Dom Estevam dos Santos Silva Filho tomou posse como bispo auxiliar na Arquidiocese de Salvador ontem (26). “Estou muito feliz. Sou baiano de nascimento, de coração, de mente e de espírito. Estou feliz como todo o povo baiano deve ser sempre, feliz. Agradeço ao Senhor do Bonfim por me trazer aqui a esta cidade tão querida”, disse Dom Estevam.

Dom Estevam Santos
(Foto: Reprodução / Facebook)

A Missa foi presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, na Catedral Basílica, e contou com a presença do arcebispo de Vitória da Conquista, Dom Luís Gonzaga Silva Pepeu, dos bispos auxiliares de Salvador, Dom Gilson Andrade da Silva, Dom Giovanni Crippa e Dom Marco Eugênio, além de padres, seminaristas, diáconos, religiosos, autoridades políticas e leigos.

A Missa teve início às 10h. Logo após a procissão de entrada, Dom Murilo pediu a Dom Estevam para apresentar a Bula Apostólica, enviada pelo Papa Francisco, que o institui bispo auxiliar.

A Missa foi presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger
(Foto: Patrícia Luz)

Durante a homilia, Dom Murilo aproveitou para agradecer, mais uma vez, ao arcebispo de Vitória da Conquista, Dom Luís Pepeu. “Acolhemos hoje, com alegria, Dom Estevam. Ele vem como um presente do ressuscitado para nós. Renovo aqui os agradecimentos a Dom Luís Pepeu e a Arquidiocese de Vitória da Conquista pelo presente que nos deu, porque foi lá que Dom Estevam foi preparado com muito carinho”, disse.

A partir de agora, Dom Estevam está a serviço da Igreja em Salvador – que conta com 111 paróquias – e auxiliará no pastoreio de Dom Murilo, ao lado dos outros bispos auxiliares. “Ao pensar nas palavras que diria hoje, meu coração se lembrou de Moisés, na passagem da sarça ardente, quando ouviu de Deus: ‘tire as sandálias dos pés, pois o lugar onde estás é uma terra santa’. Ao pisar no solo desta cidade e nesta catedral, tenho certeza de que estou em um lugar santo. Eis-me aqui nesta terra, em missão na Arquidiocese de Salvador e de todos os santos”, disse Dom Estevam.

(Foto: Patrícia Luz)

Dom Estevam

Nascido em Vitória da Conquista – Bahia no dia 10 de abril de 1968, Dom Estevam foi ordenado presbítero no dia 9 de julho de 1995. Desenvolveu trabalhos pastorais, como pároco, em diversas paróquias, assessorando pastorais e movimentos.

Antes de ser nomeado bispo auxiliar, era pároco de Nossa Senhora das Candeias (Vitória da Conquista), diretor espiritual no Seminário Maior e ecônomo da Arquidiocese de Vitória da Conquista.

No dia 29 de janeiro deste ano, Dom Estevam recebeu a missão de auxiliar, como bispo, a Arquidiocese de Salvador. A Ordenação Episcopal aconteceu no dia 30 de março, no Ginásio de Esportes de Vitória da Conquista. “Eu escolhi como lema ‘Ai de mim se eu não evangelizar’. Venho para somar e dar a razão da esperança que é o próprio Jesus Cristo, vivo e ressuscitado. Quero também buscar aqueles que estão afastados da religião. Quero chegar mais perto, especialmente dos jovens”, diz Dom Estevam.

Discurso de Dom Estevam Santos na Catedral durante a sua apresentação como bispo auxiliar de Salvador:

Sábado, 26 de abril de 2014

Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Murilo Sebastião Ramos krieger, Arcebispo Metropolitano de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, nosso querido Arcebispo!

Meus Irmãos Bispos Auxiliares desta sede metropolitana: Dom Marco Eugênio, dom Giovanni Crippa e Dom Gilson Andrade Silva.
Caríssimo Dom Luis Gonzaga Silva Pepeu – Arcebispo da Arquidiocese de Vitória da Conquista e Presidente do Regional NE III, na pessoa do qual saúdo os demais bispos.

Autoridades da sociedade civil ou Militares aqui presentes ou representadas. Senhores e Senhoras Superiores e Superioras de Congregações Religiosas, Presbíteros e Diáconos, Religiosos e Religiosas, Seminaristas, queridos Leigos e Leigas!

Ao pensar nas palavras que diria hoje aqui, meu coração foi tocado pela passagem em que Moisés se aproxima da sarça ardente e ouve a voz de Deus, dizendo: “TIRE AS SANDÁLIAS DOS TEUS PÉS, POIS O SOLO ONDE PISAS É TERRA SANTA”!(Ex 3,5)

Ao pisar no solo desta terra e desta Igreja Catedral, tenho a certeza de que estou em uma Igreja Santa! Igreja primeira de toda a Terra de Santa Cruz! Eis-me aqui! Nesta terra mística; na Arquidiocese de Todos os Santos!

Os Santos são amigos de Deus! E eu chego a esta terra onde todos desejam ser amigos dos amigos de Deus. Tenho certeza disso, estou em terra Santa, estou na Bahia de São Salvador, a minha querida Bahia de todos os Santos! Terra de tantas histórias, de dores e de clamores, de navios negreiros! Mas esta é também a terra da alegria, da beleza, de um povo de fé, de esperança, de amor e de solidariedade! A sua geografia e sua teografia revelam a bondade de Deus.

Por aqui passaram São José de Anchieta, o Padre Antônio Vieira; aqui poetizou Castro Alves, que eternizou a praça como símbolo da liberdade de um povo! E foi nesta terra também que viveu o brilhante Rui Barbosa, defensor de princípios de igualdade e de justiça. Terra de grandes bispos, arcebispos e cardeais, como os nossos saudosos Dom Eugênio de Araújo Sales, Dom Avelar Brandão Vilela, Dom Lucas Moreira Neves. Registro, também, a minha estima e admiração pelo nosso querido e zeloso pastor Cardeal Dom Geraldo Magela Agnelo. Encontram-se aqui ícones dos célebres sacerdotes baianos, como monsenhor Gaspar Sadoque (desde minha infância eu o admiro) e, como ele, vários ilustres e veneráveis padres, religiosos e religiosas. Por aqui estão ordens religiosas primeiras e as mais recentes, todas elas envolvidas no carisma de fazer o bem! E é nesta terra sagrada que descansam os restos mortais da Beata Lindalva e da queridíssima beata Irmã Dulce dos Pobres, minha querida Irmã Dulce, por quem tenho particular devoção.

Peço Licença para saudar, com o meu coração de pastor, o coração daqueles que já se encontram por aqui há mais tempo, pastoreando com tanto zelo: os presbíteros e diáconos,religiosos e religiosas e,sobretudo, os leigos e leigas que, através das paróquias e de suas redes de comunidades, dos grupos, pastorais, movimentos, associações, conferências, confrarias, irmandades, comunidades novas ou caritativas, todas as forças vivas laicais, todos os servidores da vinha do Senhor, que tanto se dedicam à evangelização desta grande cidade, cidade querida do Sr. do Bonfim e Nossa Senhora da Conceição da Praia.

Sou Baiano de nascimento, de coração, de corpo e de mente. Conheço de perto os gingados, a cultura e a alegria espontânea de nosso povo. Mas conheço também o clamor e o sofrimento da nossa gente, desse povo de tanta fé, explorado pelo capitalismo desenfreado,numa sociedade de consumo, em que prevalece a cultura do descartável e de muita falta de ética .

Venho de uma jornada de dezoito anos como pároco. Aproximei-me inúmeras vezes das periferias, das comunidades urbanas e rurais, distritos, povoados e vielas, no sertão, na mata e na caatinga. Vivenciei, ultimamente, a complexa cultura da Pastoral Urbana de uma grande cidade, Vitória da Conquista, terceira em população do estado. Cidade que se encontra em processo de crescimento rápido e contínuo, com as conseqüentes problemáticas da exclusão dos pequenos e pobres. Durante esses anos, tenho testemunhado de perto o clamor do povo baiano por educação e saúde de qualidade, por vagas nos hospitais, por estradas, por água tratada, por saneamento básico, por emprego, por moradia, pelo pão, pela liberdade, enfim, pela dignidade humana!

Mas também há muita gente com a fome e a sede de Deus. Venho, então, atender ao chamado de Deus com a missão de somar nesta Santa e Venerável “SÉ”, que tanto é respeitada e que, por isso, é sempre mediadora e defensora dos inalienáveis direitos concedidos por Deus aos pobres, aos trabalhadores e a toda Pessoa Humana. Orgulho-me poder estar ao lado de Dom Murilo, dos meus irmãos bispos auxiliares, deste Clero e de toda esta Igreja que sempre procurou ouvir o clamor do Povo de Deus…”.

Chego trazendo a minha história e a vontade de me inserir de forma mais efetiva na história belíssima da Igreja de São Salvador, na vida de cada comunidade, do centro à periferia; na fraternidade com cada presbítero e diácono “PARA MAIS AMAR E SERVIR” como ensina meu santo de devoção, Inácio de Loyola. Vim para ajudar e tenho a convicção de que também serei ajudado por todos. Quero aprender com vocês e quero engajar-me totalmente no que estão focados. Minha missão é servir à Igreja! Desejo ser, como pede o Papa Francisco, não como os discípulos que cochilaram lá no Getsemany, mas como Simão Cirineu, que, mesmo cansado, ajudou a carregar a Cruz de Jesus Cristo.

Ensina-nos o Concílio Vaticano II que a Igreja é LUZ para os POVOS! Sei que esta Arquidiocese é para Salvador uma Luz. Desejo ardentemente reforçar esta chama; como uma vela acesa, me consumir e, sob o comando de Dom Murilo, esta chama de amor e esperança, que é a Igreja, possa cumprir ainda mais a sua missão.

O Evangelho semeado com alegria é tudo o que a sociedade de hoje necessita. Digo “COM ALEGRIA!” como tem enfatizado o Papa Francisco. A boa notícia, que é Jesus Cristo, ajuda o mundo a enfrentar as diversas correntes contrárias, inclusive aquelas que querem mudar a concepção de família ou, ainda, as que desrespeitam a dignidade humana.

O que for prioridade desta Arquidiocese será de agora em diante a minha prioridade; Sou apaixonado pela vida paroquial, desejo colaborar sempre com os queridos Párocos e Vigários, para que os mesmos nunca se esqueçam que missão, é sempre Partir, partir para onde Cristo enviar! Quero olhar tudo com os olhos de Deus: um olhar sobre a periferia, sobre os bairros desassistidos, sobre os indiferentes, afastados de Deus. Desejo, sobretudo, estender o meu olhar de pastor sobre as periferias existenciais e as fronteiras onde o Evangelho precisa chegar com mais urgência. Um Olhar especial e atento as redes de comunidades e em especial as vocações sacerdotais e religiosas, sobre os jovens, nossos queridos jovens.

O nosso Bem-aventurado, e porque não já dizer, São João Paulo II, já visualizava o que o querido Bento XVI confirmou e, recentemente, no Rio de Janeiro, o santo Padre Francisco constatou: A IGREJA É JOVEM! TEM ROSTO DE JOVEM! Desejo testemunhar em meio aos jovens que não é perda de tempo seguir Cristo, buscar as virtudes e testemunhar que “a vida com Cristo é uma aventura maravilhosa. Só Ele pode dar significado pleno à vida. Só Ele é o centro da história.” São João Paulo II

Agradeço mais uma vez a Dom Murilo e a todos que aqui vieram me recepcionar. Às caravanas que vieram da querida Arquidiocese de Vitória da Conquista; da minha querida paróquia Nossa Senhora das Candeias e da Catedral de Conquista, do povoado de São Sebastião, e de outras cidades, Planalto, Poções, Iguaí, entre outras. Àqueles que nos escutam através da Rádio Clube de Conquista, da rádio comunitária de Poções, Planalto, Lucaia, Nova Canaã, e, também, a já querida,Rádio Excelsior. Agradeço à Pascom e a toda a imprensa aqui presente nos seus diversos canais e modalidades. Saibam que os areópagos modernos como as redes sociais terão sempre espaço em meu olhar de pastor.

A minha eterna gratidão ao presbitério, aos diáconos, religiosos e religiosas de Vitória da Conquista e, de modo muito particular, a minha estima, admiração e gratidão ao nosso querido Dom Luís Gonzaga Silva Pepeu, Pastor Zeloso e Virtuoso da Igreja de Deus.
Meu carinho especial à minha mãe Iraide, aqui presente, (meu pai já falecido) e aos meus familiares também aqui presentes, as Irmãs Missionárias da Sagrada Face e aos amigos de Vitória da Conquista;Vocês serão, de agora em diante, o maior elo que me une à querida terra das flores, Vitória da Conquista, jóia do sertão baiano!Sei que sempre poderei recorrer a vocês. Lembre-se: Temos um amigo em comum, que é Jesus Cristo.

Agora, resta-me TIRAR AS SANDÁLIAS DOS MEUS PÉS E PISAR NO CHÃO, COM TODA A CONFIANÇA NESTA TERRA ABENÇOADA PELO SENHOR DO BONFIM!

Concluo com meu lema Episcopal:

“Anunciar o Evangelho não é título de Glória para mim;
Pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta”.

AI DE MIM SE EU NÃO EVANGELIZAR“(1 Coríntios 9,16)

+ Estevam dos Santos Silva Filho

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Por Arquidiocese de Salvador

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