Brasil e Chile querem elevar aporte bilateral
Os dois países devem iniciar negociação para facilitar investimentos. Medida pode abrir portas para que o Brasil firme acordos comerciais, além de aproximar Mercosul da Aliança do Pacífico.
O Brasil e o Chile devem iniciar uma negociação para um acordo bilateral de facilitação de investimentos. Para isso, vão criar uma comissão para avaliar formas de alavancar aportes nos dois países.
Para especialistas, a medida pode abrir portas para o Brasil firmar mais acordos de comércio e de investimentos com outros países. Além disso, pode significar um passo de maior aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico – bloco formado por Chile, Colômbia, Costa Rica, México e Peru.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o início da negociação ainda não está previsto.Contudo, afirma que Brasil e Chile já começaram um diálogo sobre cooperação de investimentos entre os países.
Principal destino
O Chile se destaca como o décimo principal investidor do País. Segundo dados do Banco Central (BC), até agosto desse ano o Brasil recebeu cerca de US$ 1,075 bilhões de aportes do país vizinho.
O Brasil é o principal destino dos investimentos chilenos, representando 25% do volume total de aportes.
O coordenador do curso de Comércio Internacional da Universidade Anhembi Morumbi, José Meireles de Sousa, diz que o acordo de facilitação de investimentos, se firmado, pode encorajar o Brasil a estabelecer negócios com outros países. No entanto, ressalta que um acordo ainda é muito pouco para alavancar a internacionalização das nossas empresas e para melhorar o comércio exterior brasileiro.
Maior aporte
“Firmar um acordo de investimentos com o Chile seria um passo muito importante para o Brasil. Nós não temos muitos acordos comerciais significativos e isso limita a atração de investimentos. Além disso, a retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos, está atraindo mais aporte estrangeiro. Portanto, uma iniciativa de facilitação de investimento é muito bem vinda nesse momento”, diz Sousa.
Para o professor da Anhembi Morumbi, atrair investimentos ao Brasil, nesse momento, pode compensar os prejuízos da crise argentina ao comércio exterior brasileiro. “Além disso, a atração de aportes permite que as empresas caminhem com mais segurança, além de integrar as empresas ao comércio internacional”, diz.
O professor da Anhembi Morumbi também ressalta que um acordo entre Chile e Brasil pode ser uma forma do Mercosul se aproximar da Aliança do Pacífico. “A aproximação tem que ocorrer por meio de acordos comerciais. […]O Mercosul tem uma desvantagem enorme com relação à Aliança do Pacífico. Além deles terem firmado mais acordos que nós, a corrente de comércio da Aliança é muito superior à nossa. Portanto, não adianta também só fazer acordos com outros países, é preciso mudar a cultura de comércio exterior dentro do Brasil, ainda muito voltada para o mercado interno”, diz ele.
Além da intenção do Chile de aumentar os investimentos no Brasil, o comércio entre os dois países cresceu nos últimos cinco anos. Passando de US$ 5,331 bilhões em 2009 para US$ 8,808 bilhões em 2013.
Medidas
Outras medidas divulgadas pelo Mdic na última sexta-feira também objetivam facilitar as trocas comerciais entre os países vizinhos. Em uma reunião entre os governos brasileiro e chileno, foi decidido que os dois países irão atualizar os seus sistemas de emissão e recepção de certificados de origem. De acordo com o ministério, essa medida irá possibilitar a troca digital dos documentos sem a necessidade das vias em papel.
O novo sistema de trocas comerciais deve entrar em vigor em janeiro do próximo ano.
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Por DCI