Após queda de 4,8%, indústria baiana deve voltar a crescer em 2015

A indústria baiana vai terminar este ano menor do que era em 2013 em termos de produção. Entre janeiro e outubro deste ano, o setor econômico acumula uma retração de 4,8%, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Para evitar o resultado negativo, a atividade teria que crescer 4,8% nos dois últimos meses do ano, cenário descartado por indicadores antecedentes utilizados pelo mercado.
Para o ano que vem, as perspectivas são de uma recuperação, motivada pelo início de operação de projetos como o Complexo Acrílico, encabeçado pela Basf, e novos investimentos em energia eólica. Isso sem contar com o efeito da comparação do desempenho em 2015 com os números deprimidos de 2014. O que ainda não está claro é o tamanho do crescimento que se pode esperar para o ano que vem. Se a produção crescer mais do que perdeu em 2014, o setor voltará a ter o tamanho que tinha no final de 2013.
“Você vai ter dois vetores importantes em 2015, a ampliação da cadeia e a base de comparação. As expectativas são de que a indústria retome patamares de anos anteriores”, afirma o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon) e professor universitário, Gustavo Casseb. Ele acredita que o cenário vai ser “infinitamente melhor” que o do ano atual, mas diz que projetar o desempenho neste momento é uma tarefa complicada.
Para o economista, apesar dos resultados parciais da PIM até o momento, o destino da atividade este ano já está traçado. “A indústria se deprimiu em 2014 e nossa expectativa é de que ela vai fechar no vermelho, principalmente a indústria de transformação. Nós esperamos alguma melhora em novembro e dezembro, mas a tendência para este ano é de uma queda entre 4% 4,5%”, calcula.
Segundo ele, a comparação com os números de 2014 vai fazer com que os resultados no próximo ano pareçam melhores do que normalmente seriam. “Essa base deprimida vai fazer a expansão da indústria ser melhor do que o normal. Vai haver uma melhora na atividade econômica, mas teremos o efeito da base deprimida”, acredita.
Cenário externo
Casseb acredita que a recuperação na economia norte-americana, que tem projetado um crescimento de 3% no ano que vem, poderá ajudar a indústria baiana. “Já se sabe que a economia internacional terá um ano muito difícil. A China reduziu o ritmo de crescimento, mas os Estados Unidos tem uma projeção de 3% de crescimento, que é excelente para a Bahia, uma vez que o país compra muitos produtos petroquímicos daqui. É um sinal de que a petroquímica baiana poderá ter boas vendas”, espera o economista.
Ele explica que a recuperação da indústria baiana depende muito do cenário externo e da política cambial adotada pelo Brasil. “Em relação a isso, as notícias que estão sendo veiculadas é de que o governo vai continuar mantendo uma taxa de juros alta para segurar a inflação, mas vai tentar manter uma relação cambial relativamente desvalorizada para não prejudicar ainda mais a indústria brasileira”, diz.
Por outro lado, ressalta o economista, grande parte dos produtos industrializados produzidos pela Bahia são são voltados para o mercado interno. “Temos que lembrar que 90% do que a indústria baiana produz hoje é direcionado ao mercado interno, então para nós é importante que o Brasil retome o ritmo de crescimento. Isso é tão significativo quando o cenário internacional e o governo brasileiro trabalha com uma taxa de crescimento de 0,8% no ano que vem”, lembra.
Novos investimentos
Segundo o secretário da Indústria Comércio e Mineração, James Correia, os novos investimentos previstos para acontecerem no estado a partir do próximo ano se caracterizam pela diversificação e pela descentralização em relação à Região Metropolitana de Salvador.
“Nós temos diversos projetos que estão sendo concretizados fora de Salvador, em cidades como Alagoinhas, Feira de Santana e região, voltados para a fabricação de alimentos e bebidas. Além de esperarmos por diversos investimentos na cadeia eólica, que serão concretizados no interior, em cidades como Jacobina e Juazeiro, na produção de equipamentos”, enumera.
Na área de alimentos e bebidas, ele cita como exemplo o caso da Yoki, que está na fase de preparação de terreno e análise da água para iniciar a operação de uma planta industrial na região de Feira de Santana. Outro exemplo é o de uma fabricante alemã de sucos, cujo nome ainda está em sigilo, que estaria em processo de implantação na região de Alagoinhas.
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Por Correio da Bahia