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IGUAÍ: Quando o importante é ser pequeno
13 de Abril de 2010, às 10:00
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PorJosé Cândido Oliveira Silva*

Iguaí é um município situado na região sudoeste do Estado da Bahia, a aproximadamente 500 km de Salvador, com todo o seu território dentro dos limites da Mata Atlântica. Sua população é de pouco mais de 26 mil habitantes sendo que metade vive no meio rural e metade no seu núcleo urbano.

Por ter uma pequena população urbana, vocação agropecuária e natureza exuberante, propicia ao visitante muita tranquilidade e um modo de viver característico de cidade do interior, além do contato com a natureza e a vida no campo. Este é um fator que faz muita diferença e, se bem trabalhado, pode transformar o município numa importante célula de desenvolvimento regional. 

Se há dúvida quanto a isto credita-se a razões excêntricas ou talvez infundado descrédito no poder empreendedor do homem do interior. Nada que não possa ser mudado com atitudes proativas do executivo municipal. 

Ser pequeno não é ser irrelevante nem tampouco desqualificado e muito menos ineficiente. Em alguns segmentos de negócio ser pequeno é muito importante. É ser agil, criativo, eficiente e competente. Com estas habilidades pequenas empresas conseguem chegar aos mais competitivos mercados internacionais, especialmente, quando demonstram as qualidades humanas intrínsecas dos seus produtos. 

É claro que a produção em grande escala veio para ficar mas, “é preciso alcançar a pequenez dentro da organização grande”. Isto é, administrá-la com feição humana, para que as pessoas se sintam realizadas. 

Lembro aqui da obra do professor inglês E. L. Schumacher, intitulada O Negócio é Ser Pequeno. Um estudo de economia que leva em conta as pessoas, cujo título original é Small is Beautiful. O autor escreveu esta obra em 1973. Um legado que ainda hoje encanta ecologistas e humanistas. Ele defende no seu livro um novo estilo de vida, com novo sistema de produção e novos padrões de consumo. Fala de uma agricultura com métodos de produção que “sejam biológicamente corretos, para se incrementar a fertilidade do solo, e produzir saúde, beleza e permanência”. 

Algumas citações extraídas do seu livro: 

“Estude-se como uma sociedade usa sua terra e pode-se chegar a conclusões bastante fidedignas sobre qual será seu futuro”. 

“Ainda temos de aprender como viver em paz, não só com os nossos semelhantes mas também com a natureza, e, principalmente, com aqueles Poderes Superiores que fizeram a natureza e nos fizeram a nós mesmos; pois com certeza não surgimos por acidente nem nos fizemos a nós mesmos”. 

Na indústria ele sugere uma tecnologia em pequena escala, com uma fisionomia humana: 

”Uma tecnologia relativamente não-violenta, com uma fisionomia humana para que as pessoas tenham uma oportunidade de sentir prazer no trabalho que realizam, em vez de trabalharem exclusivamente pelo salário e na esperança, usualmente frustrada, de se divertirem tão-só nas horas de lazer”. 

A sua obra é um apelo à humanidade para que repense os seus conceitos e, efetivamente, trace novos rumos para sair da rota de colisão que se encontra. 

Mas, como se sabe, o mundo já está entrando em colápso e, ainda assim, permanece na mesma rota. No caso brasileiro, nas últimas décadas, as cidades foram tragadas por uma avalanche de problemas, decorrentes do crescimento desordenado, por falta de planejamento. 

A partir da década de 80, alguns profissionais de áreas diversas, foram trocando as regiões metropolitanas por pequenas cidades do interior. Estas pessoas, após alguns anos de reflexão, se conscientizaram que viver sem qualidade de vida seria o mesmo que abdicar da dignidade humana. São profissionais com consciência ecológica consolidada que, forçados pelas tribulações e hostilidades dos grandes centros urbanos, abandonam tudo em busca de novo estilo de vida, vislumbrando melhores dias para si e suas famílias. São engenheiros, economistas, executivos de diversas áreas, psicólogos, médicos, advogados, etc. 

Além deste crescente fluxo migratório no sentido capital – interior, há uma constatação que merece registro: dados da EMBRATUR apontam que mais de 50% do Turismo Doméstico tem destinos rumo ao interior do Brasil. É um dado importante que coloca em evidência um nicho de mercado para o qual prefeitos atentos vêm se mobilizando para atrair turistas para sua cidade oferecendo opções para o ecoturismo e o turismo rural. É um mercado que aumenta a cada ano pelo número cada vez maior de pessoas interessadas e afeiçoadas com a natureza e a simples e tranquila vida das pequenas e médias cidades do interior. 

Qualquer municipio brasileiro, independentemente do seu tamanho, pode se transformar num grande centro gerador de emprego e renda, com melhoria da qualidade de vida da população, se tiver potencial, competência, e optar, definitivamente, por ações que respeitem o meio ambiente e a dignidade humana. 

Um pequeno centro urbano, que cultiva este modo de vida, incorpora importante diferencial se comparado com a realidade das grandes cidades brasileiras nas quais a tolerância das pessoas, com o ambiente caótico, chegou ao limite da exaustão.

Agora emerge, desta triste realidade, oportunidades para as pequenas e médias cidades que se apresentam com potencial e aptidão para proporcionarem aos moradores e visitantes condição digna de vida, emoldurada pela sua história, sua produção agroindustrial e por pitorescos cenários da natureza. 

Num contexto como este, Iguaí, por ser um município com pequeno centro urbano, solo fértil, rico manancial de água doce e uma natureza exuberante, apresenta-se com extraordinárias potencialidades. 

Sob o ponto de vista de um observador atento e atualizado poderá, também, emergir da comunidade de Iguaí um valioso patrimônio histórico-cultural que somado às suas potencialidades geo-econômicas e ao privilegiado meio ambiente pode-se formar um atraente cenário para os visitantes. 

O seu relevo, clima, as riquezas naturais, as características demográficas, sua peculiar posição geográfica e a natural aptidão do seu povo, para com as coisas da terra, reforçam esta convicção. 

O município tem tradição em produtos agropecuários como leite, cacau, cana-de-açucar, mandioca, feijão e outros. Mas tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de leite do Estado da Bahia, com solo e clima para expandir a produção de cacau, além de derivados de cana-de-açucar, flores tropicais e mel. Pode-se transformar, no médio prazo, num polo de pequenos empreendimentos agroindustriais, ecologicamente corretos, e num atrativo centro de Turismo Rural e de Ecoturismo. 

Segundo o documento do Ministério do Turismo "Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural", a conceituação de Turismo Rural fundamenta-se em aspectos que se referem ao turismo, ao território, à base econômica, aos recursos naturais e culturais e à sociedade. Com base nesses aspectos, define-se Turismo Rural como: “o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. 

O Ecoturismo, por sua vez, segundo o documento “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”, publicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com a EMBRATUR e o IBAMA, “é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. 

Vê-se que o acervo patrimonial de Iguaí atende, com excelência, as conceituações de turismo rural e de ecoturismo, apresentadas pelos órgãos oficiais acima mencionados. 

Entretanto, é evidente a necessidade de um plano de desenvolvimento socio-econômico, baseado nas verdadeiras vocações do município, identificadas através de diagnóstico previamente realizado. Deve-se levar em conta as peculiaridades, como posição geográfica, potencialidades geo-econômicas, aptidão da população rural e urbana, sua história, costumes e tradições. Em fim, um plano que seja cuidadosa e previamente realizado com a participação da comunidade, com objetividade e eficiência, visando viabilizar o desenvolvimento sustentado do município. 

Naturais obstáculos existem, é claro. A comunidade local, por exemplo, tem pouco conhecimento das suas potencialidades; há dúvida quanto a existência/importância do seu patrimônio cultural; falta de consciência ecológica; a crença de que o desenvolvimento do município, passa necessariamente, pelo crescimento do seu núcleo urbano. 

Por outro lado, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia – SEMARH, ao sinalizar através da Superintendência de Biodiversidade, Florestas e Unidades de Conservação – SFC, a criação de uma unidade de conservação ambiental em Iguaí, abre um caminho importante em direção a um novo horizonte. 

Uma unidade de conservação ambiental possibilitará não só a conscientização e preservação do meio ambiente no município mas também viabilizar, de forma sustentável, um plano de desenvolvimento local.

(*) José Cândido Oliveira Silva 
é Economista, especialista em Gestão Agroindustrial,
Prof. Universitário e Produtor Rural.

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