NYT rasga elogios a Daniela Mercury: ‘Uma das maiores estrelas do Brasil’
Jornal americano divulgou a turnê internacional da baiana, contou sua história e citou polêmica envolvendo a cantora Larissa Luz
Após Salvador ser destaque no The New York Times (NYT) por conta da sua cultura e como um dos principais destinos internacionais a serem conhecidos em 2019, agora é a vez da cantora soteropolitana Daniela Mercury, 54 anos, estampar uma reportagem em um dos maiores jornais do mundo.
Com título “Daniela Mercury, a brasileira franca, é um turbilhão de ideias e músicas”, a matéria publicada nesta segunda-feira (16) foi escrita pelo jornalista James Gavin e divulga um show que a cantora baiana fará no Sony Hall, no distrito de Manhattan, em Nova York.
Na reportagem, Gavin define Daniela como uma das maiores estrelas do Brasil há quase 30 anos. “Assistir a um show da cantora e dançarina Daniela Mercury é mergulhar em uma fantasia pulsante e hiperenergizada de sua cidade natal, Salvador da Bahia, sem dúvida a cidade mais africana fora da África”, escreve o jornalista, que assistiu a um dos shows de Daniela para fazer a reportagem.
Além de falar sobre o espetáculo, que envolve muita danhça e africanidade, ele também tenta explicar o que é o axé: “pop nativo densamente percussivo de Salvador que Mercury tornou famoso”. “Ela atravessa o conjunto, uma presença radiante em constante movimento – juntando-se à coreografia de grupo, entrando aos trancos e barrancos. O tempo todo ela canta, com doçura rouca e precisão sincopada. Enquanto suas produções contam com alguns dos coreógrafos, diretores e músicos mais talentosos de Salvador, os conceitos, muitas das músicas e as escolhas significativas são dela. É a atitude”.
“Estou traduzindo a cultura da minha cidade, as perguntas do meu povo. É muito alegre, muito rítmico”, disse Daniela ao NYT.
Questionada sobre o ‘axé’. Daniela disse: “Significa uma bênção. Uma energia positiva. Axé é uma maneira afirmativa de iniciar discussões contra a opressão. Contra a exclusão social. Contra a discriminação racial. Isso para mim era uma nova linguagem poética”.
A reportagem também rasga elogios para as mensagens das letras e suas mensagens de tolerância, de direitos das mulheres e de “manter a firmeza interior”: “Esses sentimentos ressoam mais profundamente do que nunca, à medida que o Brasil passa por uma das épocas mais politicamente divididas e voláteis de sua história”.
Além de entrevistar Daniela sobre o atual momento político e destacar sua atuação na Unicef, o The New York Times ainda conta um pouco da vida dela desde quando era criança, perpassando pelo momento que se afirmou como lésbica quando se casou com a jornalista Malu Verçosa. Cita ainda seus álbuns O Canto da Cidade (1992), Música de Rua (1994) e Canibália (2010). Não deixa de fora também a participação dela no Carnaval de São Paulo e o envolvimento da baiana com o bloco afro Ilê Aiyê, incluindo falas de Vovô.
Contou até a polêmica envolvendo a cantora baiana Larissa Luz: segundo o NYT, Larissa “fez acusações furiosas de apropriação cultural” à Daniela após o lançamento de Pantera Negra Deusa, em dezembro passado. “Quem é preto é preto. Quem não é, não é. Essa música é nossa!”. Embora ela não tenha nomeado pessoas , os escritores da Internet marcaram Mercury como o alvo dessas declarações, que Luz negou, contou o repórter na matéria
Contactado na semana passada pelo jornal americano, Vovô do Ilê defendeu Daniela. “Daniela é parceira, irmã, amiga”, disse ele. “Fazer coisas com ela reforça nossa cultura e nossa luta contra a intolerância e o preconceito”. No telefone, em entrevista ao NYT, Mercury falou sobre a controvéria com simpatia. “Sou privilegiada porque nunca fui discriminada pela cor da minha pele ou pelo meu cabelo”, disse ela. “Eu sou uma aliada na luta contra o racismo há mais de 40 anos e continuarei sendo”.
Turnê nos EUA
Desde o dia 8 de setembro, Daniela cury se apresenta nas casas mais prestigiosas dos Estados Unidos. Passou pela House Of Blues of Boston, The Buckhead Theater Atlanta, The Regent em Los Angeles, August Hall em San Francisco e neste domingo (15) à noite se apresentou em San Diego, na House Of Blues.
Nesta segunda-feira (16) cedo, a Rainha embarcou para Nova York, onde se apresenta na Sony Hall. Depois ainda segue para Houston e New Orleans. Mesmo com a rotina exaustiva, Daniela está radiante: “É uma alegria ser recebida com tanto carinho por brasileiros, latinos e norte americanos que acompanham minha carreira. Tomara que eu tenha tempo para voltar todos os anos. A expressão de felicidade das pessoas assistindo os shows não sairá da minha memória. Obrigada!”, se emociona a rainha. Daniela está acompanhada de músicos, do balé e da fotógrafa Célia Santos. A cenografia do show é do artista plástico baiano J. Cunha.