‘Festivais alternativos são solução da geração’, diz curador do Festival Sangue Novo

Depois do Radioca, mais um festival criado a partir de um programa de rádio e com a proposta de trazer shows de artistas da nova geração da música brasileira estreia neste segundo semestre em Salvador: o Sangue Novo. Com oito horas de programação, o festival acontece neste sábado (29), a partir das 16h, e espera reunir 3 mil pessoas no Museu du Ritmo para assistir às apresentações de Céu, Marcia Castro, Filipe Catto, Vivendo do Ócio e Dão.
Segundo Hagamenon Brito, curador do evento, o Sangue Novo é a consequência natural de três anos observando a audiência e sentindo o crescimento do que ele chama de ‘geração musical da MPB moderna do século 21’. “O festival surgiu vendo como shows desses artistas lotam em Salvador e como é a presença dos fãs nas redes sociais. Esses festivais alternativos são a solução dessa geração que já encontrou a indústria fonográfica tradicional falida, que não precisa esperar alguém que venha dar aval ou ‘botar’ numa gravadora, que não aparece no Faustão ou na grande mídia”, defende o apresentador dos programas de rádio Black Soul e Sangue Novo, na Globo FM, e constata: “No entanto, é uma geração que faz shows constantemente, faz turnês pela Europa e Estados Unidos e que não depende mais do grande mercado para acontecer”.

A cantora Céu é a principal atração do Festival, fechando a noite de apresentações. (Foto: Divulgação)
Em planejamento há mais de um ano, a ideia do Sangue Novo é que ele seja um evento anual, calendarizado na agenda cultural de Salvador, acompanhando o atual movimento de festivais de música do estado e se consolidando como um espaço dessa ‘nova música brasileira’. “Se fizermos um apanhando, eu arrisco dizer que existem 15 festivais acontecendo na capital e no interior esse ano. O Festival Sangue Novo é uma vontade que a gente teve de fazer desde 2014. Conseguimos captar recursos e executar ele agora em 2015”, explica Fernanda Bezerra, organizadora do evento. Realizado com patrocínio da GVT através do FazCultura, o Sangue Novo tem ingressos a preços populares, de R$ 40 e R$ 20, valor da meia-entrada e também do ingresso solidário, que inclui a doação de um livro infantil não-didático. Os livros arrecadados serão doados à Biblioteca do Centro Educacional Santo Antônio (Cesa), em Simões Filho, um dos núcleos de atendimento das Obras Sociais Irmã Dulce, que atende mais de 300 crianças. “É uma ação extra-festival, que mostra a cultura para além do show e gera outras ações de formação, educação e democratização”, destaca Bezerra. Os ingressos estão disponíveis nas lojas Ticketmix e também serão vendidos no local do evento, a partir das 14h.

O cantor Felipe Catto é elogiado pelo curador como ‘o melhor intérprete da sua geração'(Foto: Divulgação)
Das cinco atrações que vão tocar no Museu du Ritmo neste sábado três são “prata da casa”. A escolha dos artistas obedeceu a duas condições principais definidas por Hagamenon: a primeira é que as atrações, além de boas, frequentassem o setlist do programa. Segundo o jornalista, outros nomes até foram indicados, mas acabaram vetados por não se encaixarem no perfil do Sangue Novo. A outra condição foi a influência dos artistas na cena. “A Vivendo do Ócio, dentro do seu segmento, é a principal banda baiana do século 21 de rock’n’roll. É a mais importante da geração. Já Dão é o artista baiano novo que melhor trabalha as influências da Black Music. Ele casa muito bem influências de James Brown e Stevie Wonder com Cassiano, Tim Maia e batidas do afro-baiano. Ele tem esse talento. Tanto que tem uma música dele que deveria tocar na rádio tanto quanto uma música de Daniela Mercury para o Ilê Aiyê ou de Caetano, que se chama ‘Na Batida do Ilê’”, comenta Hagamenon, sem deixar de citar os motivos de também escolher Marcia Castro. “Ela é a artista baiana mais bem sucedida dentro dessa linha. É a cantora que tem mais articulações, capaz de transitar de Gilberto Gil e Caetano Veloso na Pipoca Moderna dela e fazer uma turnê com a lendária argentina Mercedes Sosa ou ter um clipe dirigido por Patrícia Pilar. Ela tem uma inteligência emocional muito grande para captar gente de tantas gerações”, destaca.

Márcia Castro é descrita como ‘artista baiana mais bem sucedida em sua linha’ por Hagamenon Brito
(Foto: Divulgação)
Para Catto e Céu, dois artistas de projeção nacional, Hagamenon também não poupa elogios. “Filipe Catto eu considero o melhor intérprete da geração dele. Ele é maravilhoso, tem um timbre vocal que lembra Ney Matogrosso quando jovem e é muito bom de palco. E Céu é reconhecidamente a mais bem sucedida de todas as artistas femininas dessa geração, tanto que faz duas ou três turnês por ano nos Estados Unidos, o primeiro disco dela vendeu 50 mil cópias só lá, que é um número bom para um brasileiro que canta em português e que não faz nem samba tradicional, nem bossa nova”, enfatiza. Os shows de Céu e Catto terão 1h20 de duração, entanto as atrações locais vão tocar 50 minutos. A grade diversificada atendeu às expectativas do curador de reunir artistas de excelência dentro dos seus segmentos e misturar os estilos para atrair um pouco de cada público. Além da programação musical, o Festival Sangue Novo também terá um desfile da estilista Carol Farias, que contará com dez personalidades culturais da Bahia, e um salão de jogos para quem quiser descansar entre uma apresentação show e outra. “O público jovem tem essa isso. Gosta de ver e participar de várias coisas, como é no dia a dia quando fazem várias coisas ao mesmo tempo”, diz Hagamenon.
Serviço
O QUÊ: Festival Sangue Novo com Céu, Filipe Catto, Marcia Castro, VDO e Dão
QUANDO: Sábado, 29 de agosto, às 16h
ONDE: Museu du Ritmo (Comércio)
QUANTO: R$ 40 e R$ 20 ou R$ 20 + um livro infantil
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Por Bahia Notícias