Por: José Ronaldo Santos*
O atual período pelo qual atravessa o cenário político brasileiro, senão desastroso é, no mínimo, confuso. Se olhado do ponto de vista da finalidade da política, enquanto sua origem aristotélica “essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política, de que acima se falou”.
Certamente, o período é de profundo esvaziamento do sentido ontológico da política e sua crescente profissionalização e carreirização, por parte da cultura parlamentar brasileira, englobando a perda de sentido do papel dos partidos políticos e das grandes bandeiras defendidas por estes, ficando reduzidas à eleição de parlamentares nas várias instâncias.
Afirmamos que há um esvaziamento do sentido da política, pois os fins da política apregoada já não são mais os mesmos; partidos que dantes eram combativos de um modelo de sociedade agora comungam como se houvessem um processo de esfriamento de seus corações e mentes. As grandes massas, que antes eram o motor destes partidos, agora ficam relegadas a aceitar as propostas feitas em gabinetes de negociação. Este é um período onde os partidos com características populares se afastam de suas massas e começam a trilhar os caminhos da burocratização da política, bem típico da ordem do estado capitalista, “o estado da concórdia”.
Obviamente não estamos vivendo o apogeu da democracia, mas somos herdeiros de uma democracia burguesa, alienante e frágil; os políticos tendem cada vez mais serem mal vistos pela população cansada de promessas de mudanças que não chegam a lugar algum. É uma conjuntura política movida por eleições e por negociatas em nome do povo, com pouco debate e muita parafernália contra os interesses reais e vitais da população carente.
Presenciamos uma verdadeira esquizofrenia e fisiologização nos partidos políticos onde o que conta são as cadeiras a serem herdadas no próximo período que advém. Por outro lado, as políticas de caráter social tendem a dar espaço aos debates em torno de temas como aquecimento global, geração de emprego, crise econômica mundial e, por que não, o novo Brasil das olimpíadas e da copa do mundo.
A direita, por sua vez, tende a polarizar uma campanha em torno das criticas ao governo atual e suas falhas herdadas do período anterior, com ênfase ainda no já discutido mensalão e agora as episódicas CPIs da Petrobrás, Correios, MST etc.
Drasticamente o que poemos esperar para o próximo período é, cada vez mais, o esvaziamento da política e das chances de radicalização nas mudanças radicais englobando as reformas necessárias no Brasil.
É o período da política por outros meios, entendam outros meios como quiserem...•
*José Ronaldo Santos Possui Graduação me Pedagogia, é Especialista em EJA e desenvolve estudos na área de educação, Políticas Públicas e Juventude. |