Com times “criados em casa”, Barça e Athletic Bilbao decidem a Copa do Rei
Clubes são os maiores campeões da competição e apostam na base formada em categorias inferiores. Quase 40 mil bascos são esperados no Camp Nou neste sábado
Poucos times na Espanha, e até no mundo, têm a filosofia de “craque se faz em casa” tão clara como os dois finalistas da Copa do Rei deste sábado. O Barcelona, que viveu os melhores anos de sua história graças a um time formado nas categorias de base, encara um tradicional Athletic Bilbao, que valoriza não só os que saíram de suas “canteras”, mas seu povo, os nascidos no País Basco.
É difícil mensurar a importância do título, se é maior para um ou para o outro, mas pesa mais de um lado. O Barcelona já conquistou o Espanhol nesta temporada, ainda disputa a final da Champions e precisa da Copa do Rei para buscar o tão sonhado “triplete”, que só conseguiu uma vez, no primeiro ano de Pep Guardiola.
Só que os bilbaínos estão mobilizados como um todo. Sem título há 21 anos, o Athletic, segundo maior campeão da competição com 23 taças, atrás apenas do Barça, que tem 26, chega mais pressionado nesta final. Além de tudo, ainda joga no Camp Nou, casa do rival, mas o time não estará sozinho. Os ingressos são divididos, e 38 mil bascos são esperados em Barcelona para apoiar o time visitante. O clube chegou até a promover campanha com os jogadores do elenco contracenando como atores e o slogan “Na final, jogamos todos”.
A identificação da torcida com o Athletic é gigantesca. Dos 25 jogadores inscritos, apenas três não foram formados nas categorias de base: De Marcos, Balenziaga e Toquero. O Barcelona, vivendo fase de reformulação, fez sete contratações neste ano (Mathieu, Vermaelen, Douglas, Ter Stegen, Bravo, Rakitic e Suárez), mas o esqueleto ainda é das canteras. Treze dos 25 que estão na competição saíram da base, e cinco devem ser titulares na final: Alba, Piqué, Busquets, Iniesta e Messi – Pedro tem poucas chances de aparecer caso Suárez seja poupado para a final da Champions. Completam o time de pratas da casa o goleiro Jordi Masip, os defensores Bartra, Diawandou Diagne e Montoya, e os meias Rafinha, Sergi Roberto e Xavi.
O Barcelona, no entanto, não tem dado tanto espaço aos jogadores mais jovens na gestão de Luis Enrique. A maior sensação da temporada foi Munir El Haddadi, que começou o ano com o time principal, chegou a marcar um gol na estreia do Campeonato Espanhol, mas deixou de ser chamado do Barça B por Luis Enrique. Sandro, também da filial, teve algumas aparições, e marcou um gol na primeira fase da Champions, em vitória sobre o Ajax, no Camp Nou.
Segundo estudo divulgado pelo CIES Football Observatory, dos 20 times que disputam a primeira divisão do Espanhol, o Barcelona é um dos que menos deu minutos para jogadores abaixo de 21 anos: passou apenas 1,6% do tempo com estes jovens em campo. A diferença para a aposta na base do Athletic é gritante: em 14,3% do tempo os bascos tinham um jogador com menos de 21, formado em sua base, jogando, nesta temporada.
Por ter média de idade mais baixa, e não contar com estrelas do calibre de Messi, Neymar e Suárez, o Athletic passou por campanha mais inconsistente nessa Copa do Rei. Três empates, entre eles um na primeira rodada com o Alcoyano, e cinco derrotas que contrastam com os 100% de aproveitamento do Barça.
O sucesso do tridente de ataque coloca Neymar como concorrente à sua primeira artilharia pelo Barcelona. O brasileiro tem seis gols e está um atrás do líder Iago Aspas, do Sevilla, que tem sete. Situação bem diferente do ano passado, quando o Barça também chegou na final, mas foi derrotado para o Real Madrid, com Neymar saindo de campo lesionado, após perder gol incrível na frente de Casillas.
Já o Athletic tem seu forte na defesa: o time levou apenas seis gols até aqui na competição, e assim assegurou vaga em sua 37ª final de Copa do Rei, mesmo número de decisões do Barcelona. No Camp Nou, junto com os times, e uniformes, entrarão em campo a tradição e os valores. Barcelona e Bilbao brigam para tirar melhor proveito disso tudo, e fazer alegria de uma verdadeira nação, a basca ou a catalã, com mais um troféu nacional.
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Por Globo Esporte.com