Chikungunya: hipótese é de que viajante brasileiro contraiu vírus no Caribe

No país, 37 casos foram “importados”. Houve duas ocorrências sem registro de viagem no Oiapoque, além dos 14 de Feira
Apesar de ter origem na África, o vírus da Chikungunya não cruzou o Oceano Atlântico para chegar a Feira de Santana. Conforme análises do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o vírus aportou na cidade através de algum brasileiro que viajou pela América Central ou Caribe, onde foi registrado o último surto da doença, em 2013.
Só em Feira foram confirmados 14 casos. Outros 306 estão sob suspeita no município e há duas suspeitas em Salvador. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do MS, Jarbas Barbosa, essa pessoa deve ter sido picada no exterior, contraiu o vírus e, já em Feira, foi novamente picada. Esse mesmo mosquito, então, picou um vizinho.
“Do vizinho, vai para os outros e é assim que se inicia um surto”, explicou. Ainda assim, também dá para considerar outros elementos – como o fato de que Feira é um entroncamento rodoviário. Isso também explicaria por que o maior número de casos foi no bairro do George Américo, que fica próximo ao anel de contorno: o índice de notificações lá chega a 72% do total da cidade.
“A pessoa que viajou provavelmente mora ou tem alguma atividade no George Américo e é isso que a gente está investigando”, disse o secretário estadual de Saúde, Washington Couto. O MS não descarta uma epidemia de Chikungunya no país.
“A gente ainda não consegue ter a dimensão do número de casos, nem a velocidade de propagação da doença. Mas não podemos descartar a possibilidade (de epidemia)”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, anteontem.
A diferença é que, enquanto o surto é local, a epidemia acontece quando a doença atinge várias localidades, segundo o infectologista José Tavares Neto, professor da Faculdade de Medicina da Bahia. “Pelo que vi, já não é mais o surto, porque atinge vários bairros”.
No país, 37 casos foram “importados” este ano, e ouve duas ocorrências autóctones (quando a doença é adquirida sem registro de viagem) no Oiapoque (AP), além dos 14 de Feira.
Segundo Tavares Neto, também é possível que outras pessoas tenham contraído o vírus, mas não apresentem sintomas. “É padrão em doenças infecciosas que algumas pessoas sejam assintomáticas.
Em algumas doenças, o índice é maior do que 50%”, disse o professor. Além disso, são raras as vezes em que a Chikungunya mata. Segundo o professor, o percentual é de 0,03% – o que significaria 3 mortes a cada 10 mil casos.
Na dengue hemorrágica, por exemplo, o índice pode chegar a 18%, e a dengue comum fica entre 0,1% e 0,99%. Só para dar uma ideia, do começo de 2013 até o dia 19 de setembro, houve 730 mil casos suspeitos de Chikungunya nos países de todas as Américas, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Desses, pouco mais de 10 mil foram confirmados e 113 pessoas morreram — ainda assim, segundo a Opas, provavelmente por outras doenças associadas e não somente pela Chikungunya. A Sesab alertou ainda para não confundir a doença com o ebola. “Tem pessoas procurando nosso setor de saúde achando que estão com ebola. Chikungunya não tem nada a ver com ebola, porque a letalidade é baixíssima”, disse o secretário Washington Couto.
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Por Correios 24H