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“A BAILARINA E SUA MÁQUINA DE CULPA”
05 de Outubro de 2010, às 09:30
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Por Wellington Araújo

Sempre achei que apenas 03 coisas poderiam salvar o homem: A Fé, a mulher amada e um filho. Não necessariamente nessa mesma ordem. Se eu tivesse a oportunidade de criar um corpo de doutrinas para qualquer religião esta seria uma máxima.

Mas, infelizmente, minha decepção pelas religiões cresce. Principalmente quando vejo uma pessoa se esvaindo em lágrimas por ser fruto de repressão religiosa. Tenho fé, entretanto ela não é ingênua como as de alguns. Por isso, um fundamentalista religioso pode me achar um infiel, herege ou incrédulo.

Cada dia mais, as religiões produzem gente culpada, as igrejas excluem para depois incluir. Tentam minimizar ou resolver o problema do “pecado” com a crença terrorista do inferno, transforma beleza em tortura. Lembro agora o filme do Kubrick – Laranja Mecânica, e vem a minha mente o quanto que o manipulável Alex sofria ao ouvir a 9ª sinfonia de Beethoven. Fazem isso conosco. Como cobaias numa caixa de Skinner nos condicionam a sofrer, a evitar a todo custo o prazer e não é preciso nem cometer o ato, só é preciso pensar.

O cristianismo colocou a mente humana sob suspeita. O imaginário agora é o lugar da culpa. Confessar pecados ao sacerdote, deitar no divã do psicanalista, é só o desdobramento de toda uma cultura onde o simbólico determina realidades de céu e inferno. Está certo que existem certas sansões morais anteriores à religião. Mas estas pelo menos são mais aceitáveis.

Vale lembrar que o significado da palavra “santo” é separado. Assim, onde existir santo, existe também a necessidade de exclusão. facções... Toda seleção marginaliza e precisa-se de altares pra cada um dos escolhidos.

Outro dia ouvia uma música que dizia: “Quando Deus te desenhou ele estava namorando... na beira do mar...” Aí alguém me disse que tal letra era obscena, sacrílega. Afinal, Deus não namora, pois ele é santo!  Lembrei-me imediatamente de uma outra letra musical, Ciranda da bailarina - do Chico Buarque:

...Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem
um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem,
todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem...

Será Deus uma bailarina?

Pensemos bem: afinal, os filhos de Deus não conseguem pensar alegoricamente. Um trono ainda nos afasta de Deus! O pior, é que esse tipo de visão está entranhado na moral ocidental. É inevitável deixar os “amassos”, o tesão, o desejo, e a prática do sexo de lado. Entretanto, estes sempre estarão vinculados a uma culpa atroz. Sexo nunca deixará de ser um tabu para a gente. Que o diga Nelson Rodrigues e seu imaginário considerado profano, também filhos dessa moral cristã agostiniana.

            O problema é todo do cristianismo! Quem mandou dizer que Jesus é Deus e que também é 100% humano. Agora, que arquem com as conseqüências pra desatar o nó nas cabeças dos fiéis, que persigam agora o aproveitador Dan Brown e seu fictício Código da Vinci.

Prefiro pensar como a tal música herética, pois evoca um Deus mais humano, um Deus que se apaixona, que tem desejos, e que cria porque sente a beleza pulsar nas veias. Um Deus que ama eroticamente como aquele do Filme “Deus é brasileiro” –

“Os Homens aprenderam com Deus a criar e foi com os Homens que Deus aprendeu a amar.”

Levantem a mão quem achar que namorar é ruim, é impuro. Tudo bem que isso é coisa da filosofia grega não se decidir sobre a questão de Deus e sua humanidade. Detesto concordar, mas Nietzsche tem razão, o cristianismo acaba sendo platonismo para o povo.

Eu me considero um cristão. Não sei se confessar isso me trás algo de bom diante do quadro religioso que temos hoje. Igrejas exploram seus fiéis com seu slogan desumano: PARE DE SOFRER! E se olharmos para o passado, talvez a coisa piore, com as cruzadas, a inquisição e a presunção do apóstolo Paulo em salvar a humanidade.

Na verdade, só precisamos de alguém para amar. Alguém que nos escute, que nos e afague a cabeça. Que nos faça ser pessoas melhores. Uma pessoa como aquela  da poesia do Quintana:

“...Mas tu apareceste com a tua boca

fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel,

sem compreender nada,

numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos...”

O amado ou amada, sempre deveria despertar em nós algum desejo por mudança... Conversão. Acredito que se o amor estiver a serviço de algum objetivo, este deve ser as pessoas. Pois, se eu me relaciono com um alguém interessante, eu sinto desejo de ser uma pessoa melhor, me tornar alguém interessante também, de mudar minha vida completamente.

Assim, se o deus que pregam me pedir a fé que professam por aí, eu sei que já estou queimando no inferno. Logo me resta ser salvo pela mulher amada, já que o filho ainda não veio.

Um filho é sempre um anúncio messiânico. “Eis que a virgem conceberá e dará luz a um filho, e Ele será maravilhoso e conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz...” O que é isso senão desejo de Salvação... Desejo de ser perpetuado no filho?

Desejo segundo Freud é potência de libido, prazer... No fundo é sexo mesmo! Desejar, perpetuar, passar a mão na barriga da virgem, sentir a fecundidade no ventre, era algo libidinoso para Santo Agostinho, mas para José, esposo de Maria, era a certeza de que estava preservada sua imortalidade. Seria eternidade invadindo o mundo físico, seria o acordo de paz entre céu e a terra, inseparáveis (penso).

Não acredito num cristianismo que despreza o corpo, e preserva alma. Isso não é Reino de Deus, pois o Reino está dentro de nós e é puro desejo que se desdobra no corpo... É o Verbo que se fez carne... É a vontade de namorar, de ser feliz, de contemplar as coisas simples da vida sem culpas. É o gostoso defloro que disfarçamos sob a capa da moral, é a vida que pulsa dentro de nós.

É o pão que vira corpo... é o vinho que vira sangue... é Eucaristia: Ser moído como trigo... virar pão no outro. Beber o cálice de vinho no umbigo da amada. Afinal, ela que irá me salvar mesmo...

Então... Cantemos... “Por essa nega eu ponho roupas novas, uso óculos escuros... Desço do muro... ela sabe me fazer feliz!”
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