“Não muda nada na minha carreira lutar com a Amanda agora”, diz Cyborg
Campeã peso-pena não descarta duelo contra a campeã peso-galo no futuro, mas neste momento pede que o UFC invista em sua divisão: “Não pode começar e acabar comigo”
Campeã peso-pena do UFC, Cris Cyborg fez a sua primeira defesa de título bem-sucedida no último fim de semana, quando derrotou Holly Holm na decisão unânime dos juízes. Antes do duelo, o presidente da organização, Dana White, disse ao Combate.com que Amanda Nunes havia manifestado interesse em enfrentar a vencedora da luta entre Cyborg e Holm, e que adorou a ideia. Questionada sobre a possibilidade de enfrentar a “Leoa”, Cris afirmou que preferia não lutar com a brasileira na sequência.
Em nova entrevista, a curitibana explica os motivos que fazem com que uma luta com a “Leoa” não esteja em seus planos, pelo menos em um futuro próximo.
– Essa luta pode acontecer esse ano como superluta no peso-pena? Pode, mas pra quê? Para quê ter um cinturão de uma categoria se eu não luto com lutadoras dessa categoria? Temos que respeitar o ranking! No momento, não muda nada na minha carreira lutar com a Amanda. Ela não faz parte do peso-pena. Quero que o UFC invista na minha categoria. Tudo o que fiz até hoje foi para que essa categoria existisse. Tive que fazer duas lutas casadas, mostrar todo o sacrifício que era bater o peso para que eles abrissem a minha categoria. Agora está na hora do UFC dar mais profundidade pra essa divisão… Não vou abdicar dos meus objetivos e não faço isso por dinheiro, mas porque quero ver o esporte crescer. Prometeram investir na minha categoria e estou cobrando isso – declarou.
A campeã peso-pena, que é considerada uma das maiores lutadoras de todos os tempos, relembrou que, desde que entrou no UFC, só enfrentou uma adversária original de sua divisão (65,7 kg).
– Já fiz quatro “superlutas” até aqui. Tirando a Lina Lansberg (que eu enfrentei no peso-casado), nenhuma dessas garotas vinha ou havia lutado no peso-pena. A Holly só tinha feito a disputa de cinturão contra a Germaine, mas não teve uma carreira no peso-pena…Por isso, eu posso até lutar com a Amanda, mas depois que investirem na minha categoria. Na verdade, se a Amanda quer subir de categoria, eu gostaria que ela ajudasse a categoria a se desenvolver. Então, que ela fizesse uma luta no peso-pena primeiro, porque isso a ajudaria a se estabelecer como uma desafiante na divisão. Como campeã, é importante enfrentar a verdadeira desafiante número um. É isso que difere o esporte do entretenimento, por isso me sinto na obrigação de que a minha próxima adversária seja alguém ranqueada no meu peso. Se eu não fizer isso, minha categoria nunca vai crescer e esse é o meu principal objetivo.
No bate-papo, Cris revelou que pretende voltar ao octógono em abril e se disse frustrada por Megan Anderson, campeã peso-pena do Invicta FC (organização de lutas exclusivamente femininas), continuar a desafiá-la apesar de não ter conseguido resolver ainda as pendências pessoais que a impedem de lutar nos EUA.
Confira abaixo:
Já conseguiu rever a luta contra a Holly Holm? O que achou da pontuação dos juízes laterais (dois deles deram os dois primeiros rounds para a americana)?
Eu vi a luta quando cheguei em Los Angeles. Achei que os meus golpes foram muito mais contundentes, pode ver pelo rosto dela. Não achei que no primeiro round ela fez muita coisa, mas eu não sou juiz. Quem tem quer ver isso é o juiz, eles que têm que agir de boa fé.
Ao final da luta você chegou a desafiar a Megan Anderson, campeã peso-pena do Invicta FC. Essa semana você inclusive fez um post nas redes sociais dizendo que tinha recebido uma ligação para lutar com ela e aceitou. Ela desmentiu no Instagram. Como está essa situação?
Não fui eu quem desafiou a Megan Anderson. Ela é a número um para lutar pelo cinturão. E, logo após a luta, ela colocou no Twitter que essa era a luta a ser feita, então eu só respondi que podemos lutar quando marcarem, porque eu concordo que ela é a desafiante número um para lutar pelo cinturão. Eu fiz a minha primeira defesa de cinturão no fim de semana passado e a Megan Anderson ainda não conseguiu resolver os seus problemas pessoais e continua sem poder competir. Se a Megan não está pronta, que seja a próxima desafiante, mas que seja alguém ranqueada na minha divisão.
O UFC deve fazer pelo menos mais três eventos na Austrália esse ano. Essa luta com a Megan pode acontecer em um deles ou no Brasil, já que o problema ela parece ser para lutar nos EUA?
A luta pode acontecer em qualquer lugar. Se ela não pode sair do país ou está com problema de visto, a luta pode acontecer em outro lugar, em qualquer lugar que eles marcarem.
Você já disse que preferia não enfrentar brasileira, mas o que achou do desafio da Amanda Nunes? Você a enfrentaria se ela decidisse subir de divisão?
Essa luta pode acontecer esse ano como superluta no peso-pena? Pode, mas pra quê? Para quê ter um cinturão de uma categoria se eu não luto com lutadoras dessa categoria? Temos que respeitar o ranking! No momento, não muda nada na minha carreira lutar com a Amanda. Ela não faz parte do peso-pena. Quero que o UFC invista na minha categoria. Tudo o que fiz até hoje foi para que essa categoria existisse. Tive que fazer duas lutas casadas, mostrar todo o sacrifício que era bater o peso para que eles abrissem a minha categoria. Agora está na hora do UFC dar mais profundidade pra essa divisão… Não vou abdicar dos meus objetivos e não faço isso por dinheiro, mas porque quero ver o esporte crescer. Prometeram investir na minha categoria e estou cobrando isso. Já fiz quatro “superlutas” até aqui. Tirando a Lina Lansberg (que eu enfrentei no peso-casado), nenhuma dessas garotas já havia lutado no peso-pena. Posso até lutar com a Amanda, mas depois que investirem na minha categoria. Na verdade, se a Amanda quer subir de categoria, eu gostaria que ela ajudasse a categoria a se desenvolver. Então, que ela fizesse uma luta no peso-pena primeiro, porque isso a ajudaria a se estabelecer como uma desafiante na divisão. Como campeã, é importante enfrentar a verdadeira desafiante número um. É isso que difere o esporte do entretenimento, por isso me sinto na obrigação de que a minha próxima adversária seja alguém ranqueada no meu peso. Se eu não fizer isso, minha categoria nunca vai crescer e esse é o meu principal objetivo.
Caso não lute com a Amanda e a Megan continue impossibilitada de lutar, tem alguma desafiante do seu peso em mente?
Não tenho nenhuma em mente. Esse é o papel do UFC, eles precisam procurar as meninas que lutaram nesse peso no ano passado.
A Cindy Dandois, que já derrotou a Megan Anderson, é outra que vem te desafiando nas redes sociais. Teria interesse em enfrentá-la?
A Cindy é uma das meninas que é da minha categoria. Muita gente fala: “Ah, a menina não é boa, não é isso ou aquilo”, mas não interessa. Se estiver ranqueada na categoria, ela merece lutar, independente do que as pessoas acham ou não acham, se ela está ranqueada, merece lutar. Se um dia eu me aposentar, não quero que a divisão acabe. Estou aqui, posso fazer lutas casadas? Posso. Posso lutar com meninas que não estão ranqueadas? Posso, mas não pode ser só isso. O meu papel, por tudo o que eu lutei pra fazer a categoria, é fazer com que as meninas dessa divisão dêem continuidade ao que eu comecei. Não pode começar e acabar comigo.
Quando pretende voltar a lutar?
Meu foco é lutar a cada quatro ou cinco meses, então acredito que eu volte a lutar em abril.
O que o UFC precisa fazer para dar mais profundidade para a divisão peso-pena feminino?
O UFC tem que começar a assinar meninas na minha divisão. Eu não posso ficar lutando com meninas do peso-galo que sobem só pra disputar o cinturão. A menina vai lá, faz uma luta pelo título e volta pro peso-galo. Não é justo. Não muda nada pra divisão. Não adianta ter um cinturão se eu estou defendendo esse título contra as meninas que não estão ranqueadas. Assim como no boxe, quando você tem o cinturão, você tem que defender o cinturão pelo menos uma vez no ano contra os desafiantes da sua divisão.
O peso-mosca feminino foi criado há menos tempo e já tem elenco montado. Por que acha que o UFC não fez a mesma coisa com os penas ainda?
Eu realmente não sei. As meninas da minha divisão estão lutando em outra organização. Que eles façam um TUF, como fizeram para introduzir o peso-mosca, que trabalhem mais os nomes. Dá pra ser feito, e é por isso que estou lutando. Eu preciso respeitar o trabalho das mulheres do peso-pena e dar ao topo da divisão a chance de disputar o cinturão quando elas conquistarem essa chance.
Por Combate.com