Polícia investiga ação do ‘Bonde de Jesus’ contra terreiros de religiões de matriz africana no RJ
Um pastor é investigado por ter ordenado ataques. Oito pessoas foram presas em operação na quarta (14). Chefe de facção também atua como pastor, afirma delegado.

Cinco dos presos em operação contra traficantes que destruíram terreiros na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/PCERJ
A Polícia Civil investiga um pastor de igreja evangélica apontado como o mandante de ataques a centros religiosos de matriz africana na Baixada Fluminense. Uma operação prendeu oito pessoas suspeitas de participar do “Bonde de Jesus”, responsável pelo vandalismo.
Em uma operação nesta quarta-feira (14), cinco traficantes da comunidade Parque Paulista foram presos. Outros três foram presos na terça-feira (13). Segundo o delegado, o grupo que praticou os ataques aos terreiros tem outros foragidos.
“A gente identificou 21 traficantes, e conseguimos prender oito. Um deles identificou o pastor que era o porta-voz do traficante, que determinava a invasão de centros de cultura afrodescendente”, afirmou o delegado Túlio Pelosi, titular da 62ª DP (Imbariê). “Não será admitido nenhum tipo de intolerância religiosa”, garantiu Pelosi.

Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é procurado pela Polícia Civil — Foto: Portal dos Procurados/Divulgação
O chefe do Terceiro Comando Puro no Parque Paulista, além de favelas como Cidade Alta, em Parada de Lucas, e Vigário Geral, é Álvaro Malaquias Santa Rosa.
Conhecido como “Peixão”, ele agia com extrema violência nos ataques aos terreiros. Segundo o delegado, “Peixão” também é pastor de uma igreja evangélica.
“Ele ia com esse grupo em terreiros de macumba, quebravam e ameaçavam os frequentadores, no sentido de fechar os terreiros. É um caso claríssimo de intolerância religiosa. O que ele quer é que terreiros de macumba não funcionem em comunidades dominadas pelo Terceiro Comando”, afirmou o delegado.
Sacerdotisa teve de destruir o próprio templo
Um dos episódios investigados foi em 11 de julho. Traficantes armados invadiram um centro no Parque Paulista e obrigaram a sacerdotisa responsável pelo espaço a destruir todos os símbolos que representavam os orixás.
Os agressores ainda ameaçaram voltar ao local para atear fogo no terreiro.










