Fotógrafo considerado culpado por tiro no olho quer seguir carreira no AP

Profissional volta a trabalhar no estado onde atuou por oito anos.
Alex Silveira foi atingido por bala de borracha durante protesto em SP.
“Não me dei conta da proporção que essa decisão teve, pois a partir de agora qualquer jornalista pode tomar um tiro trabalhando, e a polícia vai alegar que a culpa é dele”. A frase é do fotógrafo carioca Alex Silveira, de 43 anos. Em Macapá para compromissos profissionais, ele lamenta a decisão da Justiça de São Paulo que o considerou culpado por ter sido atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha durante a cobertura de um protesto de professores em 2000, na Av. Paulista, para o jornal Agora SP.
A sentença em segunda instância revogou a decisão anterior que condenava o estado de São Paulo a pagar 100 salários mínimos ao fotógrafo. Ele perdeu quase 80% da visão do olho esquerdo. Silveira revela que pretende seguir a carreira no estado onde já trabalhou por oito anos.
O fotógrafo disse que ficou surpreso com a campanha que está sendo desenvolvida por jornalistas de todo o país nas redes sociais. A ação cobra justiça para o caso. No ensaio denominado “Os Culpados” os profissionais compartilham fotos usando tapa-olho. Silveira publicou as imagens no próprio perfil em uma rede social.
“A minha preocupação é que isso atinja diretamente a todos os jornalistas, pois a Justiça sabe que levei um tiro vindo de um policial, mas a justificativa é que eu deveria ter saído de lá. Como um jornalista vai ficar assim? É ilógico, pois eles alegam que praticamente me joguei para tomar um tiro”, ironizou Silveira, que recorreu da decisão.
Sobre a volta ao Amapá, o profissional diz que o retorno é um presente para si mesmo. Ele conta que pretende continuar com o trabalho feito ao longo de oito anos em instituições públicas e entidades de preservação ambiental, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Macapá é uma capital extremamente atrativa, mas o diferencial mesmo é a natureza exuberante. O Cabo Orange [ponto mais ao Norte do Amapá] é um espaço surreal e inspirador assim como o Lago Piratuba. Amo este estado e voltei para cá por isso”, elogiou.
…
Do G1