Nas histórias de brasileiros, encontre a motivação para parar de fumar
Dia Nacional de Combate ao Fumo é celebrado na quarta (29). SUS oferece tratamento gratuito e auxílio médico para aqueles que desejam largar o cigarro
Em boa parte da sua vida, o pensionista José Nilo Monção, 62 anos, fez parte da multidão de brasileiros que tentavam e não conseguiam deixar para trás o hábito de fumar. De tanto acompanhar notícias sobre os males do tabagismo, ele conseguiu se livrar do vício com ajuda dos tratamentos e acompanhamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Por dois meses, ele usou os serviços do SUS para conseguir parar com o hábito, que o perseguia há quase quatro décadas. “Já vinha diminuindo a quantidade de cigarros. Quando o tratamento acabou, me senti outra pessoa, com outro aspecto físico. O sono ficou melhor, a respiração é bem melhor e a alimentação também melhorou”, afirmou.
José Nilo chegou a fazer parte de uma estatística triste. Em 1989, ele engrossava os 35% da população brasileira fumante. Hoje, com o aumento da informação, a quantidade de tratamentos disponíveis e diversas campanhas, o percentual diminuiu de forma considerável: são 10,1% dos brasileiros que fumam.
Para diminuir ainda mais este índice, celebra-se nesta quarta-feira (29) o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Presente em derivados do tabaco, não apenas cigarro, bem como em charutos, cachimbos, cigarros de palha, fumo de rolo ou narguilé, a nicotina causa dependência, sendo considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Rede pública
Fumantes que desejarem podem se tratar gratuitamente pela rede pública em todos os estados do País. “No Brasil, temos tratamento gratuito na rede SUS, e o interessado pode procurar uma unidade de saúde perto de casa”, afirmou a psicóloga Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Ela explica que o tratamento consiste do acompanhamento médico especializado e da terapia de reposição de nicotina com adesivos, distribuídos gratuitamente, ou do uso de medicamentos, caso necessário. Mais de 70% dos brasileiros que procuram o auxílio da rede pública possuem entre 18 e 60 anos — mas nunca é tarde para parar.
Dificuldades
Um ponto convergente para os que querem e os que conseguiram parar com o tabagismo é a dificuldade para superar o vicio. José Nilo fumou a maior parte de sua vida, e sentiu na pele os desafios de parar de fumar. “No início, até sonhava com o cigarro – com as carteiras voando sobre mim (…) Não é fácil”, afirmou.
O vício pode causar inúmeros danos ao sistema respiratório e cardiovascular não apenas do fumante, mas também daqueles ao seu redor — de acordo com o Inca, a fumaça do cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas distintas. Dentre os problemas mais comuns, estão os cânceres de pulmão e esôfago, acidente vascular cerebral (AVC), pneumonia, infarto e doença pulmonar obstrutiva crônica, como enfisema e asma.
“Voar era um martírio”
Por conta própria, a advogada Andrea Freire do Nascimento, 37 anos, pôs fim ao vício há seis anos, e chegou a sentir no cotidiano as dificuldades que viam com o prazer do cigarro. “Não gostava de ir ao cinema, voos internacionais eram um martírio […] O cigarro é […] uma muleta para muitas coisas”, disse. Embora a vontade de voltar a fumar seja grande, e talvez nunca desapareça, Andrea vê em seu caso de superação, um motivo para continuar longe do tabaco.
“Hoje, seis anos e poucos depois de parar de fumar, ainda sinto vontade. Mas hoje me sinto muito forte por ter conseguido vencer essa batalha que é muito árdua”, comemorou.
Por Brasil.gov