Cacau Novaes e Seliane Cunha participarão do XVII Parlamento Internacional de Escritores de Cartagena
Os iguaienses Cacau Novaes e Seliane Cunha estarão na delegação de Iguaí para participar do “XVII Parlamento Internacional de Escritores de Cartagena”, que estará acontecendo de 21 a 24 de agosto em Cartagena das Índias, Colômbia. O evento acontecerá em homenagem ao bicenterário da Batalha de Boyacá. Em paralelo ao evento, acontecerá também o “V Parlamento Joven”.
O poeta e escritor Cacau Novaes participará de dois momentos. Em um deles, fará uma conferência em que falará do seu livro “Você não sabe do que é capaz”. Em outro, lerá poemas de amor e erotismo de sua autoria. Já Seliane Cunha participará como ouvinte, buscando ampliar o seu conhecimento sobre a cultura latino-americana. Também estarão na comitiva baiana, Jovina Souza, Valdeck Almeida, Rita Pinheiro e Valdecy Almeida de Jesus.
O grupo de baianos, que participa ativamente do Nosso Sarau, evento realizado mensalmente no Goethe-Institut Salvador, também foi convidado para participar da “Ruta de la poesía em los Montes de María”, em San Jacinto, também na Colômbia, nos dias 24 e 25 de agosto.
Cacau Novaes está radiante com a viagem: “Este ano vou participar pela primeira vez do XVII Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia, em Cartagena, o que me deixou muito honrado. Neste encontro pretendo divulgar a nossa literatura e brasileira e, principalmente, baiana para participantes de outros países, presentes no evento, mostrando quão grande é a produção literária recente em nosso país e também no estado da Bahia. Outro objetivo também é a promoção de intercâmbio e, ao mesmo tempo, o estreitamento dos laços com outros escritores latino-americanos. Uma grande expectativa tem tomado conta de mim, em relação à participação, através da leitura de poemas e apresentação de um dos meus trabalhos mais recentes, o livro “Você não sabe do que é capaz”, declarou.
Seliane Cunha, que já morou por mais de dez anos na Europa, na cidade de Roma, Itália, irá em busca de novas experiências neste intercâmbio com escritores de todo o mundo, buscando principalmente ampliar o seu conhecimento sobre a cultura latino-americana. Juntamente com Cacau Novaes, Seliane Cunha produziu diversos eventos culturais em Iguaí e região. Ambos fundaram o Projeto Esperança, reconhecido internacionalmente, que promoveu atividades artísticas e educativas para crianças carentes de Iguaí, destacando-se principalmente o Bate Lata, sob organização de Eurípedes Moitinho, que participou de diversos programas de TV, como o Brasilerança, apresentado por Xangai.
Jovina Souza participa pela primeira vez do encontro e deve surpreender com sua poesia comprometida com a luta por respeito e direito à vida, como já tem feito em eventos pelo Brasil. Além de leituras de poemas, a escritora fará uma breve apresentação de seu mais novo livro “O Amor Não Está”, lançado recentemente pela Editora Òmnira. Jovina afirma que “Indo pela primeira vez ao Parlamento Internacional de Escritores em Cartagena das Índias, sinto-me com uma grande responsabilidade, pois levarei uma poética que pretende ser uma voz que emerge da resistência ao racismo e ao machismo na perspectiva do levante e não do conformismo e da vitimização. Meu poema procura o subalterno em sua força ofuscada pelo discurso do opressor que o isola numa sensação de incapacidade, de vítima perpétua. O poder opressor é quem detém o poder de construir conhecimento sobre ele e sobre o subalterno, é também esse mesmo opressor quem cuida de fazer circular esse saber nos espaços pedagógicos onde identidades obedientes e amedrontadas são construídas. Denunciar essa manobra é um aspecto importante que compõe a estética que me interessa e transparece embaixo da minha letra. Minha poesia é dar força para o fazer e libertar-se”.
Rita Pinheiro está em sua terceira participação no Parlamento, onde já apresentou sua produção literária, fez homenagem ao poeta Valdeck Almeida de Jesus e, este ano, fará uma palestra sobre o protagonismo das mulheres negras no campo literário. Para a professora Rita, “é inegável o legado deixado pelos escritores Luiz Gama, Cruz e Souza, Machado de Assis e Lima Barreto, referências para a produção literária atual, mas eu defendo que a mulher negra deixe de ser coadjuvante, passando a ser protagonista na história literária brasileira. E minha apresentação na Colômbia é justamente nessa direção. Falarei da escrita de Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus, Cidinha da Silva, Djamila Ribeiro, Anajara Tavares e Jovina Souza”. Rita Pinheiro continua: “Participar pelo terceiro ano tem sido uma rica experiência. Como mulher brasileira, busco, através da arte literária, quebrar paradigmas de um protagonismo masculino histórico diante da invisibilidade feminina. O tema escolhido esse ano surge da necessidade de discorrer o momento atual em que o Brasil se vê diante de escritoras negras que trazem em suas produções um “grito” por um espaço, até então protagonizado pelos homens”. A Garimpeira da Cultura completa: “O evento literário promove a arte do encontro entre pessoas de várias partes do mundo; a troca de experiências se faz de forma natural. A diversidade cultural aparece: nas vestes, costumes, cultura, língua onde palavra de ordem é: “Amizade”. Levar a temática do protagonismo da mulher negra na literatura é um desafio; mas já não cabe espaço para a invisibilidade até então ocorrida historicamente. Vida longa ao nosso encontro, e desde já agradeço a toda organização pelo zelo com todos os participantes.”
Valdecy Almeida de Jesus faz sua primeira viagem internacional como observadora e vai representar a Editora Galinha Pulando que, apesar de estar com suas atividades suspensas temporariamente, deve voltar à ativa para continuar o trabalho de publicação e promoção da poesia negra e marginal, com incentivo, principalmente a jovens escritores.
Valdeck Almeida de Jesus, o veterano no Parlamento, na condição de Embaixador, além de acompanhar ao grupo, fará uma palestra sobre Guerreira Zeferina e sua importância na luta pela Independência do Brasil. O artigo será defendido perante a plateia de escritores e demais convidados e foi escrito em parceria com a poeta Renata Rimet, teve revisão da doutoranda em Língua e Cultura Lorena Cristina Ribeiro Nascimento e tradução ao espanhol pela escritora colombiana Daniela Henao Osório. Para Valdeck Almeida e Renata Rimet “o espírito ancestral da Guerreira Zeferina desborda fronteiras temporais e tem repercussões nos dias de hoje, passados séculos de sua atuação, luta e demonstração do poder da mulher.” E completam: “Esse espírito também rompe com o silêncio histórico sobre a potência da mulher e inspira outras guerreiras como as(os) poetas do Coletivo ZeferinaS, que mantém a luta por empoderamento, bem como as guerreiras que estão nessa caravana à Colômbia.”
O XVII Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia atualmente tem delegados por toda a Colômbia e diversos países, e é o evento acadêmico e literário de maior qualidade, maior atração entre os intelectuais do país e que realiza a maior projeção de Cartagena para o mundo. Declarado como de “Interesse Cultural” pelo Conselho de Cultura do Distrito de Cartagena, é cofinanciado pelo Instituto de Patrimônio e Cultura de Cartagena, Ministério da Cultura, Câmara de Comércio de Montería, Corporação Universitária do Caribe (CECAR), Instituição Tecnológica “Colégio Mayor de Bolívar”, Teatro Adolfo Mejía, assessoria da Cara de Cultura de Cartagena, Restaurante Las Indias Boutique Gormet, Casa Museo “Rafael Nuñez”, dentre outros.
Da Redação/Iguaí Mix
Com informações do Nosso Sarau