Em depoimento à CPI da Petrobras, executivo confirma pagamento de propina e formação de cartel

Contribuições teriam sido feitas a pedido de Renato Duque
O executivo da Setal Engenharia Augusto Mendonça Neto afirmou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, ontem (23), que a empresa participou de formação de cartel e de um esquema de pagamentos de propina. Ele disse ainda que procurou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para fazer doações ao partido.

Augusto Mendonça Neto prestou depoimento à CPI da Petrobras
(Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)
A Setal é uma das empresas investigadas pela operação Lava Jato por formação de cartel e pagamento de propina em contratos com a estatal.
Vaccari foi afastado do cargo que ocupava na legenda no último dia 15 após ser preso pela Polícia Federal. Mendonça explicou que as doações foram feitas a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, preso na operação Lava Jato em março deste ano.
— O Duque, em algumas oportunidades, me pediu para que eu fizesse contribuições ao Partido dos Trabalhadores. Em uma primeira vez, eu fui procurar o João Vaccari no escritório do PT, dizendo a ele que tinha interesse em fazer contribuição ao partido, como eu deveria fazer, e ele me indicou aonde eu poderia contribuir (sic).
De acordo com Mendonça, Vaccari não chegou a oferecer nenhum tipo de vantagem. Ele também confirmou que foram feitas contribuições a outros partidos, mas não disse quais.
O executivo também detalhou o funcionamento de um cartel de empresas formado para ganhar as licitações da estatal. Mendonça disse que o “clube” começou a ser formado por volta de 1996 por nove empresas, mas que o cartel só começou a ser mais efetivo nas contratações da Petrobras a partir de 2005.
— Quando a Petrobras começou um programa de investimento mais forte na área de refino, este grupo foi ampliado e lá pelo ano 2005, 2006, o grupo foi ampliado e ele ganhou efetividade, ou seja, ele tinha mais condição de funcionar a partir do instante que houve uma combinação com os diretores da Petrobras e as empresas que seriam convidadas para participar das licitações.
O empresário também disse que foi procurado pelo ex-deputado José Janene (PP-PR) entre 2007 e 2008. Segundo Mendonça, o ex-parlamentar se apresentou como responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras e pediu que a Setal “colaborasse”, pagando propina ao doleiro Alberto Youssef. Janene morreu em 2010 com problemas cardiovasculares.
— Eu negociei com o Janene na época um determinado valor, que eu não me lembro mais, e o Janene me apresentou Alberto Youssef indicando que o Alberto que iria receber esses valores mensalmente.
Mendonça contou que a empresa fazia parte de um consórcio na época e que Janene o teria ameaçado para participar do esquema de pagamento de propina.
— Ele disse que seríamos duramente penalizados. Discuti isso com as empresas do consórcio e tomamos a decisão de participar.
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Por R7