Entrevista: Junior Gaivota

10/mar/2014 . 16:50


Junior Gaivota sobrevoou Iguaí, vindo da Serra do Ouro, e também da região da Água Bela, além de ter realizado alguns voos na região do Ribeirão das Flores. Ele, que é de Iguaí, mas mora no Rio de Janeiro, disse ter realizado um sonho. Vencedor de várias competições de voo livre pelo Brasil afora, está em Iguaí e falou sobre o esporte e a possibilidade do município investir no turismo radical e de aventura.

Junior Gaivota (Foto Nelo Ferrari)

Junior Gaivota (Foto Nelo Ferrari)

Iguaí Mix – Como você começou a voar de parapente, como começou essa história?

Junior Gaivota – Eu era um cara que tinha pavor de altura. Eu não subia numa escada para trocar uma lâmpada. Se falasse comigo para andar de avião, era como se eu fosse cometer um suicídio. Eu tinha pavor de avião e eu queria quebrar esse tabu na minha vida, porque eu quero fazer viagens para fora do país e precisa ser de avião. Aí um amigo falou que estava fazendo um curso e me levou para ver. A primeira vez que eu vi, eu fique apavorado, eu falei: Deus me livre, vocês são malucos para andar num negócio desses. Fui vendo, todos os dias que ele ia fazer o curso, ele me levava, eu estava operado, ficava lá, sem ter o que fazer, vendo ele fazer o curso. E fui me interessando, achei que ela interessante e fiz o meu primeiro voo duplo com um instrutor. Foi a coisa mais absurda que eu fiz na vida. Fiquei apavorado, foi no Rio de Janeiro, na rampa do Parque da Cidade, em Niterói. Voei o tempo todo de olho fechado e não curti nada. Pousamos, vi que era seguro e fui de novo. Então, me apaixonei pelo esporte e comecei a fazer um curso também e um sonho que eu tinha era voar aqui na minha cidade, na minha terra natal. Voei em todas as rampas do Brasil e queria ver se eu conseguia inaugurar alguma rampa por aqui. Voei lá na Serra do Ouro, achei maravilhoso o voo. Fiz um sobrevoo lindo em cima da cidade de Iguaí e estou aqui agora na fazendo do Nelo, no Ribeirão das Flores, tentando ver se consigo inaugurar, criar uma rampa nova no Brasil de voo.

Iguaí Mix – Você, que já voou por vários lugares do Brasil, poderia citar os mais importantes, os mais bonitos em que já esteve e como é que foram essas aventuras?

Junior Gaivota – Primeiro lugar, o Rio de Janeiro, minha escola de voo livre, Parque da Cidade, uma rampa maravilhosa. Não posso deixar de citar a Pedra Bonita, em São Conrado, e depois Governador Valadares, Minas Gerais, no Pico de Ibituruna, uma rampa onde se disputa campeonatos mundiais de parapente. Castelo, Espírito Santo; Araxás, Minas Gerais; São Pedro, que é uma rampa maravilhosa que tem em São Paulo, e se eu for citar todas as rampas, a gente vai ficar aqui o dia todo.

Junior Gaivota (Foto: Iguaí Mix)

Junior Gaivota (Foto: Iguaí Mix)

Iguaí Mix – E aqui na Bahia?

Junior Gaivota – Na Bahia, a primeira vez é aqui na minha terra, na Serra do Ouro, em Iguaí, que é um ouro o voo lá. Foi muito bacana, o voo foi todo gravado e o vídeo vai estar disponível aqui no Iguaí Mix.

Iguaí Mix – Como é para você estar em Iguaí fazendo esse voo? Qual foi sua emoção em estar voando pela primeira vez em Iguaí, já que você é daqui, seus pais, seus avós, sua família?

Junior Gaivota – Vou resumir em poucas palavras: realização de um sonho, que foi ver a minha terra por cima. A única coisa que faltava para mim, para completar o meu histórico de voo livre. Fui campeão em vários campeonatos, disputei sete campeonatos. Fiquei em primeiro lugar em quatro, segundo lugar em dois, e terceiro lugar, em um. Só que a divulgação é muito fraca, em termos de premiação, aí eu comecei a não gostar mais de disputar campeonatos, é mesmo curtição, só hobby. Eu acho que é um esporte radical muito arriscado e a premiação é muito fraca.

Iguaí Mix – Quais foram as competições em que você ficou foi premiado?

Junior Gaivota – Uma rampa muito boa de voo livre em Sampaio Correia; em Sapucaia, ambas no Rio de Janeiro; Araxá, Minas Gerais; Brasópolis, São Paulo, onde tem o observatório nacional para ver os planetas, muito bom o voo lá. Já em Castelo, Espírito Santo, numa rampa muito boa também, em nível mundial,  eSanto Antonio da Alegria, Ilha do Arco, em São Paulo, que é uma cidadezinha que tem um terço de Iguaí e é muito bem divulgada no ranking mundial, fiquei em segundo lugar nas duas. em São Pedro, São Paulo, fiquei em terceiro lugar.

Junior Gaivota (Foto: Nelo Ferrari)

Junior Gaivota (Foto: Nelo Ferrari)

Iguaí Mix – Em relação a Iguaí, o que você achou das condições de voo, já que disse que pensa em trazer o parapente aqui para a região, já que você é daqui e mora no Rio de Janeiro, além de fazer isso em vários estados do Brasil? Há possibilidade de se fazer isso?

Junior Gaivota – O vento predominante aqui é leste, bom de voar de fazer cross. Térmicas maravilhosas, o potencial é maravilhoso, tem muito gerador de térmicas, muito gatilho. O gatilho é o vento e o gerador, é o relevo, as pedras que ficam em evidência, que o ar passa pelas pedras que o sol aquece e é o gerador da térmica e tem muito gerador que são locais frios, porque tem muitas lagoas, muitas cachoeiras. Esses são os geradores das térmicas e o gatilho é o vento, que é um bom vento para poder empurrar a gente para longe, gerador que são as cachoeiras, os rios, os riachos, as lagoas e muito urubu para mostrar o caminho para a gente.

Iguaí Mix – E como é que foi a visão lá de cima, quando você pulou da Serra do Ouro e fez o pouso aqui no Parque de Exposições Edgard Lobo?

Junior Gaivota – Uma visão maravilhosa, um local de fácil acesso, não tem muita roubada, como a gente fala lá no Rio de Janeiro. Roubada são picos de morro muito algo, que têm no Rio, muita mata, e aqui e mais plano. Então você consegue visualizar o horizonte, para onde você quer ir.

Iguaí Mix – Iguaí é um lugar que está ficando bastante conhecido, devido às cachoeiras e ao grande manancial hídrico, vários rios, riachos, além de muitos vales e serras. Você acha que dá para investir no turismo radical e de aventuras aqui na cidade?

Junior Gaivota – Com toda certeza. O investimento aqui nesse esporte, e acho que vai render bastante frutos para a cidade, porque muitos praticantes do voo livre precisam de local bom para bater recordes de distância, como aqui, que tem muita térmica, muito gerador, muito gatilho, tudo de bom.

Iguaí Mix – Como seria o primeiro voo para as pessoas que nunca voaram de parapente? O que você orienta em relação a isso, é perigoso, é um esporte seguro?

Junior Gaivota – É um esporte muito seguro, tem muito morro baixinho que a pessoa dá para brincar de decolar e pousar e a segurança do esporte depende muito do piloto, pois ele não pode também ir contra a natureza. Se ele olhar a condição e ver que não é propícia para o voo, ele não vai decolar. Então, se ele fizer isso todas as vezes que ele for voar, o risco é zero de qualquer perigo no voo. Não tem risco nenhum, respeitando a natureza.

Junior Gaivota sobrevoando a Serra do Ouro (Foto: Nelo Ferrari)

Junior Gaivota sobrevoando a Serra do Ouro
(Foto: Nelo Ferrari)

Iguaí Mix – Qualquer pessoa pode voar, tendo uma orientação e sabendo como fazer isso?

Junior Gaivota – Pode, é como se fosse andar para mim hoje. Eu passo mais tempo voando do que andando.

Iguaí Mix – Há algum idade para a pessoa fazer o seu voo de parapente, pode ser criança, adolescente, jovem, idoso? Qual a idade para a prática desse esporte?

Junior Gaivota – O meu filho fez o seu primeiro voo numa rampa aos doze anos. Hoje, ele voa comigo, ele tem quatorze anos. Tem um senhor de  setenta e seis anos que voa todo final de semana com a gente.

Iguaí Mix – Ou seja, para voar não tem idade.

Junior Gaivota – Não tem idade, não tem idade mesmo. Os filhos do meu instrutor, que para mim é o melhor do Brasil, Luciano Miranda, eles começaram a voar com oito, dez anos de idade. Hoje eles voam muito, eles são muito bons como o pai.

Iguaí Mix – Nós estamos aqui na região do Ribeirão das Flores, você vai fazer mais um voo aqui em Iguaí. O que você espera desse voo, quais são as suas expectativas?

Junior Gaivota – São muito boas, porque hoje o vento está bom, as térmicas estão maravilhosas, o sol está aquecendo bastante o solo, que eu estou observando e só falta o alinhamento do vento com a montanha que eu vou decolar para fazer um voo maravilhoso aqui.

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Por José Carlos Assunção Novaes

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