Reza a lenda que o futebol espanhol só tem os contornos atuais graças a Don Alfredo Di Stéfano. De um lado, o Real Madrid. Do outro, o Barcelona. Tudo devido a uma briga iniciada na década de 50 pelos gols do La Saeta Rubia (A Flecha Loira), apelido do magistral ponta de lança que abraçou três nacionalidades: argentina, colombiana e espanhola. Uma disputa que transcedeu o campo, ganhou contornos políticos e demonstrou o tamanho de Don Alfredo.
Nesta segunda-feira, 7 de julho, a lenda faleceu por complicações resultantes de uma parada cardíaca sofrida no último sábado, em Madri, onde vivia. Aos 88 anos, o craque era visto em cadeira de rodas nos seus últimos dias na capital espanhola. Um contraste com o símbolo de genialidade e vigor físico que encantou o mundo nas décadas de 50 e 60 e atuou até os 40 anos. Um que craque polarizou o futebol espanhol.
O início dessa história digna de folhetim ocorreu em 1952. O Millonarios, da Colômbia, recebeu um convite para ser o adversário do poderoso Real Madrid, da Espanha, em comemoração ao cinquentenário merengue. Na bagagem, os colombianos levaram sua grande estrela: Alfredo Di Stéfano, dono de velocidade impressionante, chutes poderosos e capacidade de decisão até então pouco vista em um mundo que ainda não conhecia Pelé. Não deu outra. Com dois gols daquele argentino nascido em Buenos Aires a 4 de julho de 1926, o Millonarios bateu o anfitrião por 4 a 2.
Clube da Catalunha e de olho no jogo festivo, o Barcelona não titubeou: iria contratar aquele craque de 26 anos. Negociou, então, com o River Plate, que detinha seu passe. Mas, com a greve geral no futebol argentino, Di Stéfano fazia suas diabruras com a camisa do Millonaros, por quem disputava a Liga Pirata colombiana. Sedento, o Real Madrid negociou com os colombianos. Quem, afinal, era o dono do passe de Di Stéfano?
Com a camisa merengue, Di Stéfano fez por merecer para chegar ao patamar de lenda: arrebatou multidões com seus 307 gols em 371 jogos, de 1953 a 1964. Alçou o clube da capital a um patamar jamais imaginado ao conquistar, de uma tacada só, cinco Champions League consecutivas, metade do número atual, um recorde, entre 1956 e 1960. Foram, também, oito campeonatos nacionais. O Real Madrid de Di Stéfano e o húngaro Puskas virou equipe lendária e ganhou o mundo. Diante do sucesso arrebatador, Don Alfredo vestiu a camisa da seleção espanhola. Mas, pela Fúria, não teve o mesmo sucesso e nunca chegou a disputar uma Copa do Mundo, talvez a maior frustração de sua carreira. Mas tentativas não faltaram. Em época amadora, Di Stéfano foi dos primeiros jogadores a ser um craque mundial. Literalmente.
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Por ESPN
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