Lutador baiano tenta obter primeira vitória no UFC

De um lado, a imagem de São Lázaro. Do outro, a de Nossa Senhora Aparecida. São nos dois santos que Sueli Alves Muniz se apega, pedindo proteção ao filho Valmir Lázaro, o lutador Bidu.
Nascido e criado nas Pedreiras – comunidade que fica entre o Dique do Tororó e o Engenho Velho de Brotas -, o baiano de 29 anos fará sua segunda luta no UFC, no sábado, em Los Angeles.
O embate contra o americano James Krause, pelo peso leve (até 70 kg), será o segundo do card preliminar do evento, que terá como principal atração o duelo entre a musa Ronda Rousey e Cat Zingano.
Para aflição de Sueli, Bidu já está nos EUA. “Não durmo desde domingo, quando meu bebê viajou”, revelou a mãe coruja, que se comunica diariamente com ele via Whatsapp.
A devoção a São Lázaro é tamanha, que o nome do atleta homenageia o santo. “O pai (Almir) dele queria colocar Valmir; e eu, Lázaro. Aí, entramos em acordo”, explicou Sueli, que não acompanha as lutas. “O coração não deixa. Prefiro ficar no meu quarto, orando. Pedindo a bênção a São Lázaro para que dê mais essa graça a meu guerreiro”, contou.
Superstições
Ela não é única supersticiosa da família. A tia Joana Arlinna garante que, durante o combate, não desgrudará do terço de Nossa Senhora Aparecida: “Ficará entre meus dedos o tempo todo”. A esposa de Bidu, Danusa Santana, promete ver de joelhos o duelo: “Ficarei orando o tempo todo”.
Já o pai, Almir Barbosa, e o tio Arlindo preferem ver a luta em pé e distante de outras pessoas. “Não tem como ficar perto de ninguém. Inconscientemente, imito os movimentos que Bidu faz no octógono. Vai que eu acerto alguém, né?”, diverte-se Arlindo.
Na estreia no torneio, o baiano, que tem no cartel geral 12 vitórias e três derrotas, sucumbiu diante do americano James Vick por decisão dos jurados. “Ele estava gripado, com princípio de conjuntivite também. Agora será diferente. Vencerá”, apostou Almir. “Estou com sede de vitória, não vou decepcionar. Vou usar meu boxe como carro chefe”, avisou Bidu.
Hiperativo desde criança, ele se encontrou nas artes marciais. Sob a tutela do mestre Toinho, desferiu seus primeiros golpes na capoeira. Depois, orientado pelo pai – campeão baiano em 1987 -, se aventurou no boxe.
Porém, após o nascimento do filho Lázaro Vinícius, de 9 anos, ele abdicou do esporte e investiu num curso para ser segurança patrimonial. Em vão. “Não gostei e voltei à luta. Comecei a disputar torneios amadores de vale-tudo e acabei tendo a chance de ir para o UFC, apesar de todas as dificuldades”, lembrou Bidu, se referindo sobretudo à falta de patrocinadores.
Não o ajuda nem o fato de treinar no Rio de Janeiro, na academia dos astros José Aldo, campeão dos penas, e Renan Barão. “Para essa luta, fiz uma parceria com o Vitória e espero, a partir daí, conseguir patrocínio do clube”, disse.
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Por A Tarde