Vítor Tavares é a principal esperança de vaga na estreia paralímpica do badminton
Modalidade estará pela primeira vez no programa dos Jogos em Tóquio, 2020. Paranaense ocupa a sétima posição no ranking mundial e briga em 2019 para garantir presença no Japão
Historicamente, as raquetes não compunham um par promissor com Vítor Tavares. O paranaense preferia usar o tempo livre com uma bicicleta de mountain bike em trilhas montanha abaixo. “A verdade é que não tinha qualquer intimidade com raquetes. No máximo, um pingue-pongue no colégio. Mas não era o melhor. Era longe de ir bem”, comentou o curitibano de 19 anos.
Por isso, um convite inusitado para experimentar o badminton, que recebeu no corredor da escola de ensino médio que frequentava, não gerou de imediato motivação especial. “Foi algo um pouco louco. O professor Vladimir Carvalho me viu passando e me chamou. Num primeiro momento eu disse não, porque estava praticando o downhill. Mas aí começou a ficar muito cara a manutenção dos equipamentos. Decidi ir lá e ver como era”, recordou.

Vítor durante o prêmio Paralímpicos, no CT de São Paulo. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br
A curiosidade se mostrou mais do que acertada. Vítor levou para as quadras algumas das características que eram essenciais sobre uma bicicleta. Em menos de três anos, tornou-se o principal atleta do badminton paralímpico brasileiro. “Acho que a agilidade de pensamento, a necessidade de tomar decisões rápidas e de saber o que fazer numa fração de segundo pude trazer do mountain bike”, disse.
Com essa combinação da habilidades e treinos no núcleo paranaense do esporte, venceu em 2018 um torneio internacional no Brasil, foi campeão pan-americano e sul-americano. Na virada de 2018 para 2019, ocupava a sétima colocação no ranking mundial. Não à toa, foi homenageado no fim do ano com o Prêmio Paralímpicos, do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Em 2019, Vítor participa de uma corrida contra o tempo e o ranking internacional. Isso porque o badminton estreia no programa paralímpico em 2020, nos Jogos de Tóquio. Na categoria voltada para atletas com nanismo, apenas um grupo muito seleto chegará ao torneio na capital japonesa.
“São apenas seis vagas na minha classe. Tem de estar, querendo ou não, entre os melhores dos melhores. É algo difícil. Preciso batalhar muito, mas será bom se na primeira vez do esporte numa Paralimpíada já houver um representante brasileiro”, afirmou o integrante do Bolsa Pódio, categoria mais alta do programa da Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania.
Na trilha para assegurar um dos postos em Tóquio, Vítor disputará alguns abertos internacionais ao longo do ano, mas tem dois eventos estratégicos no horizonte, ambos em agosto: os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, e o Mundial, em Basel, na Suíça. “O Mundial vale muitos pontos para o ranking. O Parapan ainda esperamos definição, mas há chance de que reserve vaga direta ao campeão”, disse.
Como será
De acordo com o programa dos Jogos de 2020, o badminton terá 14 eventos, sete em classes masculinas, seis em femininas e um misto. Um total de 90 atletas (44 homens e 46 mulheres) estarão na disputa. A inclusão da modalidade leva em conta o crescimento global do esporte, que é praticado em mais de 60 países nos cinco continentes. A competição em todas as classes (incluindo duas para cadeirantes) é em melhor de três sets, cada um de 21 pontos. A altura da rede é a mesma do badminton olímpico em todas as classes. A única diferença é que, para os cadeirantes, apenas metade da extensão da quadra é utilizada.
Por Rede do Esporte