Novos mercados e alta do dólar puxam ganhos dos exportadores de carne e frango

Já são 157 mercados dispostos a comprar do Brasil; Japão é destaque depois de romper barreira aos avicultores brasileiros
A queda no preço das commodities, puxada pelo menor apetite da economia chinesa, reduz a participação de produtos como a carne, a soja e o minério na balança comercial brasileira. Mas a alta do dólar tem levado os produtores de carne de frango a obter ganhos maiores na troca direta com o mercado internacional. Um ganho auxiliado, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), pela abertura de novos mercados para carne, ovos e material genético. “O aumento de mercado é importante para nós, porque ganhamos um passaporte de sanidade sanitária”, afirma o presidente da entidade, Francisco Turra.
Já são 157 mercados dispostos a comprar do Brasil, com destaque para o Japão, que rompeu em agosto a barreira para os avicultores brasileiros. O país asiático é o principal importador de ovo do mundo. O mercado japonês tem outra função importante: serve de selo de qualidade sanitária para outros países.
Turra aponta o acesso a mercados exigentes, como o japonês, como diferencial dos produtos brasileiros. Isso patrocina, segundo ele, a tendência de fluxo crescente nas exportações no longo prazo. “Existem problemas de gripe aviária em 40 países e o Brasil não tem isso”, diz, ressaltando que é essa é a mensagem que o setor quer consolidar no mercado internacional.
Não é por acaso que a ABPA minimiza o fato de o setor acumular um recuo de 5,9% no total das exportações deste ano. Elas somaram US$ 4,22 bilhões até agosto, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo Turra, o ganho na remessa de produtos em volume cresceu 5,5% até julho, atingindo o recorde de 447 mil toneladas.
O aumento de volume, em meio a um dólar mais caro, tem como resultado direto o aumento na receita financeira do setor com as exportações. Com isso, em um ano de aperto econômico, o setor tem conseguido compensar queda no volume com mais dinheiro em caixa. “Em reais, o ganho com as exportações é altamente positivo e o Brasil está aproveitando muito”, diz.
Mais receita
A Copavel Cooperativa Agroindustrial é uma das empresas que aproveitam o momento. Ao contrário do que tem acontecido com o setor, a cooperativa de Cascavel (PR) reduziu as exportações neste ano para atender ao consumo interno. Mas o movimento acabou compensado pelo câmbio. “Se pegarmos o dólar valorizado em 43% (em um ano), ele compensa a queda nas nossas importações”, diz o diretor-presidente da empresa, Dilvo Grolli.
Ele avalia que o fluxo de exportação pretendido pela empresa, de cerca de 50% do frango e derivados de 26 filiais instaladas em 17 municípios das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, deve ser atingido com mais facilidade após a consolidação dos últimos acordos de abertura comercial articulados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a partir do primeiro trimestre de 2016. “Entre as empresas negociarem e fazermos os embarques, tudo se consolida em uns seis meses”, confia.
Grolli, contudo, cobra mais agilidade para facilitar o envio de produtos ao Exterior. “É importante a parte do governo na abertura de mercado. O governo tem se esforçado nisso, mas ainda está pecando pela burocracia. É possível agilizar (o trâmite burocrático), mas tenho de ser leal e reconhecer que o governo está se esforçando”, avalia.
O presidente da ABPA indica o novo padrão de Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) do Departamento de Saúde Animal do Mapa como a ferramenta que pode agilizar a burocracia, como cobra a Copavel. Lançado em agosto, o CZI vai facilitar a emissão dos protocolos sanitários exigidos pelos importadores de material genético e ovos. “O governo, sinceramente, está ajudando na abertura de mercado”, afirma Turra.
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Por Portal Brasil