Filha de vereador que teve namorada agredida fica calada em depoimento

Jovem esteve na delegacia com a mãe na manhã da última terça.
Agressão ocorreu no dia 7 de outubro, em Firmino Alves, no sul da Bahia.
O delegado Franklin Nogueira, titular do município de Itororó, a 503 quilômetros de Salvador, ouviu na manhã da última terça-feira (14) a esposa e as duas filhas do vereador Edmílson Freitas, presidente da Câmara de Firmino Alves, no baixo sul da Bahia. O político é suspeito de ter agredido a namorada da filha mais velha, de 18 anos, após ter flagrado as jovens juntas no quintal de casa no dia 7 de outubro.
Conforme o escrivão da delegacia, que acompanhou os depoimentos, a filha mais velha do vereador confirmou namoro com adolescente de 16 anos, mas não quis falar sobre as denúncias de agressão apresentadas pela namorada. Ainda segundo o escrivão, a jovem não respondeu se também foi agredida pelo vereador no dia do flagrante. “Queria se reservar ao direito de ficar calada”, disse o escrivão sobre o depoimento.
Apesar de ter preferido não comentar o caso, a delegacia detalha que encaminhou a filha do vereador para um hospital do município para passar por exames de corpo de delito ainda na manhã desta terça-feira. A namorada da filha contou em depoimento que foi agredida com pauladas na cabeça e que filha do edil foi ferida com facão. Ainda não há previsão para divulgação dos resultados do exame.
De acordo com o escrivão da delegacia, a esposa do vereador relatou que, no dia do episódio, escutou barulho no quintal e pensou que alguém estivesse assaltando as galinhas. Logo em seguida, ela disse que já encontrou marido e filha dentro de casa. Ouvido em depoimento na sexta-feira (10), o presidente da Câmara de Firmino Alves, Edmílson Freitas, disse queconfundiu jovens com ladrões, já que o quintal de casa estava escuro.
Com os depoimentos recolhidos nesta terça-feira (14), a delegacia atesta que irá indiciar o vereador por agressão à mulher, por meio da Lei Maria da Penha.
Depoimento de vereador
Suspeito de agressão, o vereador se apresentou à delegacia na sexta (10) e alegou que, como estava escuro no fundo da casa, cometeu o ato por achar que se tratava de um ladrão. Ele disse não ter reconhecido nem mesmo a filha, segundo a polícia, e foi liberado da delegacia.
“Ele disse que sempre entram no quintal para roubar galinha. É um lugar grande, com árvore. Ele disse que estava escuro, que não percebeu quem era. Mas diss que não aceita [o namoro da filha] na família e que tem a posição dele”, afirmou o delegado.
A vítima tem 16 anos e namora a filha mais velha do vereador. Ela teve dedo quebrado, marcas de facão na perna e hematomas pelo corpo. Mesmo negando ter reconhecido as duas, informa a polícia, o principal suspeito disse que tem família religiosa e não aprova o relacionamento, que já era conhecido.
A vítima foi submetida ao exame de corpo de delito na quinta-feira (9) e a mãe, Rosenildes da Silva, prestou queixa também na delegacia da mulher. A filha do vereador também teria ficado ferida e é aguardada na delegacia.
Caso
“Tanto ele como a minha mãe não gostavam. Por isso, ele fez isso”, acusa a vítima. A agressão ocorreu por volta das 22h, no fundo da casa do vereador, quando ele teria visto a filha mais velha com a adolescente. A vítima relatou que foi puxada pelos cabelos. “Começou a bater com cabo de vassoura, a bater na minha cabeça”, detalhou, um dia depois do crime.
De acordo com a mãe da vítima, Rosenildes da Silva, conselheira tutelar, a agressão acabou quando uma colega de trabalho, que é parente da família do vereador, chegou ao local. A mãe prestou queixa e a vítima fez exame de corpo de delito. “Eu estou muito chocada. Ele sendo um vereador, presidente da Câmara, jamais poderia ter feito isso”, afirmou.
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Do G1 BA