Carta à juventude

24/out/2013 . 8:03


Esta é uma conclamação à rebeldia. Nós, nestes tempos de consumismo, individualismo e ceticismo, ousamos dizer que o sonho não acabou. Que não aceitamos o que nos querem impor: a passividade, o conformismo, a desesperança. Que é possível e necessário recuperar o espírito generoso, inquieto e insubmisso, da juventude, contra a tirania do capital e as misérias do cotidiano. E que, com gestos, palavras, abraços, atos, ações coletivas, desenhar contornos de uma nova vida.

(Foto: Fábio Lima/O Povo)

(Foto: Fábio Lima/O Povo)

A obediência, a passividade, o conformismo, o “sim senhor”, o gosto pela rotina e pela mesmice não são virtudes do gênero humano. São heranças de uma vida dilacerada pelos velhos hábitos, legados por séculos de autoritarismo.

E há que recusar e combater o que é autoritário e que quer permanecer impondo suas normas e regras na sociedade, na família, na escola, na universidade, sobre as criações literárias e artísticas, impondo seu moralismo e sua tradição de hipocrisia sobre as relações amorosas e sexuais.

Basta de regulamentos que não são de pontes para a liberdade dos indivíduos. É preciso questionar o que parece estar a salvo de questionamento. Colocar em questão o que aparentemente está fora de questão.

É preciso indignar-se com as violências e atrocidades cometidas contra os indivíduos. Com o desprezo com que tratam a miséria e o sofrimento das pessoas. Com a falta de direitos, de liberdade, de justiça. Indignar-se contra toda atitude que diminua e brutalize os seres humanos.

É preciso enfrentar tudo isto que está aí. Ao sistema que cerceia e policia, através do Estado mesquinho, ganancioso, que mantém sob vigilância e ameaça as atitudes, emoções e comportamentos; tanto através de uma legislação obscura e vingativa que quer punir o amor e o prazer, quanto disseminando os mais rancorosos tabus e preconceitos.

O que é belo e digno dos jovens é a rebeldia, não a cega obediência. É a recusa ao pessimismo e a vontade de lutar para ampliar o território de sua liberdade. E de afirmar um modo de falar, de vestir, de sentir, de amar. De expressar, na prática, os seus sonhos. E a liberdade do sonho é a liberdade das liberdades, assim como o sonho da liberdade é o sonho dos sonhos.

Sonhos que querem ir transformando em coisas concretas. Queremos construir um mundo novo, habitado por indivíduos firmes, delicados, plenos, instigantes, movido pela velocidade da historia, pelas revoluções por minuto, onde inventaremos e reinventaremos as verdades e os segredos que constituem a infinita magia da felicidade de cada um de todos nós.

Este mundo não está pronto, Mas devemos construí-lo, movidos pela ideia de que “nada deve parecer impossível mudar”.

Por Ubiratan Félix e Marcos Botelho*

*Ubiratan Félix Pereira dos Santos é engenheiro, professor do IFBA e diretor da Apub Sindicato. Marcos Botelho é estudante de Engenharia, diretor do SENGE ESTUDANTE

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