Patricky Pitbull fala da relação com o irmão caçula Patrício: “Sai faísca, fogo”

Peso-leve conta que não faz sparring com o campeão peso-pena do Bellator há um ano e diz que não vê a hora de bater muito no adversário desta sexta, Saad Awad
Sem lutar desde setembro de 2014, quando perdeu o duelo contra Marcin Held na decisão unânime, Patricky “Pitbull” Freire volta ao cage do Bellator nesta sexta-feira, em duelo contra Saad Awad, pela co-luta principal do evento 141, que acontece em Temecula, na Califórnia, EUA.
Irmão mais velho do campeão peso-pena da organização, Patrício Pitbull, Patricky contou em entrevista ao Combate.com que os dois têm uma relação de amor e ódio, repleta de companheirismo, mas também de muita competição:
– Meu irmão me dá muitas dicas, mas como críticas ao meu treino, ao meu adversário, de brechas no meu jogo quando estou treinando, de brechas no jogo do meu adversário. É mais ou menos isso que ele passa. Além de motivação, que ele não precisa me dar, até porque é meu irmão e nunca fala na minha frente ou nunca abre a boca para falar, mas eu fico sabendo pela boca dos meus amigos (risos). Eu já estou acostumado com o jeito dele. Não é nada de negativo não, sempre coisa positiva. Tem certas palavras que as pessoas me passam que nem parece que é ele quem está falando, sabe? Não tem como, rola uma competição entre a gente. Estamos sem treinar, sem fazer sparring um com o outro, há mais ou menos um ano ou mais. Eu nem sei direito…e quando a gente faz, ou é um treino muito duro, com muita briga, faísca, fogo, parecendo um vulcão em erupção e com gente tendo que nos separar, ou é algo muito leve, brincando, para não acontecer isso. As últimas vezes que a gente se pegou, tentamos rolar um pouco, focando, porque toda vez que a gente vai treinar forte não dá muito certo (risos), o tempo acaba, a gente continua, é sempre assim.
Patricky lembra que já chegou a ficar mais de um ano sem falar com o irmão, quando eram crianças, mas a experiência serviu para que eles aprendessem a lidar com a personalidade um do outro. Patrício chegou antes ao Bellator e já era um lutador conhecido quando Patricky fez a sua estreia na organização. Entre “tapas e beijos”, os atletas continuam ajudando e cuidando um do outro, como poucos parceiros no esporte:
– Ele sempre me ajuda. Não tem uma luta que meu irmão não esteja comigo, acompanhando meus treinos, dando dica, planejando meu treinamento, discutindo a planilha de treinos, buscando treinadores, falhas do meu adversário, comentando comigo e, principalmente, tentando trabalhar as minhas falhas. Algumas vezes, ele puxa meus treinos, mas sempre está do meu lado. Irmão é para isso e, quando a gente é lutador, a gente tem que fazer isso: um cobrar o outro e puxar a orelha do outro. Eu faço a mesma coisa quando é ele quem está lutando, também puxo a orelha dele, fico tomando conta das planilhas de treino e vice-versa. Só não dá para fazer sparring com ele. Não é muito bom porque, às vezes, pode acontecer uma coisa mais séria ou, de repente, o que aconteceu há um bom tempo atrás, quando a gente ficou sem se falar um ano quando era criança, por causa de briga. Na época foi briga dentro de casa mesmo (risos). A gente brigava por tudo antigamente, falando de competição, de boxe, de jiu-jítsu, a gente brigava, se olhava de cara feia dentro de casa e, se tocasse um no outro, já rolava mais briga. Já era um treinamento para o futuro (risos).
No bate-papo, Patricky também analisou o seu adversário desse sábado, falou da dificuldade em encontrar oponente e comentou o desempenho de uma outra companheira de time, Bethe Correia, na luta contra Ronda Rousey pelo cinturão do UFC. Confira abaixo o que ele disse:
Você não luta desde setembro de 2014. Teve algum motivo especial para ter demorado tanto para voltar a competir?
Na verdade, esse tempo parado não foi muito bom. O Bellator me deixou de molho por muito tempo, não sei o motivo. Eu estava querendo lutar, eles me ofereceram uma luta contra o David Rickels, que era uma cara que eu já tinha vencido, e eu acho que não valeria a pena lutar contra ele novamente, pois não ia me levar a lugar algum. Se eu ganhasse dele, ia ganhar de um cara que não estava vindo de vitória, que não estava em alta. Eu pedi outros nomes para lutar nesse mesmo evento, mas vários lutadores se negaram a me enfrentar. Agora, no entanto, estou bastante motivado. Treinei bastante, acordando cedo para fazer tratamento de oxigenoterapia, câmara hiperbárica…Quando chegava, pegava minha filha no colégio, já voltava para o treino, às vezes nem tinha tempo de almoçar direito e já ia para a fisioterapia. E assim fui levando a vida, mas sempre focado, com vontade e querendo bater no meu adversário o mais rápido possível.
Por que você acha que foi tão difícil encontrar um oponente?
Só pode ser por medo, né? Uns falaram que não estavam treinando, outros que estava muito em cima, outros disseram que não valeria a pena lutar comigo, mas fazer o quê? Eu não sofri nenhuma lesão nesse tempo parado, fiquei encostado uma semana, mas coisa besta, nada sério.
Como você analisa o Saad Awad?
O Saad é um adversário que tem um jogo um pouco parecido com o meu. Apesar de eu ser faixa-preta de jiu-jítsu de longa data, também gosto de lutar em pé. O Saad tem a mão pesada, mas tem muitos defeitos, muitas falhas e é isso que eu vou explorar. Vou tentar trabalhar em cima dos erros dele, porque eu sei no que ele é deficiente.
Como foram os treinos para esse duelo?
Eu treinei muito motivado e o mais forte possível, o mais desgastante possível, para ter uma vitória excelente. Muita gente estava dizendo que, eu vencendo essa luta, posso ir para uma disputa de cinturão. Me preparei desse jeito porque, se vier a disputa de cinturão, eu já adiantei alguns treinamentos. Mas o que eu quero mesmo é focar primeiro nessa luta, porque todas as vezes que eu fiquei pensando nessa possibilidade de lutar pelo cinturão, acabei perdendo e tive que mudar de caminho. Quero evitar isso, então não estou pensando muito lá na frente, não quero dar o passo maior do que a perna, para não acabar caindo.
Teve uma outra “Pitbull” da academia de vocês que se destacou bastante e acabou de disputar o cinturão do UFC, que é a Bethe Correia. Ela acabou sendo muito criticada pelas coisas que falou antes da luta contra a Ronda Rousey. Como você viu a performance dela?
A Bethe está muito bem, motivada, com a cabeça boa. Já está querendo mais uma luta logo, e é como eu falo para todo mundo que me pergunta, aquela mão que entrou ali, podia ter sido a mão dela e hoje ela poderia ser a campeã. Essa coisa de ela ter falado muito, as pessoas não entendem que isso é apenas para vender a luta e para conseguir uma disputa de cinturão. As pessoas não sabem ver a diferença de falar por marketing, para ganhar uma disputa de cinturão ou mais dinheiro. Elas acham que, pessoalmente, a Bethe é daquele jeito. As pessoas não sabem separar isso. Infelizmente, o público brasileiro ainda é muito leigo nessa parte. Os americanos entendem um pouco mais sobre isso e são especialistas nisso. Alguns brasileiros estão tentando copiar essa coisa do “trash-talk”, mas o público brasileiro ainda não aprendeu a separar a pessoa da lutadora. Nós vivemos disso, de ganhar dinheiro a partir de lutas importantes, essa é a nossa profissão. Se ela não tivesse falado tanto, quando será que ela teria enfrentado a Ronda em um evento com tanta mídia? Quando você vira uma pessoa criticada, odiada, o seu dinheiro aumenta. Ela está feliz agora com o dinheiro no bolso e as pessoas continuam criticando, porque não sabem a diferença entre a Bethe pessoa e a Bethe lutadora do UFC.
Vai pegar algumas dicas de marketing com a Bethe?
Eu já aprendi com muita gente, mesmo assim ainda não gosto de falar. Agora até estou falando mais, porque quem não fala não é lembrado (risos).
Se você pudesse mandar um recado pro seu adversário, o Saad Awad, o que você diria?
Prepare o corpo, prepare a cabeça, porque vou bater muito até ele cair no chão. O Saad sabe que eu tenho a mão pesada. Eu sei que ele vai querer vir para cima para tentar me nocautear também, mas as minhas mãos são mais rápidas e mais pesadas. Então, prepare o corpo e a mente porque quando você se der conta, o meu braço já vai estar levantado.
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Por Combate