Aldo dispara: “Seria bom se tivesse uma briga, é isso que o povo quer ver”
Campeão dos penas do UFC diz que proximidade do UFC 189 e gastos com a sua promoção impedem cancelamento, mesmo que haja uma briga estilo Jones-Cormier
Acabou a fase José Aldo “paz e amor”. Em entrevista coletiva realizada por um de seus patrocinadores no Rio de Janeiro nesta terça-feira, o campeão dos pesos-penas do UFC garantiu que não vai mais deixar de reagir às provocações de Conor McGregor. Ao lado do técnico André Pederneiras, que também conversou com a imprensa, Aldo mostrou bom humor e respondeu a todas as perguntas com a habitual sinceridade. Segundo o amazonense, tudo que o irlandês fizer de agora em diante terá uma reação à altura. Perguntado se poderia acontecer uma briga no estilo da que aconteceu entre Jon Jones e Daniel Cormier, antes do UFC 182, Aldo riu e disse que tudo é possível.
– Já tenho na cabeça o que vou fazer, mas não vou falar, é segredo. Vocês vão ver na hora. O que posso prometer é um José Aldo diferente da encarada, porque agora não tem multa, não tem suspensão, nem nada. Depois de tudo não vão cancelar essa luta por nada. Tenho certeza que agora será totalmente diferente do que já fiz. Seria bom se tivesse uma briga (como Jon Jones x Daniel Cormier, na semana da luta). É isso o que o povo quer ver (risos). Eles me pagam para bater, então, se acontecer, vai ser lindo. Espero que eu bata nele. Na verdade, eu vou bater nele – brincou.
A multa estipulada em caso de agressões na turnê mundial de promoção do UFC 189 foi, segundo Aldo, um fator inibidor a qualquer reação sua ou do irlandês a qualquer provocação que fosse feita. Para o brasileiro, no entanto, estar a apenas 25 dias do evento, dá aos lutadores o poder de fazer o que quiserem sem que o UFC cogite suspendê-los ou mesmo cancelar a luta.
– Falamos sobre a multa naquela época da turnê, e com o dólar alto como está no Brasil, eu não podia perder (dinheiro), só tinha que ganhar (risos). Isso atrapalhou um pouco, porque eu não podia fazer o que eu queria. Mas a luta está chegando, podemos bater o pé para qualquer coisa. Se tiver provocação, já sei qual a atitude que vou tomar. Pode ter certeza de que vai ser totalmente diferente.
Mesmo deixando no ar a possibilidade de acontecer um confronto físico antes do dia da luta, Aldo garantiu que ele não pretende provocar. Dizendo-se calmo e tranquilo, o campeão declarou que McGregor é quem busca a promoção através das palavras, e prometeu que a verdadeira resposta será dada no octógono, dia 11 de julho, no UFC 189.
– Geralmente fico bem tranquilo, ele é que está tentando se promover. Uma hora vamos estar frente a frente, e vou deixar minhas mãos falarem por mim. Ele pode falar o que ele quiser, mas na hora vai sentir minha resposta. Tenho certeza que ele vai tremer, já senti isso quando olhei no olhos dele. Eu vou para cima. Ele nunca enfrentou um cara como eu.
Confusão em exame antidoping
A repercussão foi grande, em nenhum momento fiz algo de errado. Vim aqui, mijei, me desculpa, mas foi isso mesmo (risos). Fiz meu trabalho, a parada no potinho e entreguei a ele. Deu uma confusão grande, eu tinha que treinar e o cara estava me esperando. Fui treinar meio-dia e, no dia seguinte, mijei de novo. O cara me viu mais vezes pelado do que a minha mulher, dois dias seguidos. Sou atleta, fiz tudo certinho e, se quiserem fazer de novo, eles têm o endereço da academia, de casa, dei todas as informações, sabem por onde ando. Eu tinha que treinar, e levei o xixi junto. Quase treinei com a p*** do xixi na mão (risos). Tinha que livrar o rosto e o xixi. Foi engraçado para caramba (risos), ri muito.
Luta do século
– Fico focado em mim, penso em mim e luto por mim. Esqueço a promoção da luta, o peso da luta. A próxima luta é sempre a mais difícil. Quando eu vencê-la, a próxima será a mais difícil.. Esse peso de luta do século é para quem gosta de vender. Sou lutador, penso em fazer o meu melhor e você. O Dana fala para caramba, deixa ele falar, que ele faz bem, e eu faço bem lutar. Procuro me focar em chegar lá e lutar.
Falta de crédito
– Se fosse qualquer outro lutador, não seria uma luta tão grande. Sou o campeão, dominante. Há anos mantenho o cinturão, estou sempre no topo da categoria, do ranking mundial peso por peso, o que torna a coisa grande. Mas não me ligo nisso, se o Dana promove o outro atleta ou não. O que importa é ser campeão. É nisso que foco, penso e paro para refletir. Promoção não garante nada e sim o campeão, não importa se tem uma mídia lá em cima ou não.
Chutes altos de McGregor
– Estou preparado para tudo. Sabemos o que ele vai tentar fazer na hora, mas não me preocupo muito, só com as minhas técnicas. É ali em cima vou para ganhar. Ele pode mostrar o que for, mas não tem noção do que está ventando do outro lado. Estou preparando muitas coisas. Ele vai cair no meu jogo, vai vir para o meu mundo.
Motivação pós-McGregor
– Quando comecei a lutar, sempre quis ser o melhor, é nisso que foco e tento manter meus passos pessoais e profissionais. Se estou nesse caminho é graças à cabeça que eu tenho, de me manter focado do início ao fim. Dez anos invicto é uma marca importante, que vou bater depois dessa luta. Mas é pouco para o que quero. Vi muitos campeões que não deram certo no fim de carreira. Quero sair por cima, no auge, como o Georges Saint Pierre. É nisso que foco e penso, independentemente de qualquer adversário. Quando parar, quero olhar para trás, ver que lutei com os melhores e me saí muito bem.
Tamanho do adversário
É porrada, soco na cara, sair pegando independentemente do tamanho, que nem Davi e Golias. É mais ou menos assim. Tamanho não significa nada. Meu pai me fez homem e nunca tive medo de homem nenhum, seja alto, baixo, largo ou forte. Ele com certeza não vai ver a cor da bola.
Estratégia
Sou muito mais rápido, veloz e explosivo do que ele. Ele nunca lutou com um cara assim. Quando eu colocar a mão, ele vai tentar me agarrar. Estamos com a estratégia traçada e bem treinado para onde a luta for, mas só poderei demonstrar na hora. Pode ter certeza de que eu irei vencê-lo.
Provocações
Fico bem tranquilo, sei que ele está tentando se promover, tirar a concentração. Uma hora estaremos frente a frente e vou deixar minhas mãos e pernas falarem. Ele pode falar o que for, frente a frente, ele vai ver.
Pressão menor com novos cinturões no Brasil
– Nunca me preocupei com pressão nenhuma. Se sou o campeão e outros também, deixo de lado, para a mídia e para os fãs, focando só em mim. Como brasileiro e fã do esporte, espero que, assim como o Werdum e o Rafael dos Anjos, outros, como o Renan (Barão) e o Jacaré possam dominar. O esporte foi criado aqui, há uma nova safra, e aí sim vai tirar um pouco o foco do José Aldo e se espalhar para os outros campeões também.
Treinos com “clones” de McGregor
Quando estou inteiro desço a lenha, depois, só apanho (risos). É tanta gente me batendo que o rosto vai lá na bunda. Ele (Conor) pode falar o que for, não entendo nada em inglês mesmo. Quem fala são minhas mãos e pernas. Vou caminhar para frente e ir pra cima o tempo todo. Os caras (sparrings) são parceiros, mas são feios. É chuquinha para lá, chuquinha para cá. É fogo!
Referência no esporte
Quando eu comecei, sonhava em ser ídolo, campeão, e venho colhendo. Eu me sinto na obrigação de dar exemplo aos novatos, aos fãs, para que tenham uma boa imagem do Aldo. Depois que tudo se tornou grande, procuramos pensar nisso. O Dedé está ao meu lado me aconselhando a tomar as decisões certas e ser o ídolo que todo mundo espera. Continuo o Aldo que anda de chinelo, pega o metrô para ir ao Maracanã, conversa com todo mundo. Deixo de lado essa coisa de ser diferente pelo status que me tornei. Procuro ficar com os pés no chão e ser o Aldo de sempre. Sou campeão lá dentro, fora, sou como outra pessoa qualquer, que treina cedo e vem trabalhar. Procuro sempre o caminho certo para dar o exemplo e para que outros “Aldos” e “Andersons” ocupem nossos lugares.
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Por SporTV