Flip 2015: Poesia e questões urbanas permeiam os debates do segundo dia
A ideia de ultrapassar os limites dos guetos e das clausuras nos grandes centros urbanos norteou a fala do antropólogo, poeta e ensaísta Antonio Risério, que abriu a mesa “A cidade e o território”, da qual também participou o escritor Eucanaã Ferraz.
O encontro iniciou o segundo dia de Flip, neste 2 de julho, e colocou a arquitetura em pauta. Ferraz criou um paralelo entre o poema “Rua de São Bento”, de Mário de Andrade, e uma cidade. Para ele, naqueles versos está a metáfora do canto da sereia, da cidade que – à semelhança da sereia – canta e seduz com uma promessa de amor que pode se traduzir em desgraça e morte. Os relatos completos das atividades estão disponíveis no blog da Flip (http://www.flip.org.br/blog.php).
Na sequência, a Tenda dos Autores recebeu escritores revelados em oficinas do Complexo do Alemão, no Laboratório Setor X, na tradicional mesa Zé Kleber, que discute a cidade e suas políticas públicas. Procurando relativizar as distinções entre centro e periferia, o encontro deste ano — intitulado “Falando alemão” — revelou múltiplas possibilidades da produção literária.
Na mesa 2, “De Micróbios e soldados”, um escritor bósnio radicado na Alemanha e um argentino vivendo há mais de vinte anos na França mapearam pontos em comum: a vivência da guerra na infância, os deslocamentos de vida e linguagem. Juntos, os ficcionistas Diego Vecchio e Saša Stanišić abordaram memória e literatura.
No fim da tarde, a poesia do carioca Mariano Marovatto e da lisboeta Matilde Campilho, com variados sotaques e estilos, ganhou os palcos da festa e arrebatou a plateia em Paraty. “A poesia é íntima mesmo quando é malabarista”, ressaltou Campilho, sempre lírica. Na sequência, Marovatto mencionou seu contato com a obra da escritora Ana Cristina Cesar e sua iniciação como poeta.
De volta à Flip onze anos depois, o autor irlandês Colm Tóibín leu um trecho de seu novo romance, “Nora Webster”, e traçou considerações sobre a poeta Elizabeth Bishop. Mencionou ainda o processo em torno do referendo sobre a legalização do casamento gay na Irlanda, realizado em maio.
Duas falas contundentes sobre Brasil, neurociência, literatura como grito: Jorge Mautner e Marcelino Freire encerraram o segundo dia de Flip na Tenda dos Autores, num encontro memorável. Arrancando aplausos da plateia, o músico de “Maracatu Atômico” e o escritor idealizador do festival Balada Literária foram, sem receios, “Do angu ao Kaos” — título da mesa. Acompanhe a transmissão ao vivo das mesas da programação principal no site da Flip (http://www.flip.org.br/). E veja a cobertura da festa pelo Facebook (https://www.facebook.com/flip.paraty), Twitter (https://twitter.com/flip_se) e Instagram (https://instagram.com/flip_se/).
FlipMais
Um debate sobre preço fixo do livro e concorrência entre livrarias de diferentes portes e gigantes da venda online ocorreu na mesa-redonda que abriu a programação da FlipMais, na Casa da Cultura. A segunda atividade foi o “Poesia em movimento: Cleonice Berardinelli”, episódio da série do Philos TV em que a maior lusitanista brasileira lê poemas de Mario de Sá-Carneiro. Na sequência, foi a vez do espetáculo “Criaturas de papel”, do Grupo Bricoleiros — parte da programação do Palco Giratório do Sesc. Formas geométricas tomaram vida no decorrer da encenação e se transformaram em peças cênicas. A programação foi encerrada com uma apresentação que ocupou a Capelinha de Paraty, na atividade “Poesia à capela”, realizada em parceria com o British Council. Saiba mais em https://blogdaflip2012.wordpress.com/2015/07/03/flipmais-estreia-com-espetaculos-e-debate/.
Programações parceiras
Os parceiros da Flip 2015 oferecem uma série de debates, encontros, publicações e sessões especiais sobre literatura cinema, música, teatro e arte durante a Festa Literária em Paraty na Casa Cais, Casa Folha, Casa IMS, Casa Literária Gastronômica Senac/CBL, Casa Sesc, Circuito BNDES Musica Brasilis e da Companhia Carroça de Mamulengos/Petrobras. Saiba mais em www.flip.org.br.
Flip 2015
A 13ª edição da Flip, que acontece de 1º a 5 de julho, tem Mário de Andrade como autor homenageado.
Quem faz a Flip
A Casa Azul é uma organização da sociedade civil de interesse público que desenvolve projetos nas áreas de arquitetura, urbanismo, educação e cultura. Desde as primeiras ações, há mais de vinte anos, vem desenvolvendo uma metodologia de leitura territorial capaz de potencializar importantes transformações no território. Em Paraty, onde a associação se originou, esse processo levou à realização de ações de permanência, com projetos como a Flip, a Biblioteca Casa Azul e o Museu do Território, entre outros.
Patrocínio
A programação da Flip conta com o patrocínio oficial do BNDES, Itaú, Petrobras e apoio do Sesc. É realizada por meio das leis de incentivo à cultura do Governo do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura do Governo Federal.
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Por Ascom / Flip 2015