Contra cortes em verbas, peritos da PF alertam que “retrocesso é inaceitável”

Entidade de classe dos peritos se diz disposta a “diálogo franco” e cita fala de Cardozo sobre “problemas de gestão” na PF
Depois de agentes e delegados, os peritos criminais da Polícia Federal também se manifestaram contra o corte orçamentário da corporação. Em comunicado divulgado hoje pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), os peritos se declaram a favor do “diálogo franco”, mas pontuam que “o retrocesso é inaceitável”.
Servidores altamente preparados e com assento no Setor Técnico Científico da PF, os peritos têm sob sua responsabilidade laudos de importância fundamental para todas as investigações, inclusive sobre corrupção e crimes financeiros. Preocupados com o que chamam de “discussão pública entre entidades representantes de servidores da Polícia Federal e o Ministério da Justiça”, os peritos “repudiam qualquer possibilidade de contingenciamento orçamentário que possa interferir nas atividades da Polícia Federal”.
Em um Estado Democrático de Direito, diz a APCF, “o governo não deveria privilegiar quem o defende e preterir quem pode investigá-lo”. André Morisson, presidente da entidade de classe dos peritos, afirma que “a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais permanece atenta e diligente contra as ameaças à Polícia Federal e reafirma seu compromisso com o diálogo, desde que esse não sirva para fins protelatórios de quem não quer solucionar problemas”.
A crise do orçamento ganhou contornos críticos desde o final de 2015 quando o Congresso cortou R$ 133 milhões da PF – segundo a direção-geral da corporação, a tesoura levou R$ 151 milhões da verba para 2016. O corte provocou reação dos delegados de Polícia Federal, que cobraram “menos discursos” e exigiram a adesão do ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, à batalha pela autonomia financeira da instituição.
Os peritos também fizeram referência aos “problemas de gestão” citados por Cardozo diante do fato de que a PF no Paraná, base da missão Lava Jato, solicitou em 2014 R$ 172 mil ao juiz federal Sérgio Moro e, depois, devolveu R$ 3 milhões do orçamento. “Se há problemas na gestão, como falado pelo ministro José Eduardo Cardozo, que sejam resolvidos por quem para isso tem poder”, sugere a APCF.
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Por Veja/Abril