Bahia vence São Paulo com gol de promessa do futebol de cinco
Futebol para deficientes visuais voltou ao programa das Paralimpíadas Escolares em 2017
Não é tarefa fácil se candidatar a um posto na seleção brasileira de futebol de cinco. O país tem uma hegemonia inconstestável no esporte, com ouros e invencibilidade desde que a modalidade para deficientes visuais passou a integrar o programa paralímpico, nos Jogos de Atenas, na Grécia, em 2004.
“O funil é complexo demais. Para achar uma vaguinha ali é difícil. Tem de realmente estar preparado para não só ocupar a vaga, mas para segurar o posto depois”, afirmou o técnico da seleção da Bahia, Gerson Coelho Coutinho.
Um baiano nascido em Maraú, contudo, treina com bola três vezes por semana em Salvador para pleitear uma brecha nesse Clube VIP. Maicon Júnior Mendes, de 17 anos, integra a seleção principal do estado. Um estado que ostenta o heptcampeonato brasileiro, resultado do trabalho de longa data no Instituto de Cegos da Bahia. Lá, Maicon treina ao lado de ídolos da seleção brasileira principal, como Jefinho e Cássio.
“É claro que é difícil chegar lá e sonhar com Tóquio, em 2020, porque os caras são brilhantes mesmo, mas são eles que me inspiram. É por causa deles que a gente vem batalhando mais e aprendendo”, afirmou Maicon.
Parte dessa inspiração ele usou para marcar o gol solitário na partida entre Bahia e São Paulo nesta quarta-feira, no primeiro dia das Paralimpíadas Escolares, no CT Paralímpico da capital paulista. Maicon conduziu a bola grudada ao pé da defesa para o ataque, driblou um dos adversários e concluiu na saída do goleiro. “É uma honra e prazer estar aqui. O bom é que hoje deu tudo certo”, afirmou.
Como apenas Bahia e São Paulo conseguiram formar equipes completas de futebol para deficientes visuais, a competição entre os dois estados terá três confrontos, com o segundo e o terceiro episódios marcados para quinta e sexta-feira. Além disso, jogadores e treinadores passarão por clínicas técnicas e de desenvolvimento tático nas tardes dos três dias de competição.
“A Bahia sempre foi notabilizada por revelar jogadores. Por isso sempre trazemos atletas para os Jogos Escolares. A ideia é tentar ‘criar gosto’ nos meninos. Uns ficam e outros saem, como toda atividade na vida. Este time começou este ano. Nunca havia jogado um torneio. Não existem adversários nesta faixa etária no estado”, explicou Gerson Coutinho. “A gente traz para poder, num futuro próximo, repor a equipe de cima sem precisar trazer atletas de fora”, completou.
Nesse cenário, além de potencial revelação para as seleções futuras, Maicon ocupa função de referência para os colegas nas Paralimpíadas Escolares. “Poder passar um pouquinho dessa experiência me deixa muito feliz”, disse Maicon. Segundo ele, o aprendizado essencial da modalidade é “enxergar com o ouvido”. “Faz parte do entrosamento a audição. Precisamos ficar ligados no meio, com o treinador. Na defesa, com o goleiro, e no ataque, com o chamador. Tudo isso exige treino. Precisa conhecer os parceiros, ter técnicas e muito treinamento”, ensinou.
Competição
As Paralimpíadas Escolares seguem até sexta-feira (24.11) e reúnem mais de 900 atletas, das 27 unidades da Federação, com a disputa de dez modalidades. Além do futebol de cinco, o CT Paralímpico de São Paulo recebe provas de atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, futebol de 7, goalball, judô, natação, tênis de mesa e tênis em cadeira de rodas.
Por Rede do Esporte