Greve de aeroviários cancela e atrasa voos em todo o Brasil
Companhias recomendam que passageiros remarquem seus voos, sem taxas. Paralisação durou duas horas nesta manhã
Os aeronautas (pilotos e comissários) e aeroviários (atendentes e funcionários de operações) dos aeroportos mais movimentados do Brasil fizeram uma paralisação de aproximadamente duas horas na manhã desta quarta-feira (3). Eles reivindicam reajuste de 11% nos salários, retroativos a dezembro e que não haja parcelamento no pagamento.
Ao menos 300 voos foram afetados em todo o país, o que corresponde a aproximadamente 10% do total de pousos e decolagens programadas para esta quarta-feira.
A paralisação do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, começou às 4 horas, com os funcionários que entram neste turno. Eles se encontraram no terminal 2, onde acontecem os embarques domésticos. A assessoria de imprensa do aeroporto afirmou que a paralisação começou somente às 6h, mas a concentração de pessoas se iniciou antes.
Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), das 19 decolagens programadas entre as 6h e as 7h30 em Congonhas, 12 foram canceladas e quatro estavam atrasadas. Funcionários fazem um protesto no saguão. A GRU-Airport, que administra o aeroporto de Guarulhos, informou em seu último boletim, atualizado às 8h30, que dos 109 voos programados três foram cancelados e sete decolagens e quatro pousos sofreram atraso.
No aeroporto de Viracopos, na cidade de Campinas, interior paulista, nenhum avião decolou entre as 6h e as 7h30. Ao menos dez voos estão atrasados. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), as empresas aéreas TAM, Gol e Avianca vão flexibilizar as regras para a remarcação de voos, a fim de não prejudicar os passageiros.
No Rio de Janeiro os funcionários protestam nos aeroportos do Galeão, na Ilha do Governador e no Santos Dumont, no Centro da cidade. No Galeão, de acordo com a RIOgaleão, empresa que gere o aeroporto, foram registrados 8 voos atrasados. Não houve cancelamento nos pousos ou decolagens. Já a Infraero informou que no Santos Dumont, até às 8h, apenas dois voos haviam sido cancelados.
Ao todo, a Infraero contabilizou 297 movimentações domésticas entre meia noite e 7h, das quais 40 registraram algum tipo de atraso (13,5% do total) e 42 foram canceladas (14,1%). O aeroporto de Recife concentra o maior número de atrasos (10), enquanto o terminal de Congonhas (São Paulo) foi o principal contribuinte para os cancelamentos (12).
Entre os 36 atrasos em voos domésticos verificados entre 6h e 7h, 10 ocorreram no terminal de Recife, sete em Porto Alegre, seis em Fortaleza, quatro em Congonhas, três em Brasília (DF), dois em Curitiba, um em Campinas (SP) e um em Vitória.
No fim da tarde desta terça-feira, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou que ambas as categorias mantenham 80% do efetivo durante a greve.
A recomendação para os passageiros é que eles entrem em contato com as próprias companhias para checar o status do voo e para que possam tomar alguma atitude.
A paralisação ocorreu nos aeroportos de Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Viracopos, Brasília, Santos Dumont (RJ), Galeão (RJ), Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba e Salvador. A adesão deverá ser de aeroviários (agente de check-in, auxiliar de serviços gerais, mecânicos de aeronaves, agente de bagagem, operador de equipamentos) e aeronautas (pilotos, copilotos, comissários, mecânicos e engenheiros de voo). A expectativa é de que cerca de 300 voos fossem afetados.
Prejuízos
“Estou nervoso. Não consegui despachar as malas, usar o banheiro, nada. Não consigo remarcar o meu voo”, contou o diretor de pós-graduação Rafael Ramos, de 36 anos. Ele tinha voo marcado às 7h25 para Porto Alegre e não conseguiu remarcá-lo. “É um protesto ridículo. Muita gente está sendo prejudicada.”
Já o administrador Fernando Souza, de 50 anos, disse que precisou desmarcar uma reunião importante na empresa que ocorreria às 10 horas, em Porto Alegre. “Ainda não tive nenhuma informação. Desde ontem, o aplicativo nem faz check-in”, disse ele, que viajaria no voo das 7h25 da TAM.
A companhia informou, em nota, que fará o reembolso de voos cancelados, bem como poderá remarcá-los caso o passageiro solicite.
O técnico em Eletrônica Daniel Oliveira, de 30 anos, conseguiu remarcar o voo a Curitiba para às 8h30, mas teme que este seja cancelado. “Eu sairia no das 6h40, mas por enquanto tudo bem. Mas, se esse outro não sair, serei prejudicado”, disse.
O secretário Adolfo Bertoch, de 53 anos, disse que corre risco de ser punido judicialmente por não comparecer a uma audiência no Fórum Trabalhista do Rio de Janeiro, que estava marcada para às 10 horas. “Iria como testemunha em um processo, mas não vou conseguir chegar”, disse ele, que até às 7 horas não tinha conseguido remarcar um voo programado para as 6h30.
Proposta das empresas
O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), que representa as companhias TAM, Gol, Azul e Avianca, informou que apresentou seis propostas aos trabalhadores, mas todas foram recusadas. A entidade argumenta que nos últimos dez anos as companhias aéreas promoveram o reajuste dos salários pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com índices acima da inflação, além de ganhos nas cláusulas sociais. A entidade diz que segue aberta às negociações para evitar transtornos aos passageiros.
O Tribunal Superior do Trabalho determinou que 80% dos trabalhadores do setor aéreo mantenham suas atividades a partir de amanhã e durante o período de carnaval. Em caso de descumprimento da ordem, a multa diária será de R$ 100 mil.
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Por IG