Enem: maior número de acertos não garante maior nota; saiba como é cálculo do Inep
Duas pessoas que acertaram o mesmo número de questões podem ser avaliadas de maneiras diferentes, já que a nota depende dos itens certos e do peso de cada um
Você está participando de uma corrida de 100 metros, mas não consegue completar a prova. Se isso valesse em pontos, você tiraria nota zero? Não, porque você é capaz de correr, só não conseguiu completar a prova. É com esse exemplo que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) explica por que ninguém tira zero no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O cálculo da pontuação da prova ainda confunde muitos estudantes.
Por conta disso, para quem vai usar o exame para ingressar no ensino superior, a ansiedade pelo resultado do exame é ainda maior, já que não é possível calcular sua nota apenas com base no acerto de questões. Segundo o Inep, duas pessoas que acertaram o mesmo número de questões podem ser avaliadas de maneiras diferentes, já que a nota depende dos itens certos e do peso de cada um. Tudo isso é calculado com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI).
“Tivemos um aluno aqui que nos contou que fez o Enem no 2º ano e teve um desempenho melhor do que no 3º ano, quando acertou mais questões”, exemplifica Robério Sinfrônio, coordenador do ensino médio do Colégio Salesiano Dom Bosco, na Paralela.
Escala
As proficiências são estimadas em uma escala métrica, mas não existem máximos e mínimos estabelecidos, conforme o Inep. E a cada edição, os valores variam de acordo com as características dos itens que compõem a prova – vale salientar que os pesos nunca são divulgados pelo Ministério da Educação (MEC).
“É difícil saber qual a pontuação em função dos erros e acertos, porque ele (MEC) nunca divulga quais são os pesos maiores e menores das questões dentro do desvio padrão dele”, diz o professor de História Ricardo Carvalho.
Ou seja, o peso de cada questão, que depende do grau de dificuldade, é determinado a partir do desempenho dos candidatos. “É um pouco diferente. O aluno pode se sair bem nas respostas de humanas, mas o grupo que está com ele também pode se sair bem. Aí as questões podem mudar de nível de dificuldade”, ressalta Sinfrônio.
Então, quem pretende ingressar em cursos mais concorridos não deve focar apenas nas questões de suas áreas de interesse, como acontecia no vestibular tradicional, indica Carvalho.
“Para os cursos mais concorridos, e isso se tornou uma ilusão, não adianta ter boa pontuação apenas nas áreas específicas como Ciências da Natureza, para quem vai cursar Medicina. Ele tem que ter uma média boa geral”, explica o professor de História.
Apesar disso, algumas universidades podem usar pesos diferentes para determinar a entrada do aluno em áreas específicas. “Algumas faculdades podem criar um sistema de dosar o peso em algumas áreas, até para ver se realmente o aluno tem domínio em determinados assuntos, para ingressar naquele curso”, comenta Sinfrônio.
Normalmente as áreas de conhecimento que acabam tendo maior peso são Linguagem e Matemática, conforme Carvalho. “Elas acabam tendo um peso nas outras áreas e podem ser decisivas, a depender do peso que é dado para cada questão”, comenta.
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Por Correio da Bahia