Galeria Marília Razuk apresenta obras da colombiana Johanna Calle, artista da 31ª Bienal de SP
Artista traz desenhos que abrangem temas como fragilidade do sistema social e econômico
Umas das artistas participantes da 31ª Bienal de São Paulo, que abre em setembro, a artista colombiana Johanna Calle apresenta simultaneamente a exposição GRAFOS, sua segunda individual na Galeria Marilia Razuk. A artista traz quatro séries de trabalhos -Submergentes, Balances, Minúsculas e colagens -que abrangem temas, processos e materiais adotados ao longo dos últimos anos.
A série Submergentes (2013), feita em malha de arame sobre papel, mostra figuras masculinas distorcidas, computadores, números, livros e contas matemáticas, que remetem a fragilidade do sistema econômico, com idéias abstratas sobre estrutura e crise financeiras.
Balancesé uma série de desenhos que apresenta a linha como metáfora de equilíbrio. Ao usar procedimentos como cortar, quebrar e esticar, a artista desconstrói a estabilidade original.
Minúsculas é uma série de desenhos sobre papel japonês, onde a escrita se transforma em imagem, criando relações entre texto e figura. “O desenho é um campo aberto a métodos convencionais, assim como a processos experimentais e novos materiais” afirma Johanna, que encontra um meio efetivo deconstruir imagens e formas, servindo-se de suportes, materiais e procedimentos não comuns ao desenho.
Em seus trabalhos, Johanna cria ”abstrações” linguísticas e simbólicas significativas que muitas vezes denotam vulnerabilidade, fragilidade, precariedade, resistência e transgressão. Segundo a artista, o ato de apagar, rasurar, subtrair, cortar ou torcer, enfatiza o fato de que algum elemento está ausente ou o que algo foi desestabilizado.
Johanna, que já participou da Bienal do Mercosul, em 2009, e da Bienal de Istambul em 2011, produz uma arte ao mesmo tempo delicada e contundente, encontrando no grafismo uma forma especial de referenciar problemas e incoerências que permeiam a sociedade latino-americana. Nas palavras do curador colombiano José Ignacio Roca, a artista desenvolveu uma obra séria e reflexiva que assinala, de maneira incisiva, certos sintomas do mal-estar social que sofre nosso país (Colômbia) há muito tempo.
Sobre Johanna Calle
A artista nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1965, onde vive e trabalha. Após estudar na Universidad de los Andes (1984-1989), em Bogotá, realizou seu mestrado em Artes Plásticas pelo Chelsea College of Art, Londres (1992-1993). Entre suas individuais destacam-se Project Room: Johanna Calle, no Molaa (Museum of Latin American Art, em Long Beach, CA, 2011) e Variaciones (Casas Riegner, Bogotá, 2010) Está expondo atualmente na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
…
Por Tatiana Dias/A4COM