Jovem com deficiência é baleado por PMs em Salvador; “muita dor”, diz mãe

Vítima foi atingida na porta da casa em abordagem em Fazenda Grande II. Envolvidos já foram ouvidos na Corregedoria e estão afastados do trabalho.
Um homem com deficiência mental foi baleado no bairro de Fazenda Grande II, em Salvador, durante ação de policiais militares. De acordo com a PM, a guarnição trocou tiros com quatro homens em fuga, que teriam sido flagrados em caminhonete roubada. Na ação, o tiro acertou Luís Vagner dos Santos Anunciação, que tem 29 anos e estava na porta do prédio onde mora. Os PMs envolvidos se apresentaram na Corregedoria, onde foram ouvidos e afastados até que sejam concluídas as investigações. O caso ocorreu na noite de terça-feira (27).
“Meu sentimento é de uma mãe arrasada, lesada, sofrida. É muita dor ver meu filho com deficiência mental entubado por causa de um tiro. É muita revolta. Só Deus para ajudar meu filho. Nesse momento eu quero justiça”, lamenta Valdemira de Anunciação, de 49 anos, mãe de Luís Vagner. A vítima foi socorrida pelos PMs para o Hospital Jaar Andrade, onde passou por procedimento cirúrgico, continua em observação e não corre risco de morte. Já segundo a mãe da vítima, o quadro de saúde é grave.
Segundo Valquíria de Anunciação, irmã da vítima, Luis Vagner estava em casa quando a mãe pediu que fosse na casa dela. “Logo quando ele saiu de minha casa, estava tendo abordagem da polícia por causa de uma carro que estava abandonado há dois dias. Quando meu irmão viu, ele seguiu as outras pessoas que estavam em um bar e que foram ver o que estava acontecendo. Minha mãe, que estava na janela do prédio, pediu que ele voltasse para casa. Nesse momento, as pessoas começaram a correr e meu irmão também, em direção à casa de minha mãe, mas tinha um outro policial que estava atrás do prédio dela e pediu várias vezes que ele parasse, como ele não parou, o policial atirou”, denuncia.
Anunciação ainda acrescenta que, antes que o policial efetuasse o disparo, a mãe, da janela de casa, gritou informando ao PM que a vítima era filho dela, e que ele era deficiente mental, mas o policial não teria ouvido. Mesmo baleado, segundo a irmã da vítima, Luis Vagner ainda tentou fechar o portão do térreo do prédio para que os policiais não entrassem.
“Minha vizinha estava chegando, viu meu irmão sangrando e perguntou porque tinha corrido. Foi então que ela [vizinha] disse para eles [polícia] que meu irmão era deficiente. Eles achavam que ele [vítima] era marginal. Depois que viram que meu irmão não tinha passagem pela polícia, foi que prestaram socorro e levaram para o hospital”, conta, emocionada, a irmã do jovem deficiente.
A ocorrência foi registrada na Corregedoria da Polícia Militar na após a denúncia apresentada pela família contra a ação policial. Segundo a PM, um inquérito foi instaurado para apurar o fato.
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Do G1 BA