Preconceitos, BBB e outros “que tais”

23/mar/2013 . 8:59


Será que estou mesmo ficando velho, ultrapassado e “fora” do meu tempo? Já disseram por aí que quem escreve corre o risco de revelar involuntariamente seus preconceitos adormecidos. Isso é absolutamente verdadeiro. Li hoje um artigo do Veríssimo em que ele trata do assunto e assume revelar um dos seus, voluntariamente. Especificamente sobre o BBB da Globo. Diz ele que até vai se esforçar para ver se consegue passar pelo menos cinco minutos diante do programa para ver se consegue detectar algo inteligente, ou, que seja útil para a sua vida ou para a vida dos telespectadores. Mas já adianta que muito provavelmente não consiga chegar ao final do tempo estipulado. Eu, vejo sim, uma grande utilidade, pelo menos para os participantes, já que haverá uma bolada milionária à espera do vencedor. E claro, mais vantagens ainda para a Globo pela quantia milionária que ela fatura somente com as ligações das milhões de pessoas que ligam fazer sua votações. $$$$$$ são cifras milionárias. Mas para a vida mortal de nós espectadores, o que as “lições de vida” daquela gente capaz de fazer “tudo por dinheiro” poderá trazer? Ainda mais que tudo aquilo não passa de uma representação teatral forçada e mal ensaiada de pessoas que não têm qualquer pudor de se exibirem diante das câmeras de TV? (será que além do preconceito, estou também me revelando, um retro-moralista?).

Big Brother

Fico perplexo com algumas pessoas que defendem o programa, com argumentos tão sólidos quanto castelos de areia:

1. É sinal de que o Brasil está em sintonia com o primeiro mundo, afinal, esse programa é sucesso mundial, principalmente na Europa. (Santo Deus! Então se o mundo lá fora passar a consumir fezes nas refeições, devemos fazer o mesmo?); Ou então esse outro argumento, ainda pior: 2. Se passa na Globo é porque é de qualidade. (Quanta ignorância! Se a Globo dividisse seus milionários lucros do programa, talvez eu mudasse de idéia. Os executivos da Globo só pensam nos lucros, nada mais). Parece que as pessoas perderam mesmo o senso do ridículo, ou sou eu que estou totalmente ultrapassado. O pior de tudo, é que dentro de minha casa, há quem assista e defenda o programa. E como se diz no popular, “mordo a própria língua”.

Não tenho nada contra a Globo ou qualquer outra emissora que venha a realizar este e outros tipos de programas desse naipe (Luciana Gimenez é outro exemplo de mau gosto, só para citar mais um). Não sou tão retrógrado assim. Há gosto para tudo e para todos. Para isso existe o controle remoto. Mas o que me incomoda na Globo é forçar a barra para assistir a um programa de que não me agrada enquanto estou assistindo a outro programa e durante um dos intervalos comerciais, ao passar longos minutos de diálogos pobres e cenas forjadas. Isso acontece durante o Intercine por exemplo. Ora, que se transmita o programa na íntegra em horário determinado. Mas forçar a audiência para quem deseja assistir outros programas da grade, já é demais. Então, com o poder absolutista nas mãos representado pelo controle remoto, desligo a TV e vou dormir. Certamente encontrarei melhor programação nos meus sonhos.

Fora de sintonia com essa modernidade toda, também cometo um ato de despudor ao me despir e revelar o meu nu de preconceitos e moralidade diante de quem me lê. E concluo que, para ficar nu diante das câmeras, seja necessário perder a vergonha, mas para se despir e revelar seus preconceitos, seja necessário uma boa dose de coragem. Tapem os olhos e ouvidos quem se desagradar com minhas opiniões.

 

Por Joaquim Alves

jjafil@yahoo.com.br

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