Consumidores encontram economia no atacadão
A crise financeira tem feito com que o consumidor tenha buscado alternativas a fim de economizar diante de tantos aumentos como água, energia e combustível. Nos supermercados tradicionais, os compradores tem se queixado cada vez mais da alta nos preços dos produtos e, como opção, eles tem buscado fazer as compras do mês nos chamados atacadões, onde podem comprar em maior quantidade e ainda ter uma economia de até 30% em comparação com as grandes redes de varejo.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), o setor cresceu 7,3% no ano passado, 0,9 ponto percentual acima da inflação e acima do crescimento de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país). Com faturamento de R$ 211,8 bilhões em 2014, os atacadistas concentraram 51,7% do mercado nacional de mercearias. O que antes era um espaço utilizado apenas por pequenos comerciantes, agora também atrai pessoas de várias classes sociais.
De acordo com o consultor de varejo da Associação Baiana de Supermercados (Abase), Rogério Machado, o segmento de varejo alimentício não vem passando por dificuldades, ao contrário de outros setores da economia. “Ele está em crescimento, principalmente na Bahia, onde teve um ganho da renda muito grande. Mesmo com o desemprego na casa dos 12%, as pessoas não perderam a oportunidade de comprar, já que muitos foram para informalidade, mas possuem tem algum tipo de renda”, relatou.
Nos estabelecimentos, ainda não foi sentido o aumento na procura, mas a tendência é de que, nos próximos meses, o número de clientes seja maior. “Como trabalhamos com preços muito mais baratos que a concorrência, essa é a nossa crença. Apesar da retração que temos visto na economia, nossa expectativa é positiva”, comentou Mariana Nicolau, coordenadora de marketing de um estabelecimento que fica no bairro da Calçada.
Segundo ela, o diferencial da loja, além do preço, é o aumento na variedade de produtos e a qualidade do serviço, que já é percebida pelos consumidores. “A diferença é grande. Eu mesma só faço mercado de mês e consigo ter uma boa economia”, disse a assistente administrativa, Nalva Santos. “No geral, o preço está mais acessível. Aqui, por exemplo, o valor do queijo está em R$ 13, o quilo, quando em grandes mercados está em R$ 17”, falou a recepcionista, Andréa Marques.
Dono de uma mercearia no bairro onde mora, o comerciante, Eliezer Nunes Rosendo, diz que não abre mão de comprar os itens que necessita no local. “Eu já compro em grande quantidade para revender lá. A compra aqui dá para o mês todo e dá pra ganhar um dinheiro bom na hora da venda”, contou ele enquanto empurrava um dos dois carrinhos cheios de produtos ao lado da esposa.
Preços podem ser até 30% menores
A procura pelos atacadões também tem sido uma tendência no estado, assim como vem acontecendo a nível nacional. “Um ponto positivo deles são as vendas em volumes, dando opções para aquele cliente que tem uma família maior ou menor, por exemplo, ou até mesmo aquele vendedor que compra determinados itens que ele usa para fabricar o produto final com que ele trabalha”, destacou Machado.
O consultor também aponta que, além das questões econômicas, outros fatores têm levados os consumidores a comprar nesses estabelecimentos. “Normalmente são pessoas que não se importam muito com o serviço, por que estão mais preocupados com o preço. Nesse momento, as pessoas procuram qualquer tipo de vantagem. Mas isso vai depender muito do tipo de compra do cliente. Se for uma compra básica, pode-se dizer que, sim, é uma boa opção”, pontuou.
Em outra loja que fica na Avenida Barros Reis, consumidores contam, que além dos bons preços, os atacadões melhoraram muito a estrutura que é oferecida aos clientes. “Antes a gente não tinha uma variedade de produtos que nós temos agora, além das facilidades de pagamento. Se formos botar na ponta do lápis, sai muito mais em conta. Nesse momento, temos que ter a criatividade necessária para driblar a crise”, falou o economista, Carlos Henrique.
A economia, em alguns itens, segundo ele, varia entre 15% e 25%. Já a professora, Taís Gatis, diz que consegue uma economia ainda maior, de 30%. “A gente percebe, principalmente, quando faz as compras do mês. Praticamente não vejo diferença entre o serviço oferecido aqui e nos mercados tradicionais, hoje em dia. Sem dúvida, compensa andar um pouco mais para vir até aqui, mesmo que tenha um mercado perto de nossa casa”, comentou.
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Por Tribuna da Bahia