Por Edson Grilo*

Comunicar-se através da escrita, transcrever em palavras sentimentos mais profundos do cotidiano de um povo é uma arte. Buscar despertar nas pessoas as emoções perdidas ou esquecidas nesta correria da globalização é uma função difícil e complicada. Qualquer escritor, das mais diversas categorias, jamais poderá estabelecer com segurança que seja o melhor, pois as nuances das letras impõe em cada um a obrigação da humildade em ser um eterno aprendiz. Escrever é antes e acima de tudo um ato de despojamento e partilha. Nem sempre quem escreve um livro pode se considerar escritor, muito menos quem canta pode se considerar um astro da mídia. Existem escritores e ajuntadores de palavras, existem pensadores e existem aqueles que devaneiam, existem sonhadores e existem humildes construtores de pensamentos, formadores de opinião, quase sempre mal entendidos ou miseravelmente invejados. Enfim existem os vaidosos que são altamente perigosos e traiçoeiros e existem os modestos artesãos das letras que sobrevivem das escritas, por mais simples que sejam. Não vejo maior ou menor valor em escrever um livro ou escrever para um jornal, ambas as coisas necessitam de capacidade, conhecimento e talento. Por isso existe tanta sujidade publicada como livro que nada contribui para enriquecer a nossa língua ao mesmo tempo em que existem pérolas escritas e transcritas em amarrotadas folhas de revistas e jornais. E quando se utiliza destas pérolas, numa interpretação bem feita e emotiva de um bom locutor ou ator a arte da escrita se sobrepõe ao ridículo e bizarro romance de ficção pobre e podre de muita peça (livro) que, por infelicidade, foi editado e ao mesmo tempo esquecido. “Livros” de tão ruins que só servem para embalar a vaidade doentia de “escritores” falastrões que não conseguem escrever a sua própria história, pois não representaram nada para a sociedade em que vivem e jamais serão lembrados como exemplos de alguma coisa. 

Não considero escritor quem escreve um livro pautado nos pseudônimos de uma ficção fictícia com o objetivo de esconder a realidade ou temer ser contraditado por seus verdadeiros personagens. Não considero livro os amontoados de abobrinhas sem começo, sem meio e sem fim. Coisas extraídas do nada, para o nada e alicerçadas na viagem interminável e psicodélica da cannabis. Parece que a fumaça nociva e psicotrópica escureceu ou turvou a visão de alguns pseudo-escritores de última classe do lixo gramatical brasileiro.

Não sou escritor como gostaria de ser, mas tenho colocado nas centenas de matérias de jornais, revistas e vídeos o meu sentimento do que vejo, do que sinto, do que observo, do que me faz emocionar. Tenho conseguido transmitir para os meus leitores, que ainda não pararam de ler os meus escritos, a visão das coisas, o sentimento buscado nas palavras, a reflexão dos fatos e o brotar das emoções. Sou um artífice e aprendiz de escritor, sou um construtor de textos puros, sou comunicador, sou formador de opinião, sou abnegado e apaixonado pelo que faço, sou um instrumento de comunicação, afinal de contas sou um jornalista sem diploma da escola, formado pela faculdade da vida. Não vivo da fama de ter escrito um único e deprimente livreto nem busco subterfúgios para menosprezar qualquer um que escreva de forma digna e operária na busca incessante da sobrevivência honesta. Não compactuo com as benesses dos poderosos e não gosto de dar caviar pra porco comer. Sou corrosivo como o ácido e sou doce como o mel, cada interlocutor meu é quem decide como me quer.

*Edson Grilo é jornalista, radialista, apresentador de eventos, produtor/repórter e representante comercial, cursando bacharelado em Administração, ex-vice-prefeito de Barra do Choça. Editor do Jornal A Semana.