Entrevista: Eduardo Costantini

“Se quiser, o Brasil pode ter de volta o Abaporu”. Colecionador argentino diz que a tela de Tarsila do Amaral pode ficar para sempre no País se for criada uma sucursal do Malba no Brasil e critica o decreto presidencial que restringe a mobilidade de arte
O portenho Eduardo Costantini protagonizou há quase duas décadas uma derrota histórica do Brasil contra a Argentina. O arremate por US$ 1,4 milhão do “Abaporu”, tela de Tarsila do Amaral que hoje ocupa como um troféu lugar central no Malba, Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires, fundado por ele. Mesmo sabendo que seu nome causa calafrios em amantes da arte e colecionadores deste país, vê crescer entre a torcida adversária os principais clientes de seu novo negócio, um condomínio de luxo em Miami, a última construção em frente ao mar do disputado bairro de Bal Harbour.
Os donos dos apartamentos, que custam de US$ 3 milhões a US$ 30 milhões, em boa parte brasileiros, levam com a escritura a sociedade nas obras de arte dispostas no hall de entrada, com peças de alguns dos artistas vivos mais caros do mundo, como o americano Jeff Koons e a brasileira Beatriz Milhazes. No terceiro casamento, o pai de sete filhos não revela sua fortuna pessoal em obras de arte que guarda em casa, mas diz que, além de trazer de volta o quadro modernista, compartilharia com o Brasil o acervo de seu museu avaliado em US$ 200 milhões, contanto que se erguesse aqui uma filial do Malba.