Editora paulista investe na literatura da Bahia e lança dois livros

A literatura produzida na Bahia continua a despertar curiosidade e atrair o interesse do público nacional. Atenta a essa tendência, a editora paulista Penalux resolveu investir na publicação de autores baianos. E, neste sábado (11), a partir das 15h30, lança os livros Saramboke e Arresto, dos poetas Elizeu Moreira Paranaguá e Bernardo Almeida, na Cantina da Lua, no Terreiro de Jesus, Pelourinho. “Nos últimos anos, a Penalux buscou uma efetiva aproximação com a terra de Jorge Amado”, afirma Wilson Gorj, sócio da editora.
De acordo com ele, os quase 20 escritores baianos que fazem parte do catálogo recente da Penalux “são autores de destaque na atual cena literária baiana”. Ele diz que a seleção reflete um cuidadoso trabalho de curadoria. “O trabalho árduo e constante de pesquisa resulta em um quadro por meio do qual a editora pode se orgulhar, ao ponto de afirmar que as mais diversas e representativas vozes contemporâneas da Bahia estão sob a chancela da Penalux”, defende Wilson Gorj. Reunidos, representam “um uníssono e lírico brado em prol da literatura brasileira”, ressalta.
Além de Bernardo Almeida e Elizeu Moreira Paranaguá, a Penalux editou os livros de autores como Kátia Borges, Mayrant Gallo, Carlos Barbosa, Eliezer César, Dênisson Padilha Filho, Mariana Paiva, Clarissa Macedo e Flávio VM Costa. Entre os estreantes, Vilma Paes e Paulo Sales. Ao mesmo tempo em que avança na publicação de escritores da Roma Negra, a editora intensifica a atuação no continente africano, onde, este ano, publicará uma das vozes mais representativas da literatura moçambicana, Hirondina Joshua, cuja obra tem texto de apresentação assinado por Mia Couto.
Saramboke – O novo livro de Elizeu Moreira Paranaguá traz uma centena de poemas, dentre os quais se destaca o longo texto homônimo da obra, dividido em 22 cantos, inspirado nas reminiscências da infância do poeta em Castro Alves, onde ele nasceu.
“Todo poeta cria o seu lugar mítico de origem, seja a partir de suas vivências ou de seu sonho”, afirma o professor e membro da Academia de Letras da Bahia (ALB), Aleilton Fonseca.
“Lugares imaginários florescem vez em quando na literatura como uma forma de chamar a atenção do mundo real para si mesmo, ante os vários níveis de leitura que desperta. Da ilha de Lilliput nas viagens de Gulliver de Swift, para outra ilha da Utopia de Thomas Morus”, completa o pesquisador e romancistaKrishnamurti Góes dos Anjos.
O poeta José Inácio Vieira de Melo frisa que “Dom Elizeu Paranaguá, o Conde dos Lajedos, dentro da sua orfandade, adota todos nós e nos convoca ao seu feudo mágico – as páginas metafísicas do Saramboke– para que dancemos à margem de todas as coisas, como deuses”. (Saramboke, 162 páginas, R$ 40)
Arresto – “Um exímio apresentador das coisas grandiosas, dos sentimentos nobres e das paixões mesquinhas. Ao lermos seus versos, temos certeza de que não passaremos impunes ao absurdo da condição humana”, sintetiza Arresto a filósofa e escritora paulistana, Márcia Barbieri, para quem o poeta não cai na facilidade do hermetismo gratuito ou das figuras belas e inoperantes.
Concordando com o pensamento da conterrânea, o educador e contista Fernando Rocha avisa que Arresto é “um livro para ser lido em voz alta, sentindo o som emitido pela própria boca a nos conduzir a um tribunal kafkiano”. Dentro dele, avisa, o barulho da voz do leitor se torna juiz. “Os versos-labirinto de Arresto são páginas de um processo movido contra nós”, diz.
Para o escritor, professor universitário e crítico pernambucano, Alexandre Furtado, “Arresto comunica do humano, demasiadamente humano, e, às vezes, rumora nas entrelinhas algo como: aqui estamos todos imersos em uma brevidade absurda, talvez, sem grandes explicações e saídas”. Assim, Furtado arremata: “como espanto que fisga o olhar, e por isso a suspeita, vem finalmente a palavra Arresto, sugerindo mais que um simples confisco, a captura da beleza”. (Arresto, 130 páginas, R$ 35)
Elizeu Moreira Paranaguá – Nascido em 1963, ele é natural de Castro Alves (BA). Poeta, escultor, roteirista, livre pensador e produtor cultural. Estudou filosofia, religião, astrologia e política. Fez teatro e teste no Esporte Clube Bahia para ser jogador profissional. Publicou os livros “Poema Terra Castro Alves” (Editoração CEPA – 1992), “O Fogo do Invisível” (Selo Editorial Letras da Bahia – 2006) e “Silêncio da Pedra do Caos” (Editora Multifoco – 2013).
Bernardo Almeida – Nasceu em Salvador (BA), em 1981. É escritor, jornalista, artista digital e roteirista. Participou de dezenas de coletâneas e antologias. Publicou os livros Achados e Perdidos (poesia/2005), Crimes Noturnos (poesia/2006), Enquanto espero o amanhã passar (poesia/2009), Sem um país para chamar de pátria, sem um lugar para chamar de lar (poesia/2009), LONA (poesia/2011), O Vencedor está morto (contos/2013) e Viagem de balde (conto/2015). Tem poemas traduzidos e publicados na França e Croácia.
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Por Bahia Já