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“Sonho, Traição, Transcendência”
05 de Outubro de 2010, às 09:30
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Por Wellington Araújo

Não desejarás a mulher do próximo!...
... e a mulher do próximo, pode me desejar?
E se desejo o próximo ou ele me deseja?
E se o próximo não deseja a mulher dele?
E se a mulher do próximo não deseja ele?
E se os três nos desejamos?
E se ninguém deseja ninguém?
E se minha mulher deseja a mulher do próximo?
E, por que não... o próximo?
E se o próximo deseja minha mulher?
E se eu desejo a minha mulher e a do próximo?
E se ambas me desejam?
E se... todos nos desejamos?...
Sempre aparecerá alguém para dizer: "vamos parar por aí!... não desejarás!... e ponto final!"

(Sérgio Kohan)

Pode o desejo por alguém em sonho ser considerado uma traição?

Aqui há de se reconhecer a força da imaginação humana, a maneira da mente atuar reprimindo ou abafando tudo aquilo que é ou que se queira ser.           Dizem que as melhores realizações do homem se dão quando sonham (aos seus amados, o Senhor dá enquanto dormem) No sonho tudo é possível, ele contraria o que somos acordados. Nele a realidade é outra, o irrealizável acontece. Os sonhos representam o nascimento das revoluções, morada sincera das revoltas, traição da dura realidade imposta, sinais de utopia relegada ao inconsciente.

Trair o que é imposto. Paradoxal a despeito da dor de quem sofre a traição ou daquele que encontra a libertação. O grande problema é que nem toda a investida contrária liberta as pessoas. Principalmente quando são acidentais. As duas forças que movem o ser humano: Desejo e medo. O desejo é a força motriz que açula a imaginação em direção à vontade de trair.

Muitas traições nunca deveriam ter passado apenas de imaginação ou fantasias. Entretanto, pergunto, quando algo é pensado, imaginado, fantasiado, e às vezes acalentado, isso já não é a própria traição... Ou será que só existe traição na prática?

É importante entendermos essa questão, pois, para a moral ou para a religião elogia-se apenas a virtude, a benevolência e a fé quando praticadas dentro da sociedade. Nada é dito sobre as boas vontades, ou pensamentos e impulsos orientados para o bem, sem que eles sejam a própria práxis.

No âmbito da recompensa, são apenas coroados com o bem os que na prática fazem o bem. Por outro lado, pra ser infiel basta apenas pensar na infidelidade. Pensa e torna-se infiel! Claro que aqui se parte sempre do pensamento de traição como pecado, mal ou idéia da qual se deve abdicar. Para o bem, importa a forma; para o mal, a essência. A antiga discussão grega – “ser ou não ser, eis a questão!”.

No fundo a práxis do mal é bem mais aceita do que ele enquanto pensamento. Se não fosse assim, o crime premeditado não seria considerado coisa hedionda, barbárie. Para execução do “mal” pensado, fala-se até o contrário de antigamente, o bárbaro agora pensa, premedita, arma planos, só não deixa seus requintes de crueldade.

Talvez a melhor maneira de entender a traição, seja a concepção hebraica antiga, vetero-testamentária, onde o pecado só se dava na dimensão pratica. Os livros sapienciais fazem menção das conseqüências de um coração que maquina pensamentos viciosos, porém, isso não era uma idéia tão aceita por todos e principalmente judeus de outras gerações. O Judaísmo é a religião da Lei, e falando juridicamente ninguém podia ser considerado infiel diante de Deus por fantasiar uma traição.

Sem as contribuições do helenismo, nunca pensou-se pelo menos no ocidente numa essência do mal distinguida da prática de vida. O homem era aquilo que praticava. Infiel é aquele que faz e pronto! Era como o antigo judeu pensava.

Entretanto, isso não bastava. Precisou-se da figura de um “nazareno-helenista” dizendo: Quem odiar o irmão, em seu coração já o matou... Quem olhar para uma mulher e imaginá-la em seus braços já cometeu um adultério. O cristianismo colocou a mente humana sob suspeita. O imaginário agora é o lugar da culpa. Confessar pecados ao sacerdote, deitar no divã do psicanalista, é só o desdobramento de toda uma cultura onde o simbólico determina realidades de céu e inferno.

Diríamos que o grande problema do homem ocidental é a separação daquilo que ele pensa da maneira de como ele vive, dissociar a prática da teoria, vivendo quase que de duas maneiras. À maneira do corpo, e à maneira da alma.

A solução talvez fosse o homem saber quem ele é; Heráclito ou Parmênides, forma ou essência. Assim, optando e vivendo um desses aspectos, ele entenderá que é um todo, e que estas dimensões não se separam. Todo ser humano é traído por si mesmo, ou seja, a forma trai a essência, a alma trai também o corpo. Ou será que um assassino maldizente não pensa o bem?
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