Concerto” ELOMAR, O MENESTREL”, com Renato Teixeira” e Xangai
O ano de 2017 se constitui num marco de celebrações. Estamos em festa, num programa nacional que inclui mãos de prosa, recitais, cantorias e concertos com Elomar e convidados, levando o seu cancioneiro e a sua música culta operística – sinfônica pelo Brasil. A agenda comemora o aniversário deste compositor, na passagem dos seus oitenta anos (21 de dezembro). O Concerto” ELOMAR, O MENESTREL”, com Renato Teixeira” e Xangai, celebra a vida deste menestrel em Vitória da Conquista, sua cidade natal.
Realizar esta temporada de atividades dentro deste tempo comemorativo tem um grande valor significativo, primeiro para celebrar a vida e depois, para mostrar ao público a produção artística deste compositor que canta e encanta a Terra Brasilis, o “Sertão Profundo”, com seus personagens, tipos, dialetos, modos e costumes.
Hoje, comemorar cantando significa também reviver o passado ao lado de grandes amigos de velhas cantorias e também de novas: solistas do meio operístico, cantores populares, violeiros, atores e compositores. Festejar com quem somente é malungo de verdade o sabe, um Menestrel. Neste concerto em Conquista, é como se Elomar retirasse do seu baú de memórias as suas primeiras apresentações, nas décadas de 70 e 80, quando se apresentou em vários palcos do Brasil, com a violão na mão e o canto na garganta.
E foi assim, ao menestrel, que fez seu primeiro concerto em Conquista, em 1967, na Rinha de Galo, já que a cidade não tinha espaço para apresentação da sua música. Uma cantoria produzida por amigos com a participação de Ismar Silveira e Demerval Oliveira. Depois vieram outros e outros e, a partir de Elomar, a Rinha se transformou num espaço cultural da cidade. Muitos ainda se lembram destas apresentações. O empresário Ricardo Teles estava em um deles, tinha apenas 14 anos de idade e conta com detalhes. “Eu era bem novinho acostumado dentro de casa com a música que os mais velhos escutavam e geralmente MPB realmente, a melhor possível que a gente poderia ter naquela época, aí eu fui levado à Rinha de Galo por alguns irmãos que já frequentavam e faziam parte e aí eu tive a oportunidade de sentir justamente a vibração”. Ricardo conta que assistir o concerto na Rinha era como estar dentro da sala de uma residência dentro de casa, porque a Rinha de Galo tinha esse sentido aconchegante, próximo, escutava-se ali os comentários daquilo que estava sendo feito. E foi justamente naquele auge de Elomar com “Campo Branco, “Zefinha”, quando Elomar começou a se apresentar na Rinha de Galo, junto com Xangai e com alguns outros convidados que Ricardo foi à Rinha. “Então, o mais interessante era você escutar algumas figuras pitorescas da cidade, pedindo Elomar determinada música ou então fazendo comentários, porque como a rinha era uma coisa intimista, se tinha essa facilidade, mas era uma vibração, de uma energia impressionante. Era diferente, já imaginou, um espetáculo numa rinha de galo?! Tanto que Elomar deve se lembrar que o lugar onde ele pisava e sentava com banquinho devia ter um bocado de pó de serra que era onde, no dia a dia normal, existiam as brigas de galo que eram famosas em Conquista, inclusive, que enchiam também aquele lugar. Elomar não tem nada igual a obra dele, moça, conclui Ricardo Teles.
Agora, 50 anos após a sua primeira apresentação na sua cidade, Elomar sobe ao palco de Conquista no seu aniversário de 80 anos para outra Cantoria, relembrando como tudo começou, desta vez se apresentando com os amigos Renato Teixeira e Xangai. Renato, atualmente se dedica à turnê do projeto Tocando em Frente, com seus amigos Almir Sater e Sérgio Reis no mesmo palco. Realizar projetos em “parceria” é uma marca este artista que agora se vê com outros amigos no mesmo palco em Vitória da Conquista. Se une ao compadre Xangai numa homenagem a Elomar nos seus 80 anos. Além de dividir o mesmo palco algumas vezes, Renato tem um trabalho gravado com Elomar. O show “CANTORIA BRASILEIRA” em 2002 no Canecão, no Rio, no aniversário de 25 anos da Kuarup, foi gravado ao vivo e gerou o disco que reúne também os artistas Pena Branca, Teca Calazans e Xangai. “Não é a primeira vez, mas sei que é um momento importante pra qualquer artista que entende o mínimo de música brasileira e que reconhece nele um mestre. Nós não somos artistas que abrem muito o apetite das media, nós somos artistas que mexem com a invenção principalmente Elomar que é um inventor, eu acho que nós todos no palco agora, vai ser u momento pra se avaliar e conferir né, o poder da verdadeira música da cultura brasileira, da velha e boa cultura brasileira, nada a ver om a cultura pop, essas coisas, então vai ser um momento lindo, quem gosta de belas canções, quem gosta de se emocionar, quem gosta de sentir uma lágrima nos olhos, aí vai curtir, com certeza, declara Renato. O projeto de vida de Renato é dar continuidade ao sonho de divulgar e difundir o espírito do caipirismo vale paraibano. Como um defensor aberto da música de raiz, caipira, que ainda sobrevive apesar dos desvios da música sertaneja, o que, de alguma forma, coincide com a visão, missão e temática de Elomar ao valorizar, propagar e perpetuar a cultura do homem da roça, a cultura do sertão. “O que nós temos para oferecer de mais verdadeiro como conteúdo de nossa obra é aquilo que nós vivemos, que nós aprendemos, aquilo que nós sentimos, né? Tem muito a ver com nossas relações humanas, com os lugares que a gente habita, a canção do Elomar, por exemplo, é uma canção do Sertão, a gente representa as nossas regiões, afirma Renato
Em 2010 Renato Teixeira gravou Amizade Sincera em parceria com seu amigo de longa data e outro bastião do gênero caipira, Sérgio Reis. E agora, promete cantar nesta festa de amigos. “Olha vou cantar sim, 1969 – Rinha de Galo- Vitória da Conquista/Foto/Arquivo – Ricardo Teles – Empresário Foto / Divulgação Amizade Sincera pelo meu querido, estimado e mestre Elomar e também pela origem desta canção, ela foi gravada originalmente pelo mestre Dominguinhos, um nordestino, genial. E pra mim vai ser uma alegria muito grande estar ao lado de meu compadre Xangai e ao lado desta figura emblemática do que a cultura popular brasileira pode ter de melhor que é a qualidade, a arte magnífica, que é a ourivesaria de Elomar, a magia de Elomar”, conclui Renato.
Xangai, desde os 10 anos de idade acompanha Elomar e hoje é um dos seus maiores, senão o maior de seus intérpretes. É, de fato um conhecedor da sua obra. Para Xangai, comemorar os 80 anos de Elomar, ao lado dele no mesmo palco, é algo encantador e somado com a presença de Renato, seu compadre e também parceiro de várias cantorias e projetos, se torna ainda mais grandioso. “Eu terei o prazer, a honra de participar junto com Renato Texeira, que é meu compadre, esse grandiosíssimo compositor, homem de coração manso, de verve forte, grande poeta, grande figura humana. E a respeito de Renato e do Menestrel Elomar, eles dois têm uma característica rara, eles são isentos de tributos, tributo não pega ele dois, porquanto, tanto Renato Teixeira não pega pedágio, quando transita entre o rural e o urbano nas suas composições, na sua trajetória. E Elomar também não paga pedágio, nem tributo algum quando ele verseja no português clássico de Camões e a maneira singela, pura e brasilerança autêntica da fala, do hábito, do costume dos catingueiros, dos roçalianos; num verso só Elomar tem a varinha de condão do poeta maior, de num verso só encaixar perfeitamente o sentido da grandiosidade da poesia que ele traz pra gente. Tratase de dois grandes autores, dois grandes compositores. E eu, como busco aprender sempre quando estou junto dos mestres, é buscar aprender, aprender as belezas que eles trazem pra gente.”
Com aquele humor já conhecido e espirituoso, Elomar costuma dizer que Xangai nunca consegue acompanhá-lo, ao comentar da diferença de idade entre eles: Xangai 70, Elomar 80. Além de intérprete, Xangai tem uma amizade com os dois compositores. Com Elomar, tem também um parentesco, mas o compromisso de executar a obra deste seu conterrâneo, perpassa os muros da amizade de laços de família. Xangai quase como uma missão que deve cumprir com responsabilidade. “A amizade sincera de Renato Teixeira comigo não tem preço, mas tem um valor imensurável. E eu, desde que no primeiro dia quando eu tinha 10 anos de idade, nunca mais eu esqueci da força da aura, do grau espiritual e poético deste grande irmão. Não sou o melhor intérprete de Elomar, apenas compreendo a linguagem que ele escreve, provavelmente por sermos do mesmo lugar, da nossa querida Vitória da Conquista e ele me deu a têmpera e eu, o que eu tenho que fazer é buscar honrar e interpretar através do dom que Deus me deu, de cantar e interpretar buscando ser fiel ao que ele propõe, ao que ele nos dá”, complementa Xangai.
Serviço:
Concerto” ELOMAR, O MENESTREL”, com Renato Teixeira” e Xangai
- Data: 20/12/2017 – 21h
- Local: Espaço Mediterrâneo – Vitória da Conquista/BA ENDEREÇO DO MED
Por Rossane Comunicação e Cultura