em uma parceria entre o instituto do governo do Estado com o National Institute of Health, dos Estados Unidos. A vacina foi aplicada em 700 pessoas. A segunda fase, em São Paulo, ainda em andamento, medicou 175 dos 300 voluntários da etapa. De acordo com o Instituto Butantã, nenhum deles apresentou nenhum tipo de reação adversa à vacina.
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Por A Tarde