Mário de Andrade e debate sobre música brasileira marcam o último dia da Flip 2015
Participante da conferência de encerramento, José Miguel Wisnik emocionou a plateia ao defender cultura e educação para todos
Criada para investigar a maneira como as pesquisas de Mário de Andrade influenciaram o curso da música popular brasileira, a mesa “Música, doce música” abriu no último dia de conversas da Flip. Uma intensa discussão sobre bossa nova e a relevância – ou a falta de relevância – do compositor Tom Jobim na música brasileira dominou o encontro entre o pesquisador musical José Ramos Tinhorão e o compositor e escritor Hermínio Bello de Carvalho.
Os relatos completos das atividades estão disponíveis no blog da Flip (http://www.flip.org.br/blog.php)
Levar consciência social aos personagens e se preocupar com a forma da prosa foram os recursos apontados pelo cubano Leonardo Padura como uma maneira de os romances policiais se livrarem do estigma de obra menor. Autor do recente “O homem que amava os cachorros”, em que reconta a história do assassino do líder soviético Liev Trótski, Padura participou da mesa “De frente para o crime” com a inglesa Sophie Hannah – escolhida para dar seguimento à série de Hercule Poirot, célebre detetive criado por Agatha Christie.
O clamor de José Miguel Wisnik para que educação e cultura sejam de todos, em projeto capaz de fazer o Brasil renascer de si mesmo, “em vez de fazer de tudo para jogar a juventude pobre e mestiça no esgoto das prisões”, comoveu o público presente ontem na mesa “Conferência de encerramento: Mário de corpo inteiro”. Emocionado, o ensaísta, músico e professor de literatura brasileira foi aplaudido de pé, por muitos minutos. Antes de dar um tom político à conferência, Wisnik havia discorrido por pouco mais de uma hora sobre as dualidades e ambivalências de Mário, autor homenageado deste ano.
Tradicional encerramento da Flip, a mesa “Livro de Cabeceira” é o momento em que diferentes autores da programação principal se juntam para ler trechos de suas obras favoritas. De Guimarães Rosa a Samuel Beckett, de Flaubert a Virginia Woolf, oito escritores participaram do encontro. Respondendo à pergunta “que livro levariam para uma ilha deserta para ler e reler pelo resto da vida?”, Ayelet Waldman, Carlos Augusto Calil, Colm Tóibín, Diego Vecchio, Matilde Campilho, Marcelino Freire, Ngũgĩ wa Thiong’o e Richard Flanagan promoveram um intercâmbio de sotaques e repertórios.
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FlipMais
O último dia da FlipMais concentrou-se no papel fundamental desempenhado pelos prêmios literários para a descoberta, difusão e incentivo a novos escritores em todo o Brasil. Reunidos no auditório da Casa da Cultura, a gerente de cultura do Sesc, Marcia Costa Rodrigues, o presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), Luís Antônio Torelli e Pierre André Ruprecht, da organização Prêmio São Paulo de Literatura, contaram casos de autores revelados em diferentes premiações e que, a partir de então, conseguiram ser publicados dentro e fora do Brasil e, em alguns casos, viver da própria escrita. “Acompanhamos a trajetória deles depois, como se fossem filhos”, disse Marcia, lembrando que “filhos a gente cria para o mundo”.
Flip 2015
A 13.ª edição da FLIP ocorreu de 1º a 5 de julho e teve Mário de Andrade como autor homenageado.
Quem faz a Flip
A Casa Azul é uma organização da sociedade civil de interesse público, que desenvolve projetos nas áreas de arquitetura, urbanismo, educação e cultura. Desde as primeiras ações, há mais de vinte anos, vem desenvolvendo uma metodologia de leitura territorial capaz de potencializar importantes transformações no território. Em Paraty, onde a associação se originou, esse processo levou à realização de ações de permanência, com projetos como a Flip, a Biblioteca Casa Azul e o Museu do Território, entre outros.
Patrocínio
A programação da Flip conta com o patrocínio oficial do BNDES, Itaú, Petrobras e apoio do Sesc. É realizada por meio das leis de incentivo à cultura do Governo do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Governo Federal.
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Por Ascom / Flip 2015