A alta estatura técnica da pequena Giulia Takahashi

Atleta de 12 anos conquista vaga na chave principal do torneio Sub-21 do Brazil Open de tênis de mesa. Titulares da seleção principal entram em cena nesta sexta, no CT Paralímpico de São Paulo
No vocabulário interno dos atletas, é comum a expressão “mal alcança a mesa” para se referir a jogadores mirins e infantis. Giulia Takahashi, de 12 anos, até caberia na definição. Quem vê de longe, da arquibancada, durante o Brazil Open, percebe que apenas uma porção reduzida de seu corpo supera os 0,76m da altura da mesa. Mas nada é de baixa estatura quando a partida começa. Atleta mais jovem do torneio disputado no CT Paralímpico de São Paulo, ela superou o qualifying e se classificou para a chave principal do Sub-21. Giulia derrotou as brasileiras Brenda Amaral e Luana Katsumata por 3 sets a 0 e foi batida apenas por Martina Kohatsu, por 3 a 1 (7/11, 11/9, 11/8 e 12/10).
“Ela tem uma qualidade incomum: entra no jogo com a certeza de que pode ganhar, seja quem for que estiver do outro lado”, comentou o técnico da seleção brasileira, Lincon Yasuda. O discurso da atleta referenda a “petulância” inata. “Quero tentar ganhar. Conseguir um pódio, quem sabe uma final… É bom ser a mais nova porque entro sem pressão, mas sempre tenho que entrar dando o máximo para sair com um bom resultado”, afirmou.
Giulia foi descoberta no Diamantes do Futuro, projeto de detecção de talentos da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. Ela conquistou o Hopes da América Latina (programa de prospecção de valores da Federação Internacional) e, em março, representou o país no Sul-Americano Infantil/Juvenil. Foi ao pódio três vezes, com direito a uma prata individual no juvenil. Nesta sexta, Giulia encara Lívia Lima pelas quartas de final. Caso avance, pode cruzar com a irmã, Bruna Takahashi, na semifinal. Para isso, a outra Takahashi terá de passar por Daniela Yano.
As irmãs Takahashi se caracterizam pela precocidade. Bruna, de 16 anos, foi a caçula da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Em 2015, venceu o Desafios de Cadetes da Federação Internacional e se tornou campeã mundial da categoria. Recentemente, realizou um intercâmbio na Dinamarca e participou do Aberto da Bielorrúsia. Chegou às oitavas de final no Sub-21. Mais do que uma referência, Bruna é vista por Giulia como “barreira” a ser transposta. “Eu quero ir mais longe, ser ainda melhor do que ela”, disse. “Ela já me falou, brincando, que mais importante do que os títulos que ganha no caminho, a missão maior é ganhar da irmã”, afirmou Luiz Anjos, campeão sul-americano juvenil nas duplas e prata por equipe. Com campanha invicta, ele superou o qualifying Sub-21 e adulto no Brazil Open.
Agora, contudo, ele terá uma pedreira no adulto nesta sexta: o alemão Patrick Baum, número 84 do ranking mundial. “Não tinha muito o que escolher. Na chave principal só tem fera”, resumiu Luiz. Além dele, os atletas da seleção brasileira principal também entram em cena. Hugo Calderano, número 22 do mundo, terá pela frente o eslovaco Thomas Keinath (195). Cazuo Matsumoto encara o búlgaro Philipp Floritz e Gustavo Tsuboi enfrenta Gustavo Gomez, do Chile. As partidas têm início às 15h30. Na chave feminina, a partir das 10h, Caroline Kumahara, que vem de título no Aberto do Chile no último fim de semana, mede forças com a compatriota Bruna Takahashi. Lin Gui, a outra integrante do trio olímpico brasileiro em 2016, enfrenta a chilena Paulina Vega.
(Foto: Christian Martinez/CBTM)
Por Ascom / Ministério do Esporte