Acesso à água estimula produção, pesquisa e solidariedade
Agricultor dono de 10 hectares de terra desenvolveu técnicas para a produção de alimentos para consumo nas escolas
A necessidade, aliada a uma saudável curiosidade científica, levou Abelmanto Carneiro de Oliveira, agricultor familiar do município de Riachão do Jacauípe, na Bahia (BA), a pesquisar o uso de tecnologias alternativas para a produção agrícola na região do Semiárido. Dono de uma terra de 10 hectares, Abelmanto começou a utilizar cisternas para consumo e produção em 2007, com o apoio dos governos federal e estadual. Nos anos seguintes, o agricultor desenvolveu técnicas que hoje garantem o abastecimento de água para pelo menos quatro famílias, além da produção de alimentos para escolas.
A partir de seus experimentos, Abelmanto construiu uma barragem subterrânea. A barragem mantém o solo úmido a 50 centímetros de profundidade, eliminando a necessidade de regar a terra para que ela fique produtiva o ano todo. O agricultor também passou a plantar capins para cilagem e palma, utilizada para alimentar o gado no período de estiagem. “Produzo a minha carne. Só compro o que não dá para produzir”, diz Abelmanto, que é casado com Jacira de Oliveira, de 43 anos. Os dois tem uma filha.
O abastecimento das famílias é feito graças ao armazenamento de 3 milhões de litros de água em quatro cisternas. A propriedade abriga ainda sete barreiros comuns, um barreiro trincheira e 10 barraginhas sucessivas que abastecem o lençol freático. Parte da produção de sua horta agroecológica é vendida ao Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
“A verdade é que tudo isso só foi possível graças ao uso das cisternas”, contou Abelmanto ao Portal Brasil. Para o agricultor familiar, a tecnologia mudou radicalmente a vida dos moradores da região, que estão acostumados a enfrentar longos ciclos de estiagem. “Agora o pequeno agricultor tem autonomia. Hoje, temos a ousadia de dizer que morar aqui é uma escolha nossa. Estamos no Paraíso”.
Cisternas nas escolas
O sucesso da iniciativa levou o governo federal a ampliar o programa para levar cisternas às escolas da região. Até 2016, serão construídas 5 mil cisternas em 254 municípios do Semiárido. Orçado em R$ 69 milhões, o projeto prevê a instalação de cisternas de 52 mil litros com capacidade de armazenar água por até oito meses. O sistema também permite o reabastecimento de água com carros pipa. As cisternas serão construídas nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
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Por Portal Brasil