Concussão, o inimigo oculto dos médicos
No fim da tarde de ontem (29), o doutor Jorge Pagura comandou uma das mais importantes mesas do II Simpósio de Educação Continuada da CNMF. Com o tema “Parâmetros para retorno após concussões”, a conversa teve como centro as atitudes que devem ou não ser tomadas pelos profissionais médicos e de arbitragem numa partida de futebol após um trauma desse tipo. Além de Paguar, compuseram a mesa Renato Anghinah e Ricardo Eid, da Federação Paulista de Futebol, José Aderval Aragão, do Confiança-SE, Sergio Corrêa, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, e Manoel Serapião, diretor técnico da ENAF.
Na abertura do módulo, Pagura comentou sobre a diferença da concussão para os outros tipos de lesões que os atletas podem sofrer. Segundo o doutor, há uma compreensão muito maior do público em geral acerca dos riscos de uma lesão no joelho, no braço, do que dos riscos de uma lesão cerebral. Isso faz com que a concussão seja um “inimigo oculto” para o médico. Pagura ainda destacou lances marcantes em que o jogador, mesmo fora de seu estado normal de consciência, impôs a sua vontade e continuou em campo.
O doutor Ricardo Eid recomendou que os médicos evitem a todo custo esse tipo de resolução. De acordo com Eid, o retorno ou não dos jogadores deve ser liberado somente após os testes pós-concussão, mediante apresentação ou não de sintomas, entre outros aspectos do exame computadorizado. Ainda a respeito dos perigos de um jogador sem condições retornar a campo após uma concussão, o doutor Renato Anghinah lembrou que um indivíduo que teve um trauma desse tipo tem oito vezes mais chances de ter uma segunda concussão.
Sergio Corrêa esclareceu dúvidas do doutor Pagura a respeito do que deve ou não fazer um árbitro após uma concussão. Corrêa deixou claro que, em caso de agressão, em primeiro lugar deve vir o atendimento médico, depois as medidas disciplinares. O presidente da Comissão de Arbitragem ainda ressaltou que os médicos devem entrar em campo, mesmo sem autorização do árbitro, se virem um jogador com uma concussão ou algo do tipo. Há, porém, a recomendação de que o médico justifique depois a sua entrada com um relatório. Ainda afirmou que, no caso do atendimento se estender, o árbitro não precisa se limitar aos 3 minutos protocolares. Pelo contrário, tem o dever de autorizar o médico a se manter em campo além desse tempo.
Um dos autores do projeto do Árbitro de Vídeo apresentado à International Board, Manoel Serapião também tirou dúvidas de Pagura. Segundo ele, o vídeo estará lá para ajudar o árbitro em questões técnicas e disciplinares, basicamente, mas não está totalmente destacado do que acontece no jogo. Desta forma, o árbitro de vídeo poderá, em um momento de concussão, se comunicar com o árbitro de jogo e auxiliar o atendimento do atleta.
Na parte final desta sexta-feira, ainda houve duas mesas de debate do II Simpósio de Educação Continuada da CNMF. Coordenada por Roberto Nishmura, da Ponte Preta, uma delas discutiu os Critérios para Avaliação e Prevenção de Lesões nas Categorias de Base. Participaram também Cássio Alves, do Figueirense, Diogo Netto, da CBF, e Márcio Oliveira, do Centro de Excelência da FIFA. Fechando a tarde, o coordenador da Seleção Feminina, Marco Aurélio Cunha, liderou uma discussão sobre a Psicologia no Futebol. Participaram do debate Gustavo Korte, do CETE-UNIFESP, o doutor Luiz Fernando Medeiros, do Botafogo-RJ, e Luciano Marcusse, da Portuguesa-SP.
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Por CBF