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A banalização da violência e seus efeitos sobre o comportamento social
07 de Janeiro de 2011, às 09:30
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Por José Ronaldo*

Vivemos, sem exagero, uma permanente "guerra civil", na qual morrem milhares de pessoas. E, o que é mais preocupante, tal escalada de violência acaba por "anestesiar" a sensibilidade social para com a vida humana. Pode-se dizer que, infelizmente, hoje em dia, um homicídio é considerado como algo "normal". E não é normal; a supressão violenta da vida de um ser humano nunca pode ser considerada algo "normal"!

            O fato de — cada vez mais — ser impossível pensar "a violência" em termos abstratos — ela está aí e, em suas diversas formas, vai atingindo concretamente a cada um (em incidências que envolvem parentes, amigos e conhecidos...) — convoca a uma urgente reflexão sobre a dignidade da pessoa e sobre o valor da vida humana. Uma reflexão que atinja as raízes tanto da violência como dos próprios fundamentos da dignidade humana .

            Verifica-se a existência da aguda situação de violência, principalmente nas regiões da periferia das grandes cidades. Constatam-se casos trágicos: crianças pequenas que, indiferentes à existência de um cadáver num campo de futebol da periferia, jogam bola como se nada tivesse acontecido; cadáver que permanece jogado no meio da rua, com a cabeça dilacerada por projéteis de espingarda "calibre 12", enquanto um cachorro vira-latas espalha seus miolos, passeando com eles na boca, por mais de 100 metros. São situações degradantes, que não podem deixar de chocar. Se não causam mais impacto, algo de errado há.

            Desta forma, quero me expressar com a pretensão de problematizar algumas questões polêmicas e que se fazem universais no nosso tempo, na tentativa de entender a banalização da vida e das relações entre os sujeitos sociais.  Considero esta discussão umas das peças fundamentais para entender os processos de banalização da violência, das drogas da prostituição e de muitas outras mazelas sociais que gira em torno da sociedade capitalista e que, substancialmente, subjuga as nações aos ditames do neo-colonialismo empresarial e industrial e fundamentalmente da barbarizarão das relações sociais.

            A percepção da banalização da barbárie é um processo que sócio-historicamente vários estudiosos e renomados autores já vêm tratando de forma sistemática no conjunto das relações sócio-culturais, alertando a humanidade sobre a decadência das relações sociais e das formas de produção da vida. Em analise feita a muito por Marx, onde o mesmo precisa dos processos de sucateamento e esvaziamento das relações sociais em função das trocas de mercadorias e das relações de caráter financeiro se esforçando na tentativa de explicar a ordem do conflito partindo da lógica dos contrários. Para Marx a sociedade é movida por um processo no qual põem as classes em constantes confrontos e disputas, e estes processos resultam na chamada luta de classes.
            No entanto, o fato de existir a contradição não significa que logo vai existir a ideia do conflito. Esta lógica parece ser diferente, se olharmos do ponto de vista de que os processos desumanizantes e aterrorizantes pelos quais passam vários povos em varias partes do mundo e que, no entanto estes povos não encontram força para mudarem as suas condições subjetivas e objetivas de sobrevivência, daí podemos ter o entendimento que os processos de consciência também ajuda a mover as classes e, quando estas classes menos favorecidas e marginalizadas não encontram na sua filosofia de entender as relações sociais,forças para mudarem os rumos de suas vidas,tiramos a seguinte conclusão. A consciência também pode, em certa medida, ser manipulada e usada como arma de manutenção do capitalismo na sua nova configuração.
            Esta forma de consciência é resultante do processo de desorganização, social onde a tendência à individualização dos sujeitos é a chave fundamental de manutenção da ordem capitalista, que se consolida sumariamente á medida que os sujeitos deixam de existir enquanto seres coletivos e passam a existir enquanto eu, no mundo. Isso implica diretamente em uma nova configuração de valores sociais e éticos.
            Contudo, o que percebemos na realidade é o contrario. As pessoas não mais se preocupam com questões que, em outros tempos, eram consideradas absurdos e inaceitáveis ao consenso social. Não raro, assistimos à banalização da violência em todos os seus sentidos. Grandes guerras com milhares de mortos, utilização de drogas em grande escala por jovens e achamos tudo isso normal.
            Pessoas morrem, a cada momento, à nossa volta. Só no Rio de Janeiro, estatísticas demonstram que, a cada 5 minutos, uma pessoa morre, no entanto continuamos nossas vidas achando que não é nada e que esta tudo bem, obrigado. Famílias inteiras no norte e nordeste brasileiro passam fome por falta de alimentos e mais precisamente por falta de água e achamos que a culpa de tudo isso é apenas dos governantes.

            Em Iguaí, por exemplo, uma pequena e pacata cidade do interior baiano, a taxa de homicídios é bem maior que de grandes cidades, se comparado em seus aspectos proporcionais, e ainda acreditamos que violência é sinônimo de favela.

            Certo que, em grande medida, estes são responsáveis, mas o pior de tudo isso é que a naturalização da barbárie esta sendo construída dentro de nós o tempo todo e o pior disso tudo é que as nossas consciências esta achando isso tudo natural.
            Essa soma de egoísmos resulta no bem comum, onde as liberdades individuais é a liberdade predominante e isso pressupõe pensar a sociedade da livre concorrência, onde os fundamentos da palavra liberdade é a ideia de propriedade, isto é, se tenho, logo sou livre. Em outras palavras,aqueles que nada possuem, possuem a si mesmo, seu corpo para ser usado como maquina, como propriedade de alguém por um determinado período. Isso faz da palavra propriedade um direito natural e individual.
            Assim ocorre o processo de alienação do ser social, devido ao fato de as relações de produção se fetichizarem deixando os sujeitos estranhos ao seu produto final, sem conseguirem se ver enquanto ser humano naquilo que produz.
Por outro lado deparamos com uma ordem capitalista que nunca está satisfeita com a sua cota de mais valia e que precisa explorar ao extremo as forças produtivas e os sujeitos. Onde, um estado burguês que só pode existir através do consentimento dos indivíduos, alienados ao próprio papel do estado, enquanto mecanismo que prioriza pela manutenção do capital sobre a vida, assegurando a mesa farta e as bonança dos capitalistas.
            Para Marx, o problema da cidadania encontra-se dentro da dimensão de subjetividade política alienada, mas seus fundamentos ontológicos devem ser cercados no processo de entificação da sociabilidade baseada na acumulação do capital, cuja força principal é a compra e venda das forças de trabalho.
Deste modo, a única relação que pode existir entre os homens como proprietários de alguma coisa exposta no mercado, de modo que seus interesses são conflitantes. Logo, se interesses de seres individuais e coletivos são conflitantes, uma comunidade de homens é impossível.
            Muito antes da crise da civilização ocidental ter ficado patente, o memorável panfleto anunciava: o caráter imperialista do capitalismo é antagônico à sobrevivência da sociedade nacional; a natureza predatória da concorrência econômica é incompatível com a reprodução dos mecanismos responsáveis pela coesão social; as relações monetárias deturpam a personalidade dos indivíduos e solapam os laços familiares; a metamorfose dos ciclos industriais em crises econômicas intermináveis transforma a barbárie em um estado permanente.
            A crescente contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a propriedade privada dos meios de produção, contradição que se expressa pela recorrente negação de trabalho vivo vulnerabiliza a burguesia. A incapacidade do capitalismo de alimentar seus escravos gera um forte sentimento de insatisfação e revolta contra a ordem burguesa. Pode-se abafá-lo, mas não há como suprimi-lo. Por esse motivo, mesmo quando as classes subalternas estão prostradas, o fantasma da revolução social atormenta os donos do poder. As derrotas do proletariado nunca são definitivas.
            A emancipação, na perspectiva de Freire, é apropriar-se e experimentar o poder de pronunciar o mundo, a vivência da condição humana de ser protagonista de sua história. Freire nos possibilita um projeto de educação popular que almeja a libertação, humanização e emancipação humana.
Libertação e opressão, porém, não se acham inscritas, uma e outra, na história, como algo inexorável. Da mesma forma a natureza humana, gerando-se na história, não tem inscrita nela o ser mais, a humanização, a não ser como vocação de que o seu contrário é distorção na história... Homens e mulheres, ao longo da história, vimo-nos tornando animais deveras especiais: inventamos a possibilidade de nos libertar na medida em que nos tornamos capazes de nos perceber como seres inconclusos, limitados, condicionados, históricos. Percebendo, sobretudo, também, que a pura percepção da inconclusão, da limitação, da possibilidade, não basta. É preciso juntar a ela a luta política pela transformação do mundo. A libertação dos indivíduos só ganha profunda significação quando se alcança a transformação da sociedade.

Assim, no contexto da sociedade capitalista, há muitos limites ao processo de emancipação humana. Esta emancipação será sempre um processo em construção, um devenir. Nesse sentido, a emancipação humana, no pensamento de Freire, é um vivenciar cotidiano, não um projeto a ser concretizado somente num futuro longínquo, inclusive para ser construído e vivido por outros. Essa educação para a liberdade, essa educação ligada aos direitos humanos nesta perspectiva, tem que ser abrangente, totalizante; ela tem que ver com o conhecimento crítico do real e com a alegria de viver. E não apenas com a rigorosidade da análise de como a sociedade se move, se mexe, caminha, mas ela tem a ver também com a festa que é vida mesma. Mas é preciso fazer isso de forma crítica e não de forma ingênua. Nem aceitar o todo-poderosismo ingênuo de uma educação que faz tudo, nem aceitar a negação da educação como algo que nada faz, mas assumir a educação nas suas limitações e, portanto, fazer o que é possível, historicamente, ser feito com e através, também, da educação.

José Ronaldo é Graduado em Pedagogia / Especialista em Educação - UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

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