Iguaí completa 63 anos de emancipação política. Conheça um pouco da história do município

Falava-se muito na região das Lavras Diamantinas da existência das Matas do Gongogi, pertencentes ao município de Poções. Terra muito fértil, boa para a agricultura e pecuária, pois chovia bastante. Começaram afluir os seus primeiros exploradores, como João Teixeira Caetité, Coronel João Adalberto Correia, João Manoel, Cabo João Costa, Coronel Alberto Lopes, tendo se fixado na região do Rio Novo, Ibicuí, onde até hoje existem seus descendentes. Com a vinda destes, foi despertando interesses em pessoas de Jussiape, Mucugê, Rio de Contas e cidades vizinhas para conhecer a região. Os primeiros a chegarem aqui foram Fulgêncio Teixeira, Bráulio Clementino de Novaes, Arnulfo Ferreira Órfão, Manoel Ferreira da Silva, Ramiro Engrácio de Matos, Ramiro Souza e muitos outros que, com suas famílias, vieram, gostaram e compraram suas terras às margens do Rio Gongogi, hoje Iguaí, onde está localizada a nossa cidade atualmente. Já se encontrava na região o Sr. Ramiro Matos, José Brum (Cazuza), e Manoel (Maneca) Moreira. Chegaram também, logo após, Florindo Luz Novaes, Arlindo Pires, Manoel Isidoro, Eumerindo Dantas, Pedro Chéquer, Jeremias Gusmão, Manoel Pereira, Arlindo Silva, Antônio Luz Teixeira e muitos outros.
Em 1929, resolveram dar início à construção de um vilarejo, tendo como primeiro nome Fazenda de Gado, em homenagem aos seus familiares e fundadores, que vieram de Jussiape, onde havia a maior feira de gado da região. Outros denominavam Lavrinhas, em homenagem a Fulgêncio Teixeira, Bráulio Novaes e outros que vieram das Lavras Diamantinas.
Formado o povoado, que já contava com muitas casas de palha e enchimento, passou a chamar-se Comercinho do Major Fulgêncio, o pioneiro da fundação. Depois de se tornar distrito, recebeu o nome de Iguaí que, em tupi-guarani, significa Fonte de beber água, já que aqui existiam muitas tribos indígenas.
Começaram a chegar muitas pessoas, famílias, amigos e empregados. Destacando-se o Coronel Rodrigo Alves Teixeira, Fidenciano Alves Teixeira, Rodolfo Novaes, Arcênio Medeiros, Damásio Teixeira, Vitorino Alves de Miranda, João Alves, Valdemar da Silva Pinto, Carlos Ribeiro Freire, João Batista da Silva, Manoel Martins de Sousa e outros que contribuíram para o desenvolvimento do povoado.
Em 1925, Bráulio Clementino de Novaes e sua esposa Maria Ribeiro de Novaes (Dona Binha), com seus treze filhos, chegaram em Iguaí e, como casal católico, começaram a se reunir nas casas, para orações, sempre em residências de católicos, construindo depois uma capela na região das Piabas, onde começaram a ser celebradas as missas e, também, na residência de João Ribeiro, que se situava onde hoje é a Praça Juracy Magalhães.
Em 1931, chegou a Iguaí Carlos Ribeiro Freire, mais precisamente no dia 31 de dezembro de 1931, o ano em que eu nasci em Jussiape, viajando a cavalo durante cinco dias. Ele veio com 14 anos.
Em 1935 iniciou-se a construção da Capela Católica na atual Praça Manoel Novaes, onde fica a atualmente a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A capela foi construída por iniciativa de Bráulio Clementino de Novaes e sua esposa, Maria Ribeiro de Novaes (Dona Binha), contando com a colaboração de muitos. O terreno foi cedido pelo Sr. Ramiro Matos (que era batista). Depois, veio a Igreja Batista, que funcionava em uma salão, no local onde hoje é o Bradesco. O terreno pertencia ao Sr. Manoel Pires da Silva, de família católica. Não podendo deixar de mencionar o Pastor Jacinto, que fez amigos em Iguaí, deixando saudades ao sair da região.
Em 17 de janeiro de 1936, chegou a Iguaí Odir Ribeiro Freire, que se tornou um grande comerciante.
Em 1937, foi fundado o Cartório de Registro Civil, sendo nomeado o Sr. José Ribeiro (Zeca do Ouro).
Em 1939, chegou a Iguaí Edivaldo Ribeiro Freire (Valdo), que saiu de Jussiape em 03 de novembro de 1939, chegando em 07 de novembro de 1939.
Com o crescimento do vilarejo, alguns destes homens, como Florindo Novaes, Eupéplio Dantas, Valdemar Pinto, Carlos Ribeiro Freire, Rodolfo Novaes, Leonel Matos, Vitorino Miranda, Izídio, Guilhermino e outros mais, reuniram-se para fundar uma filarmônica, que recebeu o nome de Filarmônica 2 de Julho. Organizaram e angariaram fundos para a compra de instrumentos musicais. Viajando a cavalo, Florindo Novaes e Eupéplio Dantas foram até Barra Avenida, nome dado à região de Jitaúna, a fim de efetuar a compra, já que lá existiam instrumentos musicais. O seu primeiro mestre foi o Sr. Evangelista.
Para a formação de praças e ruas, muito colaborou o pioneiro Manoel Martins de Souza, que não media esforços para ajudar a todos que queriam construir uma casa, doando terreno, madeira e incentivando para o progresso da vila, assim como também Ramiro Matos e Bráulio Clementino de Novaes. Contaram com o apoio do Coronel Maneca Moreira que, na época, era prefeito de Poções e influente político na região, tendo como seu representante Florindo Luz Novaes, que muito fez para o progresso de Iguaí, construindo estradas, pontes e calçamento, em atoleiros e o esgoto que ligava as duas propriedades de Manoel Pires da Silva e Ramiro Matos, sendo o mestre de obras Leonel Matos. Em 1942, aproximadamente, Manoel Martins de Sousa, homem de espírito elevado e grande tino, progressista, iniciou a construção da usina hidrelétrica de Iguaí, pois contava com o potencial hidráulico da região, coisa invejada por muitos municípios vizinhos.
Em 15 de agosto de 1949, Carlos Ribeiro Freire, juntamente com o seu irmão, Edivaldo Ribeiro Freire, implantou um serviço de alto-falante, que passou a ser de grande utilidade para todos , além de alegrar a cidade, como fonte de informações e avisos, denominado “A Voz de Iguaí”, tendo a sua programação dirigida e executada por Edivaldo Ribeiro Freire (Valdo), funcionando até o ano de seu falecimento.
Antes do alto-falante, Carlos Ribeiro Freire era rádio-amador, possuindo um aparelho de rádio que falava com outros estados e países, que era o seu “PY-6-Yucatan Itália”, onde servia a muita gente, já que ainda não existia linha telefônica.
Quanto às primeiras escolas de Iguaí, ressaltamos o nome do primeiro professor, Miguel Gonçalves (Miguelinho), seguido de Ester Galvão, Odete Simões de Paiva, Moisés Dantas Rego, Celina e Eulina Assunção Novaes, primeira professora formada e nomeada pela Secretaria de Educação do estado da Bahia, cujo nome foi dado à atual biblioteca municipal da cidade. Também tivemos Honorina Batista, já aposentada, na época, mas que muito contribuiu na educação do povo de Iguaí, dando sua orientação e fazendo parte das bancas examinadoras no final do ano.
Tivemos também batalhadores incansáveis, como os médicos Ezequiel Batista e Ari Alves Dias, que muito ajudou no crescimento da cidade, atendendo a todos na sede do município e no meio rural, montado em lombo de animais.
Com o crescimento e desenvolvimento de Iguaí, surgiu a ideia da emancipação, tendo à frente os incansáveis Florindo Luz Novaes, Carlos Ribeiro Freire, João Batista da Silva, Arlindo Silva, Manoel Martins de Sousa, Anatálio Schettini, Vitorino Miranda e outros, que contaram com o apoio de prefeito de Poções, Fernando Costa. Depois de várias viagens à capital, Salvador, foi conseguido o desejo de todos. O governador Régis Pacheco assinou em 12 de dezembro de 1952 a emancipação de Iguaí, nomeando Anatálio Schettini, o seu primeiro gestor. Em 1954, houve eleições em todo o Brasil, sendo eleito em Iguaí o seu primeiro prefeito, Carlos Ribeiro Freire, que tomou posse no dia 07 de abril de 1955, tendo feito uma grande administração, construindo estradas de rodagem para o interior do município, através de serviço braçal, os primeiros calçamentos de paralelepípedos em ruas e praças, rede de esgoto, novo cemitério (o antigo era na Rua de Poções) e o Mercado Municipal, que foi concluído após a sua administração, deixando no taipá, o desvio do Rio Gongogi, que na época das cheias inundava parte da cidade, deixando alguns desabrigados. Em 04 de março de 1962, veio a Usina do Rio Preto, pois, com o desenvolvimento da cidade, a primeira já não mais satisfazia a necessidade do povo. Construiu também muitos prédios escolares pelo interior do município. Fundou o primeiro ginásio de Iguaí em 10 de junho de 1955, dando um grande impulso à educação, sendo seu primeiro diretor o Pastor Isaías Cardoso.
A Igreja Católica, que acompanhava o desenvolvimento de Iguaí, desde a sua fundação, antes era uma capelinha, construída por Bráulio Clementino de Novaes. Na gestão de Carlos Freire, que trouxe de Salvador um arquiteto de renome, um frade, para fazer a planta, começou a construção da nova matriz, em 15 de outubro de 1963, e concluída, com muito esforço, a paróquia, que foi inaugurada por D. Climério de Almeida Andrade, segundo Bispo Diocesano de Vitória da Conquista. Contou com o apoio incansável de Maria Ribeiro de Novaes (Dona Binha), que foi a principal incentivadora do projeto, que contou também com a boa vontade de toda a comunidade. A Igreja Católica é uma das melhores e mais belas arquiteturas do interior do estado, com amplos salões para aulas e assistência social e casa paroquial.
Quero lembrar aqui também o esteio principal da Igreja Batista, através do grande batalhador Leonel Matos, que ajudou a construir e conservar esse grande templo. Vários outros grupos religiosos surgiram em Iguaí, demonstrando a liberdade religiosa que existe até hoje no município.
É impossível mencionar as visitas ilustres que já passaram por Iguaí, lembrando algumas, como Juracy Magalhães, Manoel Novaes, Régis Pacheco, Valdir Pires, Josafá Marinho e muitos outros. Devemos lembrar dos bispos diocesanos D. Florêncio Cizínio Vieira, de Jequié, D. Jacson Berenguer Prado, D. Climério Almeida de Andrade e D. Celso José Pinto.
Em setembro de 1967, foi instalada a Comarca de Iguaí, desmembrando-se de Poções. Seu primeiro juiz foi Júlio Batista Neves.
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Por Eulinda Freire Miranda